quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

THE BEATLES ► JOHN LENNON ► STRAWBERRY FIELDS FOREVER *****


Há 53 anos, no dia 30 de janeiro de 1967, os Beatles filmaram o clip de “Strawberry Fields Forever” no Knole Park em Sevenoaks, Kentno sudeste da Inglaterra. Strawberry Fields Forever e Penny Lane, uma de John Lennon, outra de Paul McCartney, eram o prenúncio de algo extraordinário que estava em gestação: o álbum Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band, lançado em 1º de junho daquele ano. Essas dua músicas são reminiscências da infância em Liverpool. Os Beatles fazem a música nova do presente falando do passado. Strawberry Fields Forever, foi composta por John Lennon a partir das lembranças que ele tinha de um orfanato do Exército da Salvação. O registro inicial não indicava que a canção pudesse se transformar num dos pontos altos da discografia do grupo e num marco indiscutível do rock psicodélico. Os diversos registros confirmam que a canção cresceu no estúdio, enquanto era gravada. E, aí, temos que somar a melodia enigmática de John ao arranjo deslumbrante de George Martin.
Viver é fácil, se você fechar os olhos. No outono de 1966, John Lennon foi para a Espanha filmar o papel do soldado Grippweed no filme “How I Won The War”, de Richard Lester, no Brasil – “Como Ganhei a Guerra”. Foi o primeiro Beatle a realizar um trabalho sem os outros.

Entre as cenas na praia de Almeria, ele começou a compor “Strawberry Fields Forever”, uma música concebida para ser um blues arrastado. A canção começou com o que viria a ser o segundo verso da versão gravada. Era uma reflexão sobre a convicção de que desde a infância ele sempre fora, de alguma forma, diferente dos demais, de que via e sentia coisas que os outros não viam ou sentiam. Na versão mais antiga de suas fitas na Espanha, ele começa com: “No one is on my wavelenght”, para depois mudar a frase para “No one i think is in my tree”, aparentemente para disfarçar o que poderia ser visto como arrogância. Ele estava dizendo que acreditava que ninguém conseguia se sintonizar com sua forma de pensar e que, então, devia ser ou um gênio (“high”) ou louco (“low” ?). “Eu pareço ver as coisas de uma maneira diferente das pessoas”.
Foi apenas no take 4 da fita de composição que ele fala dos Strawberry (sem o “forever”) e, no take 5, acrescentou a frase “nothing to get mad about”, que depois foi alterada para “nothing to get hung about”. Ele já estava usando um modo deliberadamente hesitante – “er”, “that is”, “I mean”, “I think” – para reforçar que essa era uma tentativa de articular conceitos que não podem ser colocados em palavras. Ao retornar à Inglaterra, John trabalhou na música em Kenwood, onde o verso final foi incluído. Foi só no estúdio que ele a terminou, acrescentando o verso de abertura.Resultado de imagem para strawberry fields forever - O BAÚ DO EDU
Na versão completa, um lugar é criado para representar um estado da mente. Strawberry Field (John acrescentou depois o “s”) era um orfanato do Exército da Salvação na Beaconsfield Road em Woolton, a cinco minutos de caminhada de sua casa em Menlove Avenue. Era uma enorme construção vitoriana em um terreno arborizado aonde o jovem Lennon ia com sua tia Mimi para os festivais de verão, mas também um lugar onde ele entrava sorrateiramente a noite e nos fins de semana com amigos como Pete Shotton e Ivan Vaughan para fumarem e beberem escondidos. 
Strawberry Field era o playground do jovem John Lennon. Essas visitas ilícitas eram para John como as fugas de Alice pela toca do coelho e através do espelho. Ele sentia estar entrando em outro mundo, um universo que era mais próximo do seu mundo interior, e na vida adulta ele associaria esses momentos de alegria com sua infância perdida e também com uma sensação de psicodelismo, neste caso sem drogas. Na entrevista de 1980 para a Playboy , John declarou que “entrava em alfa” quando criança e via “imagens alucinatórias” de seu rosto quando se olhava no espelho. Ele disse que foi só quando descobriu o trabalho dos surrealistas que percebeu que não era louco, que não era o “único”, e sim membro de “um clube exclusivo que vê o mundo desse jeito”. “Strawberry Fields Forever” foi a primeira gravação do que viria logo em seguida o magnífico SGT. PEPPER’S, a segunda foi Penny Lane.
Estranhamente (ou não), o single “Strawberry Fields Forever” / “Penny Lane” não foi imediatamente para o primeiro lugar, como era costume há vários anos. Segundo Mark Lewisohn, o maior historiador da carreira dos Beatles, George Martin e seus asseclas, tentaram, gravaram e registraram mais de 100 vezes a canção de Lennon, que, em sua última conversa com Martin, disse que nunca ficou satisfeito com o resultado final e que se ressentia com a forma que a gravação final da música foi feita de forma tão apressada.
Strawberry Fields Forever e Penny Lane se completam em suas diferenças. São tão belas que formam um compacto sem lado B. Na época, a canção de Lennon provocou uma certa estranheza em alguns ouvintes, o que não ocorreu com a de McCartney. A passagem do tempo as fez igualmente poderosas. Com todos os significados que encerram, Strawberry Fields Forever e Penny Lane continuam fascinantes!

2 comentários:

roque22 disse...

Ambas maravilhosas!

Rampazzo Johnny disse...

As duas fantásticas, apesar de SF estar em outro patamar todos os pontos da música se encaixam numa viagem musical fantástica.. Não entendo o descaso q o John fez com a gravação kkkkk coisas de john