sexta-feira, 23 de março de 2012

RAUL SEIXAS - O INÍCIO, O FIM E O MEIO, de Walter Carvalho

Quando aceitou o convite para dirigir o documentário Raul — o início, o fim e o meio, Walter Carvalho tinha como missão abordar um artista já biografado em dezenas de livros, assunto de incontáveis reportagens, cultuado como poucos cantores no Brasil. Para o trabalho, o cineasta paraibano, 65 anos, também conhecido como um dos mais requisitados e premiados diretores de fotografia do país, realizou quase uma centena de entrevistas (54 delas estão no filme), vasculhou acervos de emissoras de TV, reuniu fotos e conseguiu registros audiovisuais raros de Raul Seixas (1945-1989).
“Raul Seixas, gostem ou não, é um mito. Cerca de 5 mil pessoas se reúnem espontaneamente na data de morte dele, em várias cidades, para ficar cantando as músicas dele até de madrugada. Isso é o mito”, enfatiza Walter Carvalho, diretor de O início, o fim e o meio, referindo-se à manifestação Toca Raul, evento anual dos fãs do artista. O filme sobre o maluco beleza chega às telas de cinema HOJE, sexta, 23/3. É uma documentário biografia apresentando as várias fases da obra do artista, construída com depoimentos de parceiros, amigos, familiares etc. Com cenas cômicas, especialmente quando o próprio Raul está em cena, mas essencialmente trágico. Afinal, é a história de ascensão e queda de um ídolo, mas que mostra o quanto a arte de Raul Seixas continua brilhante.
“Fiz um filme sobre tempo e memória”, afirma Walter Carvalho, situando a obra como reflexão que tudo observa sem tomar partido. “Raul Seixas foi um artista que mexeu com o imaginário das pessoas. E continua assim, mesmo não estando mais aqui”, afirma. De tudo que viu e ouviu sobre o artista, ficou especialmente a admiração com a síntese musical realizada por Raul Seixas. “Impressiona-me a mistura de rock e baião, de Luiz Gonzaga e Elvis Presley. É uma sacada genial”, observa. O exemplo, aponta, é a canção Let me sing, apresentada no Festival Internacional da Canção, em 1972, materialização da proposta que valeu enorme sucesso ao artista. “Raul foi anárquico, libertário, contestador, um utopista do tempo em que as utopias eram individuais – hoje elas são coletivas”, observa.
Um emblema artístico do cantor e compositor baiano, para Walter Carvalho, pode ser a afirmação do mago inglês Aleister Crowlew (1875-1947), que está estampada no cartaz do filme: “Faze o que tu queres, há de ser tudo a lei.” “É afirmação do direito de cantar, de morrer, de ir e vir quando bem quiser. Isso é a cara do Raul”, garante. Fazer o filme, conta o diretor, não foi nada fácil. É obra feita com recursos limitados e envolveu muitas viagens no Brasil e para o exterior (para ouvir parentes do artista na Bahia; parceiros, como Paulo Coelho, na Suíça; e até a esposa de Raul, que mora nos Estados Unidos). Depois, como há muito material na internet, teve de fazer pesquisa profunda para localizar material inédito (como preciosos registros do artista em estúdio) dos anos 1970, quando se filmava pouco.
A produção durou três anos, entre pesquisa, realização das entrevistas e montagem do documentário. Das 400 horas de material coletado sobre Raul Seixas, duas terminaram no filme. Muitas das imagens são inéditas: cenas da infância de Raul, seu “casamento satânico” com Gloria Vaquer, bastidores de gravação, até o reencontro do cantor baiano com Paulo Coelho, no camarim de um show, depois de 15 anos sem se verem.
Um emblema artístico do cantor e compositor baiano, para Walter Carvalho, pode ser a afirmação do mago inglês Aleister Crowlew (1875-1947), que está estampada no cartaz do filme: “Faze o que tu queres, há de ser tudo a lei.” “É afirmação do direito de cantar, de morrer, de ir e vir quando bem quiser. Isso é a cara do Raul”, garante. Fazer o filme, conta o diretor, não foi nada fácil. É obra feita com recursos limitados e envolveu muitas viagens no Brasil e para o exterior (para ouvir parentes do artista na Bahia; parceiros, como Paulo Coelho, na Suíça; e até a esposa de Raul, que mora nos Estados Unidos). Depois, como há muito material na internet, teve de fazer pesquisa profunda para localizar material inédito (como preciosos registros do artista em estúdio) dos anos 1970, quando se filmava pouco.
Walter Carvalho é um dos mais importantes diretores de fotografia do cinema brasileiro. Vem, há cerca de uma década, atuando como diretor, produtor, roteirista sem deixar de atuar como fotógrafo. Levam a assinatura dele Janela da alma (2001), dirigido junto com João Jardim, e Budapeste (2009), a partir de livro homônimo de Chico Buarque. No momento, está realizando filme sobre o multiartista Antônio Nóbrega. O fio que liga, direta ou indiretamente, os autores dos filmes à música, segundo o diretor, vem da admiração que ele tem pelos artistas e suas respectivas obras. Acrescente-se a sedução por trabalhos que envolvam memória, realidade e gosto por documentários.
QUATRO PERGUNTAS PARA WALTER CARVALHO
Teve alguém que você gostaria de ter entrevistado, mas não conseguiu?
Eu gostaria muito de ter entrevistado a mãe do Raul, que já morreu. Mas todos os outros foram acessíveis, generosos, sem nenhum problema. As ex-mulheres do Raul, sobretudo. Todas elas são apaixo¬nadas por ele até hoje—não sei se dá para perceber isso no filme.
Até a Edfth, primeira mulher dele?
Acho que ela "virou a página" legal, de ver¬dade. Quando o Raul começou a fazer sucesso, co¬nheceu outra mulher e abandonou a Edith. Ela é america¬na, voltou para os Estados Unidos com a filha deles, Simone, e nunca mais deixou o Raul ver a menina. Ele sofreu para o resto da vida por causa disso. A mãe do Raul dizia que ele chorava sempre que falavam perto dele da Edith e da filha. Eu acho que o Raul morreu por amor.
Você codirigiu Cazuza - o tempo não para. Seu irmão, Vladimir Carvalho, lançou recentemente o documentário Rock Brasília, que tem Renato Russo como um dos protagonistas. Acha que estamos ficando carentes de artistas que causem esse tipo de impacto no público?
Acho difícil surgirem novos Rauls, Renatos ou Cazuzas. O contexto político de onde esses caras vieram, um momento de repressão, não existe mais. A atitude desses três artistas era contestadora, libertária. Hoje em dia, não é o artista que se impõe ao mercado, é o mercado que produz o artista—que não precisa acontecer, basta estar na mí¬dia e isso já é a notícia, o acontecimento em si. Serão necessárias dé¬cadas para surgir a química que deu no Raul.
Que pergunta você faria para Raul?
Ninguém nunca me perguntou isso (fica em silêncio por alguns segundos)... Semana passada fui a Salvador, fazer a pré-estreia do fil¬me. Olhando do avião, eu tinha a impressão de que poderia encon¬trar Raul lá embaixo em qualquer esquina—talvez por todo o tempo que passei ouvindo sua voz cantando e falando e vendo sua imagem todos os dias. A única coisa que eu faria se o encontrasse seria per¬guntar: você que ver o meu filme que eu fiz sobre você?

4 comentários:

Edu disse...

Ôba! Vou conferir hoje mesmo!

Edu disse...

Não conheço, nunca vi e nem ouvi falar de alguem que seja mais chato, mais babaca e descartável que esse tal de Pedro Bial! Aliás, todos dessa emissora!

Valdir Junior disse...

Vou ter que ver esse filme !!
O Raul é o verdadeiro Roqueiro Brasileiro !!!

Já sobre o Pedro Bial ....para mim ele poderia ir para o Inferno entrevistar o capeta e ficar por lá mesmo !!!

João Carlos disse...

E eu ia falar disso Edu! Pedro Bial BBB é uma mala. Esse filme é imperdível! À guisa (KKK) o que tenho de fazer para assistir o filme do George Harrison ?