A cabeça primeiro. Na capa, um leão faminto com a bocona aberta pronto para devorar alguém, provavelmente a própria banda já consumida durante essa época. Na contracapa, onde aparecem o nome das músicas e os créditos da banda, o leão parece já estar saciado. "Head First" foi o décimo e último álbum de Badfinger com a participação do genial guitarrista Pete Ham. Foi lançado somente em 14 de novembro de 2000. Foi gravado em dezembro de 1974 e suas canções permaneceram inéditas por 26 anos. Originalmente destinado a ser o terceiro álbum de Badfinger pela Warner Bros Records. As coisas já não vinham bem para a banda desde 1972, quando seu contrato com a Apple terminou. Em 1972, precisavam lançar um novo disco, e se propuseram a produzi-lo eles mesmos. Mas a Apple estava falindo e eles só conseguiram lançar o disco em 1973 (último pela Apple), intitulado Ass. Nesse intervalo, Stan Polley (o empresário) assinou um contrato multimilionário com a Warner Bros, mas Allen Klein os pressionava, oferecendo um contrato bem menos vantajoso pela Apple. Essa briga prejudicou o disco e ele "não aconteceu", assim como o single "Apple of my Eye" (a despedida da gravadora por Pete Ham). Outro fator que atrapalhou foi o lançamento quase simultâneo de Badfinger (também conhecido como For Love or Money) pela Warner, fazendo com que os dois discos competissem entre si.
Em 1974, lançaram pela Warner aquele que para muitos, é considerado o seu melhor disco, Wish You Were Here. Era uma volta triunfante do Badfinger, pois esse disco foi cuidadosamente gravado e produzido. Apesar disso, problemas com a Warner fizeram com que o disco fosse recolhido. Dificuldades financeiras começaram a aparecer de todos os lados, com milhares de dólares indo parar nas mãos de advogados e, para piorar ainda mais, Pete Ham ameaçava deixar a banda. Ainda em 1974, Badfinger passou a contar com mais um integrante, o tecladista Bob Jackson que ocupou o lugar de Pete durante o breve período em que ele esteve fora. No fim daquele ano foi a vez de Joey Molland deixar a banda.
Em dezembro, já com Bob Jackson como integrante no lugar de Molland, gravaram Head First. Pete Ham assumiu todas as guitarras e compôs duas pérolas para o disco: o hit em potencial "Lay me Down" e o pedido de desculpas para Molland, "Keep Believing". Apesar de ser um disco muito bom, Head First acabou ficando nos arquivos por 25 anos.
Em 1975, a relação entre a banda e a gravadora era a pior possível. O contrato foi cancelado e Pete Ham, muito abalado com tudo o que aconteceu e sem perspectivas de melhorar, suicidou-se em 24 de abril, enforcando-se na garagem de sua própria casa. Com o músico foi encontrado um bilhete, onde ele pedia desculpas pela situação financeira desastrosa (um dia antes, Pete ficou sabendo que Stan Polley, o empresário do grupo, havia fugido com toda o dinheiro da banda.
A morte de Pete decretou o triste fim de Badfinger. Tom Evans e Bob Jackson montaram o The Dodgers e Joey estava com o seu Natural Gas (que foi banda de apoio de Peter Frampton). Em 1979, a Elektra contratou Joey e Tom exigindo que eles utilizassem o nome Badfinger, independentemente da banda que eles viessem a montar. Lançaram o disco Airwaves que, apesar de canções como "Lost Inside Your Love", "Sail Away" e "Love is Gonna Come at Last", não foi bem nas paradas. Saíram em turnê com a ajuda de músicos como Tony Kaye (Yes), mas não conseguiram o sucesso esperado.
Em 1981, ainda com Kaye na banda, lançaram Say No More. Apesar de "Hold On" ter entrado no top 50, o disco não decolou e nem chegou a ser realizada uma tour para sua promoção. A instabilidade entre Molland e Evans apressou o final do 'novo' Badfinger. Fortes desentendimentos entre os dois amigos fizeram com que cada um montasse seu próprio Badfinger. Joey procurou o sindicato e conseguiu impedir Evans de usar o nome da banda que ele próprio havia criado. Os dois se encontraram pouco tempo depois e novamente entraram em forte atrito, pois Evans alegou ter assumido diversos compromissos e de ter vários contratos assinados que exigiam que ele se apresentasse como Badfinger. Joey não deu atenção a Evans, porém mal sabia que aquela seria a última vez que iria ver ou conversar com o antigo amigo e companheiro de banda.
Em 19 de novembro de 1983 Tom Evans, em profundo estado de depressão, também cometeu suicídio, enforcando-se no quintal de sua casa. Em 4 de outubro de 2005, Mike Gibbins (baterista), morreu de causas naturais. Ainda hoje, Joey Molland excursiona como Joey Molland's Badfinger mantendo viva a memória da banda.Trágico como possa parecer, o legado do Badfinger continua vivo até hoje, com milhares de fãs por todo o mundo.
5 comentários:
O Badfinger não merecia uma carreira tão trágica (extra-arte)e cada vez que eu leio fico triste e inconfirmado.
Olá Edu. Esta é a primeira vez que faço um comentário. Badfinger é uma coisa única na história do rock. Arte pura! Não existe nada que se compare. Há dois anos tive a oportunidade de de ver Joey Molland em ação em Minneapolis. Indescritível! O seu blog é simplesmente fantástico e absolutamente espetacular. O melhor que já vi nessa área. Meus Parabéns. Cláudio.
Obrigado Claudio. Gostei de vc! Se quiser publicar sua resenha sobre o show de Molland que assistiu, não existe lugar melhor que esse. Welcome Claudio. Volte mais vezes e deixe sempre seus comentários. Valeu! Abração!
O som desses caras tinha alguma coisa de tão sublime....sei lá. Incrível como a ditadura do que é imposto ao público pode fazer com que bandas como o badfinger não tenham vingado.
Isso fica mais triste ainda qnd vemos ´´artistas´´ de quinta categoria sendo tratados como verdadeiras lendas da música....
não foi justo o destino deles,mas,enfim....
ficou a música brilhante.
O comentário do Leonardo Polaro sobre o Badfinger foi muito legal. É exatamente assim: uma ditadura que se impõe, vai passando de geração em geração e fica assim. Até que alguém faz um estudo mais profundo e aponta: não é bem assim, não foi bem assim. Se você estuda um pouco a história do Badfinger, a vida dos integrantes notará imediatamente que se trata de gente de puro talento. Foram caras geniais que lutaram para chegar onde chegaram. Por isso a música deles sempre será lembrada. Um baita comentário o teu o Leonardo. Com poucas palavras você disse o essencial. É isso mesmo.
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