terça-feira, 31 de março de 2020

THE BEATLES - THE FOOL ON THE HILL - SENSACIONAL!✶✶✶✶✶✶✶✶✶✶


Hoje bem cedinho, quase como sempre me é de costume – (quando não está chovendo) - antes do sol nascer, eu já estava lá na minha pequena colina do meu pequeno mundo solitário (sem desejar ninguém por perto), vendo aquilo tudo girar à minha maneira e pronto e concentrado para mais uma sessão de incontáveis vezes seguidas de "The Fool on The Hill", do fantástico álbum Magical Mystery Tour, dos fabulosos Beatles, que desde os tempos que era menino, sempre foi uma das que mais me encantou de todo aquele universo (naquela época, no LP Beatles Forever – que era a única coisa dos Beatles que tinha na casa dos meus pais). Headphones na cabeça, um cigarro sempre aceso numa mão e uma latinha sempre na outra, ia começar o show! O sol nasceu radiante como há muitos dias já não via, parecia até feliz. E eu também! Na musiquinha de quase 3 minutos que tocava repetidamente de propósito, Paul McCartney brincava com sua voz do jeito que queria. Em certo ponto, me emocionei muito e chorei copiosamente em agradecimento ao criador por me proporcionar momentos como aqueles. Depois de umas 30 vezes ouvindo “The Fool on The Hill" (a versão do álbum - CD - remasterizado de 2009), fui embora feliz e satisfeito, algo que não me é muito peculiar (ainda mais nesses dias!). Só que ainda tinha que editar finalmente essa postagem, que já estava basicamente pronta e só faltava este textinho e esta foto. Vamo lá?
“Dia após dia, sempre sozinho, o homem com um sorriso tolo permanece imóvel. Ninguém quer saber dele. Acham que é apenas um tolo, que nunca responde nada. Mas ele vê o sol se pôr, e seus olhos vêem o mundo girar. Do seu jeito, com a cabeça nas nuvens, o homem das mil vozes fala claramente, mas ninguém nunca ouve. Ele não se importa. Mas ele, o tolo na colina vê o sol se pôr e seus olhos vêem o mundo girar. E ninguém gosta dele, acham que sabem o que ele quer, mas ele nunca mostra seus sentimentos. Só que ele, o tolo na colina vê o sol se pôr e seus olhos vêem o mundo girar. Ele sabe que são eles os tolos. Mas ele, vê o sol se pôr e seus olhos vêem o mundo girar, girar, girar e girar!”. (Tradução livre do Baú do Edu).
Ás vezes (quase sempre!), fico achando que talvez, muita gente ainda não entenda até hoje, mais de 50 anos depois, a beleza e os encantos da singela e doce “The Fool On The Hill”, uma vez que eu mesmo, um tolo, a cada vez que ouço (e que não são poucas), descubro tantas coisas novas que nunca tinha percebido antes... Nesses quase 12  desse blog“The Fool On The Hill” nunca apareceu aqui recebendo a devida atenção, o cuidado e o carinho que ela merece! Hoje, espero consertar esse erro.

Paul McCartney começou a trabalhar em “The Fool On The Hill” em março de 1967, enquanto estava compondo "With A Little Help From My Friends", e só gravaria a música em setembro daquele ano – já depois de Sgt. Pepper’s.
O biógrafo Hunter Davies diz que “observou Paul cantando e tocando uma música bonita e muito lenta sobre um homem tolo sentado na colina", enquanto John ouvia olhando inexpressivamente pela janela para a Cavendish Avenue. Paul cantou muitas vezes, substituindo por "la-la" as palavras que ainda não tinha resolvido. Quando terminou, Lennon teria dito que era melhor ele escrever a letra para não esquecer. Paul respondeu que não iria esquecer". Para estudiosos, como Davies e Steve Turner, a música é sobre alguém que todos consideram um tolo, mas que, na verdade, é um visionário incompreendido.
Steve Turner diz: “Quando escreveu sobre um tolo na colina, provavelmente, Paul estava pensando em gurus, como o famoso Maharishi Mahesh Yogi, que ainda não havia conhecido na época, ou em um ermitão italiano sobre quem leu algo certa vez, e que surgiu de uma caverna no final dos anos 1940, descobrindo havia perdido a Segunda Guerra Mundial inteira”.

Alistair Taylor (aquele mesmo de “Hello Goodbye”) relatou em seu livro “Yesterday” uma experiência que, dizem, con­tribuiu com a imagem do tolo parado na colina criada por Paul. Em Magical Mystery Tour, "The Fool On The Hill" aparece em uma sequência em que Paul McCartney contempla Nice, na França, do alto de uma colina.
Taylor dizia que se recordava de uma caminhada que fez com Paul e a cadela Martha numa manhã em Primrose Hill (um morro de 78 metros localizado na parte norte do Regent's Park, ao norte de Londres). Eles viram o sol nascer antes de perceberem que Martha tinha desaparecido. "Nós nos viramos para ir embora, e, de repente, ele estava atrás de nós. Era um homem de meia-idade, nada de mais, você pode pensar, mas ele surgiu atrás de nós do topo da colina em silêncio absoluto". Tanto Paul quanto Taylor estavam certos de que ele não estava lá segundos antes porque estavam vasculhando a área à procura da cachorra. Ele parecia ter surgido do nada. Os três trocaram cumprimentos, o homem comentou algo sobre a paisagem e foi embora. Quando olharam em volta, ele tinha desaparecido. "Não havia sinal dele. Ele sumiu do topo da colina como se tivesse sido levado pelo vento! Ninguém poderia ter corrido para se esconder atrás das árvores mais próximas, que eram tão finas, no tempo em que viramos as costas, e ninguém conseguiria ter corrido para o outro lado da colina", diz Taylor.
O que atiçava o mistério era que logo antes de o homem surgir, Paul e Taylor, entusiasmados com a linda vista de Londres e com o nascer do sol, estavam divagando sobre a existência de Deus"Paul e eu tivemos a mesma sensação estranha de que algo especial tinha acon­tecido. Sentamos no banco um pouco trémulos, e Paul disse 'o que você acha que foi isso? Que estranho. Ele estava aqui, não estava? Nós falamos com ele?' De volta a Cavendish, passamos o resto da manhã falando sobre o que vimos, ouvimos e sentimos. Parece uma fantasia provocada pelo ácido dizer que tivemos uma experiência religiosa em Primrose Hill naquela manhã, mas nenhum de nós tinha tomado nada. Uísque e coca-cola foram as únicas coisas em que tocamos na noite anterior. Nós dois sentimos que tínhamos vivenciado uma experiência mística, mas nenhum dos dois quis nomear, nem mesmo para o outro, o que ou quem vimos no topo da colina naqueles breves segundos".
No dia 6 de setembro de 1967, Paul McCartney gravou uma demo solo de “The Fool On The Hill”, em uma única tomada. Ele tocou piano e cantou, sem outros Beatles. Esta demo apareceu mais tarde no álbum Anthology 2 (faixa 15 – disco 2 – Mono). A gravação com o grupo completo começou em 25 de setembro. Os Beatles gravaram três tomadas da pista rítmica, depois adicionaram uma variedade de overdubs no take três. No final da sessão, “The Fool On The Hill” apresentava dois pianos, bateria, violão, gravadores e vocais principais. Esse trabalho em andamento também pode ser ouvido no mesmo Anthology 2, de 1996 (faixa 17 do disco 2 - take 4). No dia seguinte, 26 de setembro, voltaram à labuta.
Os retoques finais em “The Fool On The Hill” foram gravados em 20 de outubro de 1967. Três flautistas contratados acrescentaram sua contribuição, pontuadas por George Martin e inspecionadas por Paul McCartney. “The Fool On The Hill” foi gravada nos estúdios da EMI, em Abbey Road entre os dias  6 , 25 e 26 de setembro e 20 de outubro de 1967. Foi produzida por George Martin, claro, tendo Ken Scott como engenheiro de som. Participam Paul McCartney, que faz os belíssimos vocais, toca piano, violão e baixo; John Lennon, que toca gaita (ora vejam só!), e harpa; George Harrison que toca violão e também gaita; e Ringo Starr que toca sua bateria, maracas e pandeiro. Christopher Taylor, Richard Taylor e Jack Ellory tocam as flautas.
Como já dito, “The Fool On The Hill” aparece nas incríveis versões dos álbuns Magical Mystery Tour (1967), na emocionante versão lançada no Anthology 2, faixa 17 do disco 2 - take 4 (1996), e na sensacional e inacreditável versão lançada no álbum “love”, de 2006, como faixa bônus do iTunes que, pela primeira vez, a gente tem o prazer de conferir aqui no Baú. Esta faixa inclui cítara de "Sea of ​​Holes", piano de "Dear Prudence", vocais e buzinas de "Mother Nature's Son" e bateria de "Maxwell's Silver Hammer". E é isso! Espero que tenham gostado como eu gostei de fazer. Aquele abração de pensamento, até!

3 comentários:

João Rampazzo disse...

Uma das melhores letras com requinte, bem elaborada melodia incrível e eclética pode ser adaptada para vários estilos..

roque22 disse...

O erro foi concertado. Excelente postagem. Divina canção!

Edu disse...

Como "Penny Lane" já tinha sido lançada no single duplo lado A com "Strawberry Fields", "The Fool On The Hill" e "Your Mother Should Know", além da colaboração na faixa título, foram as grandes contribuições de Paul McCartney para o álbum com a trilha sonora que acabou fazendo muito mais sucesso do que a fita.