quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

SITE REÚNE ENTREVISTAS COM MÚSICOS


Em 1986, o então presidente da Capitol-EMI, Joe Smith, visitou John Hammond no hospital. O lendário produtor sofrera uma série de derrames e estava com os dias contados. Smith, pressentindo o fim, perguntou-lhe por que não havia gravado depoimentos do áureo time de artistas - Billie Holliday, Count Basie, Bob Dylan, Bruce Springsteen - que havia descoberto, e com que trabalhara ao longo dos anos. Hammond não soube responder. "Ele levantou-se do leito e me disse: você tem de fazer isso por mim", lembra Smith. A partir de então, o executivo iniciou uma série de entrevistas com os grandes da música do século 20. Tinha acesso a todos, era benquisto pela maioria. Assim, à frente de seu gravador sentaram Ray Charles, Paul McCartney, Mick Jagger, George Harrison e Ella Fitzgerald, entre outros 200 nomes históricos. Editadas e reduzidas, as fitas chegaram ao mercado em 1988, como parte de um livro escrito por Smith, mas logo caíram no ostracismo. Agora, estão sendo oferecidas na íntegra e gratuitamente, pelo site da biblioteca do congresso dos Estados Unidos:
www.loc.gov/rr/record/joesmith/

A primeira preocupação foi gravar os bandleaders da era do swing, que na época entravam em extinção. "Quis começar com Benny Goodman, mas ele morreu logo em seguida. Liguei para Artie Shaw, que topou, e por aí foi", diz Smith. Formado em Yale, ex-DJ de uma rádio de Chicago, Smith admirava a informalidade com que o historiador Studs Terkel, conhecido por seus depoimentos de cidadãos comuns, abordava entrevistas. Conduziu-as da forma mais informal possível e conseguiu montar um impressionante acervo. Se há um aspecto em comum entre as variadas linhagens musicais, é a palpável descontração nas gravações. Os músicos conversam como se estivessem recebendo uma visita de um amigo próximo. Em geral, conversam por mais de uma hora e meia, sem resguardo. Mesmo tendo realizado um trabalho monumental, Smith não conseguiu entrevistar todos os nomes almejados. Uma das baixas é Sinatra, que tivera sua reputação manchada em uma biografia recente e estava ressabiado. Mas os que falaram integram uma mina de ouro para fãs, historiadores, críticos e interessados.

Um comentário:

Edu disse...

Pra mim. isso e nada é a mesma coisa. Não tem dublagem, nem tradução. Somos índios. ora!