quarta-feira, 12 de julho de 2017

GEORGE HARRISON - WHILE MY GUITAR GENTLY WEEPS

"While My Guitar Gently Weeps" é uma canção dos Beatles composta por George Harrison e aparece no álbum The Beatles - Álbum Branco de 1968. De acordo com Harrison, a inspiração para a música veio da leitura do "I Ching", e foi baseada no conceito de que tudo é relativo, em oposição ao conceito de que tudo é mera coincidência.
Tendo esta ideia do relativismo na casa de seus pais, em Liverpool, durante um período de férias, Harrison começou a escrever uma música com base nas primeiras palavras que ele viu após abrir o livro aleatoriamente. Essas primeiras palavras foram "gently weeps" (suavemente chora). Então, imediatamente, começou a canção. A letra é simples, com basicamente conselhos de vida, sempre seguidos da frase "Enquanto minha guitarra chora suavemente." Muitos fãs acreditam que exista uma pista sobre a "Lenda da morte de Paul McCartney", e que no final os gemidos de George são lamentações pela perda do amigo. Segundo George Martin, John Lennon e Paul McCartney subestimaram a música, que depois se tornaria um clássico. Eles a gravaram no dia 16 de agosto com mais de 14 takes, alguns acústicos e nenhum agradou George. Ele dizia que John e Paul tocaram com muito desânimo e desdém "Eles não levaram o trabalho a sério e acredito que nem se esforçaram para tocá-la direito." Mas sua forma de revolta não poderia ser mais criativa: Eric Clapton conta que Harrison falava da música e de repente disse que "ele bem que poderia participar do disco" ao que Clapton respondeu: "Os outros Beatles não iriam gostar!" e George subitamente respondeu: "Não tem nada a ver com eles, a música é minha."

No outro dia, lá estava Clapton no estúdio com sua Gibson Les Paul, fazendo o solo da "guitarra que chora". Segundo Harrison: "A presença de Clapton no estúdio serviu para desanuviar as tensões entre o grupo e eles tiveram uma melhora em seu comportamento durante sua presença". Ringo Starr completou: "Foram dias memoráveis, Eric era muito divertido". Porém alguns tem dúvidas de que o solo usado no disco não foi o que Clapton gravou apenas pelo fato do trabalho seguinte, o "Abbey Road", ter um estilo semelhante tocado por George (possivelmente por influência do amigo). Harrison disse sobre o solo: "… Então Eric tocou, e eu achei que ficou realmente bom. Ouvimos e ele disse ‘tem um problema, não está Beatle o bastante.’ Então colocamos o ADT (automatic double-track) para incrementar um pouco". A versão acústica está no disco Anthology 3 e no retrabalho LOVE, com arranjo orquestrado por George Martin. Na gravação riginal dos Beatles participaram: George Harrison – vocal (double tracking), vocal de apoio, guitarra base, órgão Hammond; John Lennon – guitarra; Paul McCartney – vocal de apoio, piano, órgão, baixo de 6 cordas; Ringo Starr – bateria, tamborim; Eric Clapton – guitarra solo.
"While My Guitar Gently Weeps" é a 2ª canção de George Harrison mais regravada por outros artistas, só perdendo para “Something”. Aqui, a gente confere alguns artistas que já tiraram uma casquinha do clássico do Velho George: Jake Shimabukuro, Vinnie Moore, Peter Frampton, Russ Freeman, The Jeff Healey Band, Kenny Lattimore, Phish, Kenny Rankin, The Rippingtons, The Punkles, Spineshank, Joe Louis Walker, The Muppets, Les Fradkin, Toto, Eric Roche, Damon and Naomi, Rick Wakeman, Todd Rundgren, M.O.P. , Wu-Tang Clan,Martin Luther McCoy, Doyle Dykes, The Grey Album - DJ Danger Mouse's, Marc Ribot, Lemon Demon, Nan Vernon, Jimmy Ponder, Derek Webb, Powderfinger, Dante Leon, Hank Marvin, Carlos Santana, Girl In A Coma, Lisa Marie Presley, entre outros menos cotados.
Para finalizar, a gente confere agora um trecho do livro de Michael Schumacher "Crossroads: a Vida e a Música de Eric Clapton" de 1995.
Clapton descansou muito pouco durante o breve hiato do Cream na estrada. Ele aprofundou a sua amizade com George Harrison, e dessa associação saíram alguns projetos, o mais notável sendo o trabalho que fez para o White Álbum dos Beatles. Harrison e Clapton tinham se conhecido quase quatro anos antes, quando os Yardbirds tocaram na festa de Natal dos Beatles em 1964. Conversando sobre música, os dois descobriram que tinham preferências musicais diversas, com Harrison preferindo o rockabilly americano e Clapton o blues americano. Houve o constrangimento normal que ocorre quando membros de bandas concorrentes se reúnem, mas estes sentimentos foram superados pela forte identificação mútua. Clapton acreditava que o talento de Harrison estava sendo sufocado nos Beatles, onde John Lennon e Paul McCartney estavam sempre à frente, e ele tentou encorajar Harrison a dar um passo à frente na banda. Os dois se viram ocasionalmente nos anos seguintes: os compromissos com suas respectivas bandas impediram que a amizade se desenvolvesse mais. Então, no final de 1967, Harrison entrou em contato com Clapton para um projeto fora dos Beatles — a trilha sonora do filme Wonderwall, de Joe Massot. A música tinha um som com influência oriental devido à visita dos Beatles à índia e Harrison procurava um som ocidental para fazer contraponto à cítara, sarod, tabla e tambura. Clapton — que aparece nos créditos do disco como Eddie Clayton—visitou os estúdios de Abbey Road e gravou passagens de blues na guitarra para algumas músicas de Harrison, dessa maneira começando uma atividade suplementar em trilhas sonoras que ele manteria, alternadamente, pelos próximos 25 anos. Com a fundação da Apple, sua gravadora, os Beatles estavam se diversificando para produzir discos de outros artistas e, com a sua reputação e ligações, não era preciso muito esforço para agrupar um elenco importante de músicos de estúdio para qualquer projeto. Para o disco de Jackie Lomax produzido por George Harrison, Clapton entrou no estúdio com uma banda provisória que tinha ele e Harrison na guitarra, Klaus Vorman no baixo, Nicky Hopkins no piano e Ringo Starr na bateria. Após meses de performances livres no palco, a descontraída e agradável atmosfera do estúdio, nessas gravações, foi uma mudança bem-vinda em relação à competição no palco e às brigas fora dele. Naquele mesmo mês, Clapton gravou quatro canções como guitarrista de estúdio para seu amigo Mike Vernon, que estava produzindo um disco para a cantora de blues Martha Velez, usando uma formação de estúdio que incluía Jack Bruce, Christine McVie, Mitch Mitchell, Jim Capaldi e Brian Auger. De todas as sessões de trabalho de estúdio de Clapton, nenhuma igualaria o reconhecimento que recebeu pelo tempo que passou no estúdio número 2 de Abbey Road no dia 6 de setembro, quando se uniu aos Beatles para gravar o memorável solo de guitarra na música de George Harrison, While My Guitar Gently Weeps. A princípio, Clapton hesitou em aceitar o convite de Harrison para tocar na faixa. Ninguém, ele observou a Harrison, jamais participou como músico convidado de um disco dos Beatles. "Ele queria que eu tocasse guitarra na faixa porque não podia fazê-lo do jeito que gostaria de escutar", relembrou Clapton, fazendo questão de dizer que não concordava com os receios de Harrison sobre a sua própria habilidade na guitarra. "Eu achava que ele devia ter tocado guitarra na música", prosseguiu Clapton, "mas foi ótimo para mim fazer aquilo. Concordamos que eu não seria pago e nem meu nome apareceria." Harrison tem as suas próprias e nítidas lembranças dessa sessão histórica. Segundo Harrison, os outros três Beatles não ligavam para a canção, mas a participação de Clapton mudou a opinião deles. O solo, um dos melhores a abrilhantar um disco dos Beatles, era maravilhosamente expressivo — uma combinação perfeita com a letra e a melodia melancólicas de Harrison. Mesmo assim, Clapton ficou apreensivo com a maneira em que funcionou para a banda. "Nós escutamos", lembrou Harrison, "e ele disse: 'Ah, existe um problema, não está suficientemente Beatle.' Então passamos a fita pela máquina duplicadora para dar um pouco mais de tremolo." Apesar da ideia de não colocá-lo nos créditos do álbum, a participação de Clapton na música se tornou um dos mais mal guardados segredos da indústria musical. Havia fãs dos Beatles que tinham obsessão em saber os mínimos detalhes da gravação de cada música e não foi difícil para eles descobrir que o famoso instrumentista do Cream emprestara o seu talento para uma das canções mais formidáveis do White Álbum ou para descobrir que a sua paixão por doces havia sido a inspiração para Savoy Truffle, outra música de Harrison no álbum. A amizade Clapton-Harrison ajudaria a estimular um trabalho valioso por parte dos dois músicos nos anos seguintes. Também levaria Clapton a alguns dos altos e baixos de sua vida, começando quando Harrison o apresentou à sua mulher, colocando em ação uma sequência de eventos que os dois homens foram essencialmente incapazes de alterar.

5 comentários:

Edu disse...

Demais! Mágica pura!

Valdir Junior disse...

Assino em baixo, Edu. Obra prima do "Velho" George.

Valdir Junior disse...

Alias...Adorei A Capa do Baú, Edu. Ficou demais. "O Baú Branco" Rrsrsr.

brasileiro disse...

Uma das minhas músicas favoritas. Simplesmente encantadora.

Joelma disse...

Maravilhosa. Uma obra prima dos Beatles porque tem dedo dos outros né?
Eu acho a carreira do George excelente gosto muito das músicas dele talvez mais do que dos outros