quinta-feira, 26 de setembro de 2019

ABBEY ROAD - O CLÁSSICO DOS CLÁSSICOS - 50 ANOS DE SUCESSO ABSOLUTO!


Sete anos depois das primeiras gravações nos estúdios Abbey Road, os Beatles voltaram para aquelas que seriam as últimas sessões juntos. Em junho de 1962, eles eram rapazes provincianos de olhos arregalados prontos para deixar sua marca no mercado musical. Em julho de 1969, tinham se tornado homens sofisticados, cansados do mundo, com as vidas dete­rioradas pelas lutas por poder e dinheiro.
As músicas de Abbey Road refletem essas frustrações. São sobre nego­ciações legais, dívidas não pagas, roubos, karma ruim e, de modo geral, sobre carregar o peso do mundo nas costas. Havia até uma canção falsamente alegre sobre um martelo de prata (o "martelo de Maxwell") esperando para bater em você quando as coisas começam a melhorar. Apesar desse humor - ou talvez por causa dele - Abbey Road foi um presente de despedida excepcionalmente criativo. Ele traz duas das melhores canções de George, "Here Comes The Sun" e "Something", uma criação atípica de John, "ComeTogether", e um medley de canções inacabadas habilmente entremeadas por Paul. George Martin lembra que, depois de Let It Be, Paul pediu que ele produzisse um álbum dos Beatles com o tipo de sensação que a banda costumava produzir jun­ta. Martin concordou em ajudar se os Beatles estivessem preparados para oferecer sua cooperação. "Foi assim que fizemos Abbey Road. Não era exatamente como nos velhos tempos porque eles ainda estavam trabalhando nas canções antigas e traziam outras pessoas para traba­lhar como músicos contratados, em vez de trabalharem em equipe". Na Inglaterra, Abbey Road foi lançado no dia 26 de setembro de 1969 e ficou no primeiro lugar por dezoito semanas. Nos EUA, foi lançado em outubro e foi o número 1 por onze semanas.

Há exatos 50 anos, o derradeiro álbum: Abbey Road, o 12° álbum de estúdio lançado pelos Beatles. Abbey Road está na lista dos 200 álbuns definitivos no Rock and Roll Hall of Fame, onde ocupa a 12ª posição. Apesar de ter sido o penúltimo lançado pelos Beatles, foi o último a ser gravado. As músicas de "Let It Be", foram gravadas alguns meses antes das sessões que deram origem ao Abbey Road. O álbum é considerado um dos melhores do grupo e parecia que os momentos de turbulências haviam passado e tudo havia voltado ao normal entre eles, mas na verdade o maior problema começou a esquentar: Uma terrível guerra de egos.
Após a morte de Brian Epstein, Paul McCartney queria que Lee Eastman, advogado de sucesso e pai de Linda Eastman, tomasse conta dos negócios mas os outros (JonheYoko, George e Ringo), desconfiando e visando uma proteção maior ao legado de todos sugeriram que Allen Klein, (que era promotor dos Stones e já vinha tentando "roubar" os Beatles de Epstein há muito tempo), era a melhor opção pelo seu jeito durão de "homem das ruas". McCartney não concordou por achar absurdo pagar 15% de todos os lucros para Klein. Após a separação da banda, Eastman foi advogado da carreira solo de Paul e Allen Klein foi a justiça por ter roubado uma média de mais de 5 milhões de dólares dos Beatles. O restante dos Beatles mantiveram contrato com Klein até 1977.
George Martin produziu e orquestrou o disco junto com Geoff Emerick como engenheiro de som, Alan Parsons como assistente de som e Tony Banks como operador de fitas. Martin considera Abbey Road o melhor disco que os Beatles fizeram. E não é por menos: ele é o mais bem acabado de todos, um dos mais cuidadosamente produzidos (comparável somente a Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band). Sua estrutura foi bastante pensada e discutida, e as visões discordantes dos integrantes da banda só contribuíram para a riqueza da criação final. Também foi em Abbey Road que George Harrison se firmou como um compositor de primeira linha. Após anos vivendo sob a sombra de John Lennon e Paul McCartney, ele finalmente emplacou dois grandes sucessos com este álbum. Ambas foram regravadas incessantemente ao longo dos anos, sendo que "Something" chegou a ser apontada pela revista Time como "a melhor música do disco" e como a segunda música mais interpretada no mundo, atrás somente de "Yesterday", também dos Beatles.
Este disco foi marcado pelo uso de novos recursos tecnológicos que estavam surgindo na época. Um deles foi o sintetizador Moog, que começava a ser utilizado em maior escala dentro do rock. Ele possibilitava que virtualmente qualquer som fosse gerado eletronicamente. O Moog pode ser notado claramente em músicas como "Here Comes the Sun", "Maxwell's Silver Hammer" e "Because". Por seu trabalho em Abbey Road, os engenheiros de som Geoff Emerick e Phillip McDonald ganharam o
Grammy.
Após as desastrosas sessões de gravação do álbum então chamado de "Get Back" (mais tarde intitulado "Let It Be"), Paul McCartney sugeriu ao produtor George Martin que os Beatles se reunissem e fizessem um novo álbum "como nos velhos tempos… como a gente fazia antes", gravado ao vivo, sem overdubs e, logicamente, livres dos conflitos que começaram desde as sessões do Álbum Branco. Martin pensou, levou em consideração o acontecido de ter sido produtor secundário do álbum Get Back e aceitou, mas com a condição que a banda se comportasse "como nos velhos tempos", e ele seria tratado como o "produtor dos velhos tempos" também. Queria o consentimento de Lennon que aceitou numa boa pois eles estavam loucos para compor e gravar. Porém algumas faixas como "Something" e "Golden Slumbers/Carry That Weight/The End" seguiram o estilo do Álbum Branco, de gravarem individualmente. Mas o resultado final acabou sendo um grande álbum, considerado por muitos críticos como o melhor da banda, e segundo a revista Rolling Stone o 14° melhor álbum de todos os tempos.
Na época do lançamento do disco, George fez uma análise, des­crevendo faixa por faixa:
'Something' — "É uma música minha. Eu a escrevi quando nós estávamos terminando o último álbum, o branco. Mas nunca a termina­va. Nunca conseguia encontrar as palavras certas para ela. Joe Cocker fez uma gravação também, e há conversa de que será o próximo compacto dos Beatles. Quando a gravei, pensei em alguém como Ray Charles fa­zendo a música, pensando na sensação que ele deveria ter. Mas como não sou Ray Charles, sou muito limitado, nós fizemos o que podíamos. É um bom pensamento e, provavelmente, a melhor melodia que já escrevi."
'Maxwell's Silver Hammer' — "É algo só de Paul, passamos um diabo de tempo gravando. É uma daquelas músicas que se assobia ins­tantaneamente, algumas pessoas vão odiar e outras vão amar. É como 'Honey Pie', um tipo de coisa divertida, mas provavelmente vai pegar, porque na estória o camarada mata todo mundo. Usamos meu sintetizador moog e eu acho que saiu com grande efeito."
'Oh! Darling' — "É outra música de Paul, típica dos anos 50/ 60, principalmente nos acordes. É uma música típica da época dos gru­pos Moonglows, Paragons, She/ls e tudo o mais. Nós fizemos alguns oh, oohs no vocal e Paul gritando."
'Octopus Garden' — "É de Ringo, a segunda que escreveu. É linda. Ringo fica chateado só tocando bateria. Ele toca piano, em sua casa, mas só conhece três acordes. E ele sabe o mesmo na guitarra. Gosta principalmente de música country, tem um sentimento bem country. É realmente uma grande música. Superficialmente, é uma mú­sica boba e infantil, mas acho a letra muito significativa. Ringo escre­ve suas músicas cósmicas sem saber. Eu encontro significados profun­dos em suas letras e provavelmente ele nem sabe disso. Linhas como 'Resting our head on the seabed' (descansando nossa cabeça no leito do mar) e 'we'll be warm beneath the storm' (nós estaremos aquecidos debaixo da tempestade) fazem com que eu entenda que quando se che­ga dentro de nossa consciência, tudo é de muita paz."
'I Want You (She's so heavy)' — "É uma música bem forte. Foi John quem tocou guitarra solo e cantava, isso é bom porque a frase- solo que ele toca é basicamente blues. Mas é uma música muito original do tipo Lennon, tem algo de espantoso no seu ritmo; ele sempre cruza algo, coisas diferentes no ritmo, por exemplo 'All You Need Is Love', da qual o tempo vai de 3-4 para 4-4, mudando o tempo todo. Quando você pergunta para ele sobre isso, ele não sabe como. Faz naturalmente. No instrumental inicial e nos intervalos, ele criou uma excelente seqüencia de acordes."
'Here Comes The Sun' — "É a primeira faixa do lado 2. É a música que escreví para este álbum. Eu a fiz em um dia ensolarado no jardim de Eric Clapton. Nós tínhamos passado por muitos problemas nos negócios, e tudo era muito pesado. Estar no jardim de Eric Clap­ton era como fazer bagunça depois da escola. Eu senti um tipo de alí­vio e a música saiu naturalmente, é um pouco parecida com 'lf I Needed Someone', com aquele tipo de solo correndo por ela. Mas, realmente,' é muito simples."
'Because' — "É uma das coisas mais bonitas que fizemos. Tem uma harmonia de três partes — John, Paul e eu. John escreveu a músi­ca, e o acompanhamento é um pouco parecido com Beethoven. As­semelha-se com o estilo de Paul escrever, mas só por causa de sua sua­vidade. Paul geralmente escreve coisas mais suaves e John é mais deli­rante, mais pirado. Mas, de tempos em tempos, John gosta de escre­ver uma música simples de 12 compassos. Acho que é a faixa de que mais gosto do álbum. É tão simples, especialmente a letra. A harmonia foi muito difícil de ser feita, tivemos que aprendê-la mesmo. Eu acho que vai ser a música que impressionará a maioria das pessoas. Os pira­dos vão entender e os caretas, pessoas sérias, e críticos, também. Depois vem a seleção de músicas de John e Paul, todas juntas. É difícil descre­vê-las sem que se ouça todas juntas. 'You Never Give Me Your Money' parece ser duas músicas, uma completamente diferente da outra. Em seguida vem 'Sun King' (Rei Sol) que John escreveu. Originalmente, ele a tinha chamado de 'Los Paranoias'."
'Mean Mister Mustard e Polytheme Pam' — "São duas músicas pequenas que John escreveu na India, há 18 meses."
'She Came In Through the Bathroom Window' — "É uma mú­sica muito boa de Paul com uma boa letra."
'Golden Slumbers' — "Ê outra música muito melódica de Paul que se encadeia."
'Carry The Weight' — "Fica entrando por todo o tempo (pot pourri)."
'The End' — "É o que é: uma pequena sequencia que finaliza tudo. Eu não consigo ter uma visão completa de 'Abbey Road'. Com 'Pepper', e até o álbum branco, eu tive uma imagem do começo ao fim do produto, mas nesse disco eu ainda estou perplexo. Acho que é um pouco parecido com 'Revolver', não sei direito. Não consigo realmente ainda vê-lo como uma entidade completa."

2 comentários:

Alessandra Ribeats disse...

Sensacional Edu!!!!

Edu disse...

Valeu!