quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

BED PEACE - STARRING JOHN LENNON & YOKO ONO


Há quase 50 anos, John Lennon e Yoko Ono, literalmente, fizeram a fama ao deitar na cama. Os dois casaram-se em 20 de março de 1969, e aproveitando o grande interesse da imprensa decidiram usar a publicidade para promover a paz mundial. Passaram a lua de mel no quarto 702 no Hotel Hilton de Amsterdã por uma semana entre dia 25 e 31 de março, convidando a imprensa mundial para entrar no quarto entre as 9 horas da manhã e 9 da noite. Depois do lançamento do álbum Two Virgins, onde ambos apareceram nus na capa, a imprensa esperava que eles fossem fazer sexo publicamente, mas ao invés disto eles ficaram sentados na cama falando sobre paz. Depois de sete dias, eles viajaram para Viena, Áustria, onde fizeram a uma conferência para a imprensa chamada de Bagism, comendo bolo de chocolate enquanto estavam dentro de um saco branco. O casamento, o primeiro Bed-in e a conferência em Viena foram mencionados na música "The Ballad of John and Yoko", lançada como single pelos Beatles. O segundo Bed-in tinha sido planejado para acontecer em Nova Iorque, mas John Lennon foi proibido de entrar no país por ter-se declarado a favor do uso de maconha em 1968. Eles viajaram então para as Bahamas no dia 24 de maio de 1969, hospedando-se no Hotel Sheraton Oceanus, mas após uma noite quente de 30 °C (ou 86 °F), eles decidiram mudar o segundo Bed-in para Toronto, Canadá. Finalmente, viajaram para Montreal no dia 26 de maio, onde se hospedaram no quarto 1742 do Hotel Queen Elizabeth. Ao longo de uma semana, o casal recebeu o guru do LSD, Timothy Leary, a cantora britânica Petula Clark, o comediante Tommy Smothers, Dick Gregory (ativista pela causa negra), Jacques Larue-Langlois (defensor da separação de Quebec do Canadá) e devotos do templo Hare Krishna. Parte desse time se juntou em coro para gravar o hino "Give Peace a Chance", em 1° de junho. A faixa alcançou a 14ª posição da Billboard. Por lá também apareceu o cartunista Al Capp um mala, diga-se, visto como liberal e com uma indicação ao prêmio Nobel de Literatura por John Steinbeck (autor de As Vinhas da Ira) - mas que, nos anos 1960, deu uma guinada à direita e provocou a ira de vários ativistas anti-guerra, como a cantora Joan Baez, então parceira de Bob Dylan. Na visita, Al Capp chega, despeja inúmeros insultos contra o casal e pede que Lennon dê explicações a respeito da letra de "The Ballad of John and Yoko", principalmente os versos sobre crucificação (em português: "Cristo, você sabe que não é fácil / Você sabe o quanto pode ser difícil / Do jeito em que as coisas vão / Eles vão me crucificarão"). Em dezembro de 1969, eles espalharam mensagens em out-doors dizendo "War is Over! If You Want It - Happy Christmas From John and Yoko" ("A guerra acaba se você quiser, feliz Natal de John e Yoko") por onze cidades. No dia 23 de dezembro de 1969, o primeiro-ministro canadense Pierre Trudeau foi o primeiro líder mundial a receber uma visita do casal. Eles falaram por cerca de 50 minutos sobre a paz mundial. A campanha pela paz de John Lennon e Yoko Ono não foi bem recebida por muitos jornalistas, que os acusaram de procurar publicidade e dinheiro. Lennon respondeu que poderia escrever uma música em uma hora e fazer mais dinheiro do que gastando sete dias falando sobre paz em uma cama de hotel.
Em agosto de 2011, como forma de incentivar os pacifistas ao redor do mundo, Yoko Ono disponibilizou o documentário "Bed Peace" para exibição gratuita no YouTube. O longa mostra a lua de mel de Yoko Ono e John Lennon - que foi transformada no chamado "Bed-In", protesto pacífico da dupla: em plena Guerra do Vietnã, os dois decidiram ficar duas semanas na cama, uma delas em um hotel em Amsterdã, em março de 1969, durante a lua de mel; e posteriormente, em Montreal. Em comunicado divulgado junto ao documentário, Yoko Ono se pronunciou brevemente sobre sua proposta ao exibir Bed Peace na íntegra, já que ele só foi lançado em VHS. "Em 1969, John e eu fomos muito ingênuos ao achar que fazer o Bed-In ajudaria a mudar o mundo. Bem, pode ter ajudado. Mas na época, não sabíamos. Mas foi bom que filmamos tudo. O filme é poderoso agora. O que dissemos naquela época poderia ter sido dito agora. Na verdade, há coisas que dissemos no filme que podem dar coragem e inspiração aos ativistas de hoje. Boa sorte a todos nós. Vamos lembrar que a GUERRA ACABA se nós quisermos. Depende de nós, e de ninguém mais. John iria querer ter dito isso". Em princípio, "Bed Peace" ficaria no ar por apenas 48 horas, mas devido ao grande número de pedidos dos fãs, o filme continua disponível até hoje. Assista abaixo ao documentário, completo, em inglês e sem legendas em português.

2 comentários:

Julio Borogodó disse...

Mesmo sendo uma esquisitice e até ingênuo (como Yoko bem falou), de certa forma funcionou! E virou um marco e uma referência dos anos 60.

Jeniffer disse...

A coisa foi feita com a melhor das intenções, John realmente abraçou a causa, mas depois viu que isso foi ingênuo, mas não podemos negar, ficou pra história. Mas temos que concordar se fosse hoje em dia com essa coisa de celebridade, isso soaria como jogada de marketing pra vender disco.