sexta-feira, 29 de agosto de 2014

TODO O FASCÍNIO E MISTÉRIO DE ELEANOR RIGBY

Postagem publicada originalmente em 29 de agosto de 2011.
29 de agosto de 1895. Essa é a suposta data de nascimento de Eleanor Rigby, identificada em um túmulo no cemitério de Liverpool. Um mistério que nunca foi realmente revelado e perdura até hoje.
Em 2008, Paul McCartney doou para um leilão de caridade registros antigos de um hospital em Liverpool. Não se sabe como conseguiu os documentos, mas ali estaria a prova de que Eleanor Rigby realmente existiu, acabando com um mistério de mais de 40 anos sobre uma canção homônima dos Beatles. Consta no documento uma assinatura de uma garota de 14 anos chamada "E. Rigby", que trabalhava como faxineira no City Hospital, de Parkhill. McCartney não se pronunciou, porém, se a história da música - na qual Rigby morre e ninguém vai a seu velório - é verdadeira, nem se a conhecia. Esta não é a primeira vez que Eleanor Rigby é encontrada. Em meados dos anos 80, um túmulo de uma mulher que viveu entre 1895 e 1939 foi achado na St Peter's Church, o local onde Lennon e McCartney se conheceram. Na ocasião, McCartney chegou a afirmar que a imagem do epitáfio na igreja possa ter ficado subconscientemente na sua cabeça até escrever a canção. Os Beatles começaram a trabalhar em "Eleanor Rigby" ainda na época do álbum “Help!” em 1965. No início, o nome provisório da canção era “Miss Daisy Hawkins”. Depois, Paul McCartney trocou para “Eleanor Brown”. O mundo só tomaria conhecimento de "Eleanor Rigby" no álbum Revolver de 1966. Ao descobrir em Bristol uma loja de nome Rigby, Paul McCarntney encontrou a chave exótica para a inovadora canção que imaginava. Jurando pensar ter criado um bom nome para uma música, Paul admitiu, anos mais tarde, que descobriu a existência de uma lápide tumular onde constam os nomes de Eleanor Rigby (1895-1939) e à direita, a alguns metros dali, outra de alguém chamado McKenzie (1842-1915). As duas pedras tumulares encontram-se no cemitério de Woolton, em Liverpool, onde o autor da canção perambulava por ali na adolescência.
Na entrevista da Playboy em 1980, pouco antes de morrer, John Lennon afirmou que "o primeiro verso era do Paul, mas que o restante era basicamente meu". Pete Shotton, um amigo íntimo de Lennon que estava presente na gravação, disse: "Penso que John tinha uma memória extremamente falha. Tomou os créditos, em uma de suas últimas entrevistas, por muitas das letras, mas na minha memória, em “Eleanor Rigby”, a contribuição de John foi virtualmente nula". A letra de “Eleanor Rigby” foi finalizada em Kenwood por Paul, quando ele e John, George, Ringo e mais o amigo Pete Shotton estavam reunidos em uma sala cheia de instrumentos. Cada um contribuiu com ideias para dar substância à história. Na gravação, assim como em “Yesterday”, do album “Help!”, Paul é o único Beatle. Toca no violão e canta. John, George e Ringo não cantam nem tocam. O acompanhamento foi gravado por um quarteto de cordas conduzido pelo maestro George Martin. O vocal de Paul foi “dobrado” em alguns trechos, de modo que ele fizesse tambem as segundas vozes. “Eleanor Rigby” é a terceira canção dos Beatles mais regravada em todos esses anos, atrás de “Yesterday” e “Something”. Até Caetano Veloso já tirou uma casquinha.
A HISTÓRIA POR TRÁS DE TODAS AS CANÇÕES - STEVE TURNER
Assim como aconteceu com muitas canções de Paul, a melodia e as primeiras palavras de "Eleanor Rigby" surgiram enquanto ele tocava piano. Ao se perguntar que tipo de pessoa ficaria recolhendo arroz em uma igreja depois de um casamento, ele acabou sendo levado à sua protagonista. Ela originalmente se chamaria Miss Daisy Hawkins, porque o nome encaixava no ritmo da música. Paul começou imaginando Daisy como uma jovem, mas logo percebeu que qualquer uma que limpasse igrejas depois dos casamentos provavelmente seria mais velha. Se ela era mais velha, talvez fosse uma solteirona, e a limpeza da igreja se tornou uma metáfora para suas oportunidades de casamento perdidas. Então ele a baseou em suas lembranças das pessoas mais velhas que conheceu quando era escoteiro em Liverpool. Paul continuou a pensar sobre a música, mas não estava confortável com o nome Miss Daisy Hawkins. Não parecia suficientemente "real". O cantor de folk dos anos 1960 Donovan lembra que Paul tocou para ele uma versão da música em que a protagonista se chamava Ola Na Tungee. "A letra ainda não estava terminada para ele", conta Donovan.

Ele sempre dizia que optou pelo nome Eleanor por causa de Eleanor Bron, atriz principal de Help!. O compositor Lionel Bart, porém, estava convencido de que a escolha tinha sido inspirada por uma lápide que Paul viu no Putney Vale Cemetery, em Londres. "O nome na lápide era Eleanor Bygraves", conta Bart, "e Paul achou que se encaixaria na música. Ele voltou para o meu escritório e começou a tocá-la no clavicórdio." O sobrenome surgiu quando Paul deparou com o nome Rigby em Bristol em janeiro de 1966, durante uma visita a Jane Asher, que estava fazendo o papel de Barbara Cahoun em The Happiest Days Of Your Life, de John Dighton. O Theatre Royal, casa do Bristol Old Vic, fica no número 35 da King Street e, enquanto Paul esperava Jane terminar o trabalho, passou por Rigby & Evens Ltd, Wine & Spirit Shippers, que ficava do outro lado da rua, no número 22. Era o sobrenome de duas sílabas que ele estava procurando para combinar com Eleanor.

A música foi concluída em Kenwood quando John, George, Ringo e o amigo de infância de John, Pete Shotton se reuniram em uma sala cheia de instrumentos. Cada um contribuiu com ideias para dar substância à história. Um sugeriu um velho revirando latas de lixo com quem Eleanor Rigby pudesse ter um romance, mas ficou decidido que complicaria a história. Um padre chamado "Father McCartney" foi criado. Ringo sugeriu que ele poderia estar cerzindo as próprias meias, e Paul gostou da ideia. George trouxe a parte sobre "as pessoas solitárias". Paul achou que deveria mudar o nome do padre porque as pessoas pensariam se tratar de uma referência ao seu pai. Uma olhada na lista telefônica trouxe "Father McKenzie" como alternativa. Depois, Paul ficou tentando pensar em um final para a história, e Shotton sugeriu que ele unisse duas pessoas solitárias no verso final, quando "Father McKenzie" conduz o funeral de Eleanor Rigby e fica ao lado de seu túmulo. A ideia foi desconsiderada por John, que achava que Shotton não tinha entendido a questão, mas Paul, sem dizer nada na época, usou a cena para terminar a música e reconheceu mais tarde a ajuda recebida. Espantosamente, em algum momento da década de 1980 a lápide de uma Eleanor Rigby foi encontrada no cemitério de St Peter's, Woolton, a menos de um metro de onde John e Paul tinham se conhecido no festival anual de verão, em 1957. Está claro que Paul não tirou sua ideia diretamente dessa lápide, mas é possível que ele a tenha visto na adolescência, e o som agradável do nome tenha ficado em seu inconsciente até vir à tona pelas necessidades da canção. Na época ele afirmou: "Eu estava procurando um nome que parecesse natural. Eleanor Rigby soava natural". Em mais uma coincidência, a empresa Rigby & Evens Ltd, cuja placa havia inspirado Paul em Bristol em 1966, pertencia a um conterrâneo de Liverpool, Frank Rigby, que estabeleceu sua companhia na Dale Street, Liverpool, no século XIX. Como single, "Eleanor Rigby" chegou ao topo da parada de sucessos britânica, mas seu auge nos EUA foi o 11º lugar. E agora, pela 1ª vez aqui no Baú, a gente confere Eleanor Rigby e o belíssimo meddley Eleanor's Dream, do filme Give My Regards To Broadstreet.

Um comentário:

João Carlos disse...

Pode ser isso mesmo que Paul narrou. A gente muitas vezes vê coisas e não percebe, porém elas ficam no inconsciente e num momento qualquer retornam.Uma coisa puxa a outra lembrança próxima: Rigby e McKenzie por ex.