terça-feira, 22 de agosto de 2017

HENRY GROSSMAN - BEATLES PHOTOGRAPHER

“Eles adoravam tudo que fosse novidade, como skates e karts”. Diz o fotógrafo que conviveu com os Beatles entre 1964 e 1969, que lançou em 2013 “Places I remember: My Time With the Beatles” (Lugares de que me lembro: meu tempo com os Beatles).

Henry Grossman realizou o sonho de qualquer beatlemaníaco. Nos anos em que os acompanhou, fez mais de 6000 imagens dos quatros rostos mais famosos do planeta. Uma nova seleção destas fotos está à venda em edição limitada, numerada e assinada pelo fotógrafo.

Grossman nasceu na cidade de Nova York e aprendeu o ofício com o pai que fotografou personalidades como Gandhi, Einstein, Mussolini, e descobriu os elementos-chave do retrato clássico – especialmente a interação entre a luz e sombra.

Trabalhou para a revista Life, The New York Times, Time, Newsweek, Paris-Match entre outros. Por suas lentes passaram figuras políticas (os três irmãos Kennedy, Lyndon Johnson, Richard Nixon), pintores, escultores e escritores (Alexander Calder, Kurt Vonnegut, Vladimir Nabokov) e, especialmente artistas (Elizabeth Taylor, Richard Burton, Martha Graham, Nureyev, Leonard Bernstein, Luciano Pavarotti, Plácido Domingos, Barbra Streisand, Thelonious Monk).

Grossman diz que conseguiu fotografar tão intimamente aos Beatles, porque após um longo período de convivência, os quatro se acostumaram com sua presença. Cobriu a primeira aparição dos meninos de Liverpool no “Ed Sullivan Show”, acompanhou as filmagens do filme “Help”, documentou uma noite de gravação do álbum “Sgt. Pepper’s” nos estúdios de Abbey Road e ainda freqüentou as casas de todos para fotografá-los informalmente com seus amigos e famílias.

Entre os anos de 1964 e 1969, Grossman teve acesso exclusivo à intimidade dos Beatles. Depois de conhecê-los nos nos bastidores do célebre show de Ed Sullivan, tornou-se amigo dos Fabs e contratado para retratar os bastidores de “Help!”. Daí em diante, não parou de retratá-los. Em casa, com família e amigos, no estúdio, tomando café da manhã, jogando pôquer, descansando na piscina, dormindo ou fazendo nada.

Um pouco mais velho que John, Paul, George e Ringo, Grossman gostava mais deles do que de sua música. “Eu não entendia de rock, preferia música clássica”, diz ele. “Talvez isso tenha ajudado a criar um vínculo – por que os Beatles precisariam de mais um puxa-saco repetindo que eles eram gênios?”.

Foram mais de 6 mil fotografias dos Beatles, a grande maioria descartadas – até agora. Grossman acaba de lançar um livro de 528 páginas, chamado “Places I remember: My Time With the Beatles” (Lugares de que me lembro: meu tempo com os Beatles). É um calhamaço que pesa 6 quilos e custa 495 dólares (a cópia autografada sai por 795).

“Eles estavam acostumados a me ver com a câmera, documentando tudo o que acontecia ao redor”, conta. “Mais do que qualquer coisa, eu me tornei um amigo. Então, quando ia fotografar, ninguém pensava duas vezes. Ninguém se importava. Não era visto como invasivo”.

As fotos são de uma era anterior à nossa, em que popstars e celebridades de segunda linha fazem poses ridículas para revistas idiotas, 'abrindo' suas casas de maneira falsa e patética. Para quem gosta de retratos, é uma aula. Para quem gosta dos Beatles, é mais um motivo para folhear, colocar tudo de novo para tocar e lembrar que eles, antes de qualquer coisa, foram quatro jovens amigos que se divertiram muito na companhia uns dos outros – enquanto trabalhavam, ficavam ricos e se tornavam, ainda sem saber ao certo, a maior banda de todos os tempos.