domingo, 30 de setembro de 2012
JOHN LENNON - COLD TURKEY - "INÉDITO"!
No dia 30 de setembro de 1969, John Lennon gravou a versão em estúdio de "Cold Turkey" com a Plastic Ono Band. Sua formação nesta ocasião incluia Eric Clapton, Klaus Voorman, Yoko Ono e Ringo Starr. O sensacional vídeo que a gente confere agora pela primeira vez aqui no Baú, é o do festival de Toronto ao vivo e do álbum “Live Peace In Toronto”.
A MORTE DE JAMES DEAN - O NASCIMENTO DE UM MITO
Exatamente há 57 anos, morria precocemente James Dean, dando origem a um dos maiores mitos de Hollywood. “James Dean morreu exatamente no momento certo. Se tivesse vivido,não teria conseguido fazer jus a imagem e a lenda criada pelos agentes de publicidade da Warner ...” Estas foram palavras de Humphrey Bogart, um dos ídolos de James Dean - o outro era Marlon Brando. Se Bogart estava certo, jamais saberemos. Mas não há dúvidas de que a morte prematura de Dean aos 24 anos, em um acidente na perigosa estrada de Salinas, na Califórnia, acabou com uma carreira promissora, provocou comoção mundial e quadruplicou o número de seus fãs. Nascido em Marion (Indiana,EUA), em 08 de fevereiro de 1931, James Byron Dean perdeu a mãe com 7 anos de idade e foi criado por um tio e uma tia após o segundo casamento de seu pai. Rebelde e inconformado com a disciplina e com as regras da escola e da sociedade, fugiu para Nova York aos 17 anos, empregando-se como garçom e ascensorista para pagar as aulas no famoso Actors Studio. Em 1950, após adquirir alguma experiência no teatro novaiorquino, iniciou sua carreira no cinema, fazendo uma figuração no filme "O Marujo foi na Onda" (51), com Jerry Lewis e Dean Martin. Nos dois anos seguintes fez mais três figurações nos filmes "Baionetas Caladas", Sinfonia Prateada e "Atalhos do Destino". Recentemente, graças ao empenho do National Film Theater de Londres,do Museum of Broadcasting de Nova York e do James Dean Museum de Ohio, descobriu-se que nos primeiros anos de sua carreira ele participou também de 25 telefilmes. No primeiro deles Hill Number One (51),fez o papel de São João e chamou a atenção de um grupo de garotas de uma escola católica, que fundou o primeiro fã clube conhecido do ator, a Associação de Apreciadoras do Coração Imaculado de James Dean. Esses foram os primeiros sinais de que um novo mito estava nascendo. Finalmente, o diretor Elia Kazan, seu mentor no Actors Studio, deu-lhe o papel do torturado Carl de "Vidas Amargas", baseado no livro de John Steinbeck. O chefão Jack Warner o fez assinar um contrato de sete anos e o escalou para mais dois trabalhos: "Juventude Transviada" e "Assim Caminha a Humanidade".
No dia 30 de setembro de 1955, logo após terminar sua participação nesse último filme, Dean colidiu seu Porsche branco contra um Ford que vinha em direção contrária. Sua morte provocou uma exceção na história da Academia de Hollywood, sendo indicado postumamente para o Oscar de melhor ator de 1955 por Vidas Amargas e de 1956 por Assim Caminha a Humanidade. Tão atormentado quanto seus personagens, nunca escondeu seu envolvimento com alguns gays em Nova York, mas em Hollywood teve romances com duas estrelas famosas: a suíça Ursula Andress e a italiana Píer Angeli, por quem curtiu uma paixão doentia. Estava disposto a se casar com ela mas só não o fez por oposição da mãe de Píer, que preferia um genro menos problemático. Quando Píer se casou com o cantor Vic Damone, em 1954, James Dean foi à porta da igreja do Bom Pastor, em Beverly Hills ,para ver a saída dos noivos. De jaqueta vermelha, jeans surrado, botas e boné de couro, ficou acionando sua motocicleta até que Píer e Vic entrassem no carro. Então deu uma espetacular arrancada. Em 1971, Píer, infeliz em dois casamentos e com a carreira em declíneo, suicidou-se com uma overdose de drogas. O pai de James Dean, o senhor Winton Dean disse a jornalista Dulce Damasceno de Brito, que reproduziu suas palavras no livro HOLLYWOOD NUA E CRUA “Jimmy não tentou ser diferente para vencer em Hollywood, como diziam. Nasceu diferente e morreu diferente.”
Aqui, a gente confere um pequeno trecho do documentário "Os últimos momentos de James Dean". Valeu, abração a todos!
PAUL McCARTNEY - TODOS OS SEGREDOS DA CARREIRA SOLO
Matéria publicada originalmente em 3 de julho de 2011
O MEU LIVRO DE CABECEIRA
Outro dia, alguém me perguntou qual, entre todos os livros que tenho sobre os Beatles, qual eu gosto mais, acho fundamental e imprescindível. Pois bem, é o livro “Paul McCartney – Todos os segredos da carreira solo” (Editora Lira, 2006 - 400 páginas) de Cláudio D. Dirani. É um livro que demorou três anos para ser finalizado por seu autor, mas sua “gestação” foi ainda mais longa. Fã dos Beatles desde os 11 anos de idade, e pesquisador incansável da carreira solo de Paul McCartney desde os 19, o jornalista paulistano Claudio D. Dirani, hoje com 33 anos, se empenhou em investigar os detalhes mais obscuros da vida e obra do ex-Beatle.
No total, mais de centenas de revistas e artigos de jornais, além de dezenas de livros, serviram como fonte de estudo para a criação de “Paul McCartney - Todos os Segredos da carreira solo”. Mas o trabalho de composição deste livro não se limitou às incansáveis leituras para a elaboração de seus capítulos. Dezenas de pessoas que trabalharam e conviveram com Paul McCartney foram entrevistadas e revelaram informações jamais publicadas até o lançamento de “Paul McCartney – Todos os Segredos da carreira solo”. Entre elas, o baterista Denny Seiwell, que gravou seu segundo álbum “Ram”, e fez parte do grupo Wings entre 1971 e 1973, Rusty Anderson, guitarrista de Paul McCartney desde 2001, Steve Holly, baterista do Wings entre 1978 e 1980, Tony Clarke, engenheiro de gravação do álbum “Wild Life e “Thrillington”, que também trabalhou com os Beatles em diversos álbums, Eric Stewart, compositor e guitarrista da banda 10cc, parceiro de McCartney em diversas músicas no álbum “Press To Play”, Eirik Wangberg, engenheiro e produtor, responsável pela mixagem em diversas canções do álbum “Ram”, Mark Lewisohn, pesquisador e historiador dos Beatles e de Paul McCartney, Robert Kippen, professor de música canadense que tocou tabla no álbum “Pipes of Peace”, e muitos outros.
Muitas obras publicadas sobre os Beatles e seus membros em carreira individual preferem explorar o lado sensacionalista e pessoal. Já “Paul McCartney – Todos os Segredos da carreira solo” caminha do lado contrário. O objetivo desta publicação é apresentar ao público uma infinidade de dados desconhecidos de sua carreira profissional, muitas vezes ofuscada e deturpada nesses tantos anos desde a separação dos Beatles.
Este livro (nota 10) apresenta, desde a origem de cada composição de Paul McCartney, local onde foi escrita cada música, instrumentação usada nas gravações – quem tocou o que – até uma relação completa de shows ao vivo, especiais de rádio e TV, participações de McCartney em trabalhos de outros artistas, músicas compostas e gravadas, mas jamais lançadas comercialmente, e uma diversidade de detalhes nunca revelados, ou pouco explorados anteriormente. Esta verdadeira pérola, infelizmente não pode ser encontrada nas livrarias, apenas em sebos e sites de venda pela internet(http://www.estantevirtual.com.br/q/dirani-paul-mccartney-todos-os-segredos-da-carreira-solo). Recentemente, o autor me falou que está preparando uma nova edição atualizada e melhor organizada. Vamos esperar e torcer. Parabéns, Dirani! Abração!
sábado, 29 de setembro de 2012
O TRISTE FIM DE HEBE CAMARGO - CÂNCER!
A apresentadora Hebe Camargo morreu em São Paulo, neste sábado (29), aos 83 anos. Ela lutava contra o câncer desde 2010 e morreu, segundo a assessoria do SBT, após sofrer uma parada cardíaca, ao se deitar para dormir, nesta madrugada. Hebe Camargo foi um dos maiores ícones da televisão brasileira e ficou internada pela última vez por quase duas semanas em agosto, no Hospital Albert Einstein, em São Paulo. Nos últimos dois anos passou por várias cirurgias e tratamentos contra o câncer. Mas essa doença é cruel demais. É como remar contra a maré. Não vou ser hipócrita e dizer que lamento, mas fiquei triste pelo papel importante que tinha na história da TV Brasileira há tento tempo. O que eu queria mesmo é que Raul Gil, Eliana, Gugu, Faustão, Ana Hickman, Seginho Groisnam e o “mestre” deles todos, Sílvio Santos, seguissem com ela nessa jornada rumo a um céu que não existe. Rip, rip, Hebe. Gracinha! Meu respeito. Valeu, Hebe!
20 ANOS DO IMPEACHTMENT DE COLLOR
Há exatos 20 anos o Brasil assistiu à abertura do processo de impeachment do então presidente Fernando Collor de Melo, aprovado por 441 votos na Câmara dos Deputados. Collor foi o primeiro presidente da República eleito pelo voto direto após o regime militar, ao derrotar em segundo turno o então candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva. As primeiras denúncias contra Collor surgiram após os 100 primeiros dias de mandato e diziam respeito a um esquema de corrupção montado pelo ex-tesoureiro de campanha, Paulo César Farias – conhecido como PC Farias. As denúncias, intensamente divulgadas pela imprensa, culminaram com a criação de uma comissão parlamentar mista de inquérito, a CPI do PC. As denúncias de corrupção, associadas ao desgaste do então presidente em função da implementação de planos de estabilização da economia, levaram mais tarde à mobilização popular e à aprovação do pedido deimpeachment. Os planos econômicos, chamados de Collor I e Collor II, consistiam basicamente em tentar controlar a inflação, que já vinha alta desde o governo anterior de José Sarney. No primeiro momento os planos surtiram efeito, mas o confisco do dinheiro da população nos bancos e a volta da alta da inflação começaram a provocar insatisfação do povo com o presidente. Muitas empresas e até pessoas físicas faliram quando o governo determinou que todas as contas bancárias poderiam ter saldo máximo de Cr$ 50 mil (cinquenta mil cruzeiros, a moeda da época). Impedidos de arcar com os compromissos financeiros, os empresários foram os primeiros a abandonar o apoio a Collor. Além disso, denúncias como as de desvio de dinheiro público para a construção dos jardins na residência oficial, chamada de Casa da Dinda, e o pagamento de vultosas despesas do casal presidencial, com dinheiro das empresas de PC Farias, levaram o povo às ruas pedindo a saída do presidente. Duas entrevistas foram determinantes para a mobilização popular. Primeiro o irmão do presidente, Pedro Collor, à revista Veja, denunciando o chamado esquema PC e o desvio de verbas públicas para as empresas do ex-tesoureiro de campanha. Depois, o motorista Francisco Eriberto França confirmou à revista Isto É ter feito pagamentos para Fernando Collor e sua esposa, Rosane Collor, com cheques e valores que buscava nas empresas de PC Farias. A conclusão dos trabalhos da CPI do PC, com relatório que considerou as denúncias procedentes, foi outro fator que incentivou a mobilização popular. O movimento Fora Collor era formado principalmente por estudantes, os chamados “Caras Pintadas”, e por mais pessoas ligadas às universidades, os professores. Diante do clamor da sociedade civil, os presidentes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Marcelo Lavanère, e da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Barbosa Lima Sobrinho, entregaram ao presidente da Câmara dos Deputados, Ibsen Pinheiro, o pedido de impeachment com mais de 20 mil assinaturas. Pinheiro acolheu o pedido e designou o então deputado Nelson Jobim como relator, que posteriormente apresentou parecer favorável ao impedimento do presidente da República de prosseguir no mandato. No dia 29 de setembro de 1992, Ibsen Pinheiro abriu a sessão de votação pelo impeachment de Fernando Collor de Melo em um Congresso Nacional cercado por milhares de manifestantes Caras Pintadas. Com 441 votos favoráveis, 38 contrários, 23 ausências e 1 abstenção, a Câmara dos Deputados decidiu pelo afastamento imediato do presidente da República de suas funções e autorizou o Senado Federal a abrir processo de cassação de mandato e dos direitos políticos. No dia 2 de outubro, Collor foi comunicado de seu afastamento temporário pelo período que durasse o processo de impeachment e o então vice-presidente da República, Itamar Franco, assumiu o cargo. Itamar permaneceria na cadeira presidencial até o fim do mandato, em 1994. A cassação de Fernando Collor de Melo foi confirmada por 76 votos favoráveis e dois contrários no Senado Federal, em 29 de dezembro de 1992. O ex-presidente ainda tentou uma manobra para evitar a perda de seus direitos políticos. Depois de aberta a sessão no Senado, o advogado de defesa de Collor, José Moura Rocha, apresentou aos senadores a carta de renúncia dele. A tentativa, no entanto, foi em vão, e a cassação foi confirmada. Em 1994, o ex-presidente foi absolvido no Supremo Tribunal Federal (STF) da acusação de corrupção passiva por falta de provas. A absolvição na ação penal, entretanto, não o livrou da suspensão dos direitos políticos por oito anos, a contar da data do que seria o término do seu mandato presidencial, em 1994. Collor voltou à cena política do país apenas em 2002, quando tentou se eleger governador de seu estado, Alagoas, mas foi derrotado. Em 2006, ele se elegeu senador e passou a ocupar uma cadeira no plenário que cassou seus direitos políticos. Em 2010, o senador Collor tentou novamente governar seu estado, mas ficou em terceiro lugar nas eleições. O mandato dele no Senado termina em fevereiro de 2015.
sexta-feira, 28 de setembro de 2012
JOHN LENNON X AL CAPP - MONTREAL 1969
Al Capp é o pseudônimo por que ficou conhecido o cartunista, escritor e conferencista norte-americano Alfred Gerald Chaplin, que nasceu em 28 de Setembro de 1909 e morreu em 1979, aos 70 anos. Capp foi o criador de Ferdinando e da Família Buscapé, seus mais importantes personagens de histórias em quadrinhos. Nasceu em Connecticut, nos EUA. Ainda pequeno, perdeu uma das pernas ao ser atropelado por um bonde. Gostava de desenhar desde criança e começou a fazer quadrinhos na adolescência. Em 1934, criou e a Família Buscapé, uma sátira ao mundo e às famílias caipiras dos Estados Unidos: a mãe, Xulipa Buscapé, é uma mulher forte e dominadora, o pai um frouxo, e o cachorro é substituído por uma porquinha, Salomé. Em 1957, a história foi adaptada para um musical da Broadway e, depois, ganhou uma versão cinematográfica. Durante o macarthismo lançou Shmoo, personagem-símbolo do socialismo. Já famoso, durante a II Guerra Mundial (1939-1945) fez espetáculos humorísticos em hospitais para soldados feridos no conflito.
Tudo muito bom, tudo muito bem. Até que Al Capp deu a pisada de bola da sua vida há exatos 43 anos. Em 1969, John Lennon e Yoko Ono ocupavam as suítes 1738 e 1742 do Queen Elizabeth Hotel, em Montreal, Canadá. Tratava-se do segundo "bed-in" na balada dos recém-casados John e Yoko - a modalidade pacífica de protesto que consistia, basicamente, em passar alguns dias no colchão sob um batalhão de flashes. Ao longo de uma semana, o casal recebeu o guru do LSD, Timothy Leary, a cantora britânica Petula Clark, o comediante Tommy Smothers, Dick Gregory (ativista pela causa negra), Jacques Larue-Langlois (defensor da separação de Quebec do Canadá) e membros do templo canadense Radha Krishna. Parte desse time se juntou em coro para gravar o hino "Give Peace a Chance". Mas por lá também apareceu o cartunista Al Capp. Um camarada, diga-se, visto como liberal e com uma indicação ao prêmio Nobel de Literatura por John Steinbeck (autor de As Vinhas da Ira) - mas que, nos anos 1960, deu uma guinada à direita e provocou a ira de vários ativistas anti-guerra, como a cantora Joan Baez, então parceira de Bob Dylan. Na visita, Al Capp chega, e apresenta-se com as palavras "Eu sou um Neanderthal fascista e terrível. Como você faz?", E mais tarde sarcasticamente parabenizou Lennon e Ono por estarem nus na capa do álbumTwo Virgins. "Acho que todo mundo deve isso ao mundo para provar que têm pêlos pubianos. Você já fez isso, e eu quero te dizer que eu o aplaudo por isso. Em seguida, despeja inúmeros insultos contra o casal e pede que Lennon dê explicações a respeito da letra de "The Ballad of John and Yoko", principalmente os versos sobre crucificação (em português: "Cristo, você sabe que não é fácil/ Você sabe o quão difícil pode ser/ Do jeito em que as coisas estão indo/ Eles vão me crucificar"). Lennon não estava esperando ser atacado. À certa altura ele pergunta aos assessores: “Quem convidou esse cara?“. Capp continua debochando da manifestação, em que Lennon falava pela paz mundial sentado numa cama sem fazer nada, sem nunca ter tido uma atuação política ou social efetiva. Lennon reclama uma segunda vez: “Ele não deveria estar aqui”.
"Se você assistir ao filme Imagine verá o estranho episódio com o cartunista Al Capp. Ele entra no quarto e é muito amargo e rude com John e Yoko. Al Capp é um idiota mau e velho, mas John foi brilhante com ele. John realmente tentou convencê-lo, mas você pode ver que ele (John) se controla. Acho que John se comportou muito bem lá, porque o cara realmente insultou Yoko - e isso é uma coisa que você não faz. Acho que John se saiu muito bem: 'Não vamos afundar ao seu nível'." Disse Paul McCartney. John disse: "Muitas grandes personalidades foram nos ver lá: Al Capp, Dick Gregory, Tim Leary e Rosemary, Tommy Smothers. Todos, cantaram em Give Peace A Chance, exceto Capp".
THE BEATLES - THE BALLAD OF JOHN & YOKO
Link para a sensacional matéria "A Balada de John & Yoko", publicada em 20 de março de 2012: http://obaudoedu.blogspot.com.br/2012/03/beatles-ballad-of-john-yoko.html
THE BEACH BOYS - GOD ONLY KNOWS
"Ela sempre me dá um nozinho na garganta", disse Paul McCartney sobre a balada no álbum Pet Sounds. Na mesma noite em que McCartney e John Lennon ouviram Pet Sounds em uma fesdta em Londres, McCartney escreveu "Here, There And Everywhere", que foi diretamente influenciada por "God Only Knows". O despretencioso vocal de Carl Wilson tem afinação perfeita, mas é o arranjo de metais, sinos, cordas e acordeão que dá a "God" sua atmosfera celestial; Brian Wilson estava fascinado pela espiritualidade e disse que a música saiu de sessões de oração dentro do estúdio. O único problema: o uso da palavra "Deus" no título assustou alguns programadores das rádios. "God Only Knows" tornou-se uma das músicas mais bem colocadas nas paradas no ano de 1966 e 1967, ultrapassando até alguns clássicos dos Beatles. Está na 25º posição na lista das melhores músicas de todos os tempos da revista Rolling Stone. Foi um recorde comercial e a revista Mojo a considerou a segunda música mais importante dos anos 60 atrás de Good Vibrations, também dos Beach Boys. Aí também já é exagero, na minha opinião.
BEN E. KING - STAND BY ME
Ben E. King compôs "Stand by Me" quando ainda era o vocalista principal do Drifters, mas o grupo não a quis. Como relembra King, o empresário do Drifters disse a ele: "Não é uma canção ruim, mas não precisamos". Depois que partiu em carreira solo, King ressuscitou "Stand by Me". Mostrei a música a Leiber", disse King. "Toquei no piano um pouquinho, ele chamou os músicos de volta para o estúdio e nós gravamos." "Stand by Me" tem sido um Standard de pop-soul desde então, interpretada por vários artistas, de John Lennon a Green Day. King nasceu em 28 de setembro de 1938 e está hoje com 73 anos.
A PEDIDOS - JOHN LENNON - STAND BY ME
Atendendo ao pedido de Ana Clara Moraes, aí está novamente (pela 13ª vez), nosso herói e a melhor regravação desta música que conheço. Abração, Ana Clara.
GEORGE HARRISON - DOCUMENTÁRIO RECEBE 2 PRÊMIOS EMMY
Nosso querido George Harrison tornou-se um vencedor do prêmio Emmy. O documentário "George Harrison: Living In The Material World ', recebeu na noite de 23 de setembro, em Los Angeles, dois Prêmios Emmy no Creative Arts Emmys. Martin Scorsese ganhou o prêmio de Melhor Documentário não ficção e de melhor Diretor de Programação não-ficção. "Marty foi capaz de invocar o espírito de George neste documentário e acho que, no final, é esse espírito que o público e os Emmys corresponderam". Disse Olivia Harrison em um comunicado.
SOBRE O FILME - Fonte: Omelete - Texto: Marcelo Hessel
Semanas antes de morrer, em 2001, George Harrison recebe na Suíça a visita de Ringo Starr. O baterista relembra, em um depoimento em George Harrison - Living in the Material World, que precisava logo em seguida viajar para Boston, onde sua filha também combatia um câncer. E George diz: "Quer que eu vá com você?". Para Ringo, essa frase era a cara do guitarrista, mas há muitas outras. Ao longo das três horas e meia do documentário de Martin Scorsese, divididas em duas partes, personalidades também pinçam frases que ajudam a definir o "Beatle quieto", mas o fato é que George Harrison não se deixa biografar facilmente. Introvertido, exige uma aproximação como esta do filme, que vai juntando impressões - tanto nos pequenos momentos quanto nos grandes eventos - para tentar entender o que o movia. O maior evento, obviamente, é a beatlemania, a quem Scorsese dedica um bom pedaço da Parte 1. Poucos minutos separam, no filme, o instante em que para George a banda ainda era só uma banda ("Esses somos nós, não há produto") e a constatação de uma persona pública ("Você olha e não reconhece essa pessoa que aparece nos jornais"). A partir do momento em que George se aproxima de Ravi Shankar e Maharishi e assume um protagonismo nas questões espirituais dentro dos Beatles, o documentário pega carona - e o tema da consciência que "vive no mundo material" passa a ditar o filme. O melhor momento desse início é a cena em que George e John Lennon estão em um debate na TV sobre meditação. A câmera está em Lennon, e de repente o "Beatle quieto" o interrompe e atravessa a resposta. Muitos entrevistados ao longo do filme mencionam a variação de humor de George, que podia ser acolhedor ou brutalmente franco em minutos, e nessa cena o lado sanguíneo do guitarrista fica evidente. Chama os descrentes de ignorantes. Ainda é um George jovem, pré-1970, e notamos em seu rosto uma irritabilidade que, no universo visual vastamente registrado e documentado da banda, não se percebia com frequência. Se depois dessa cena George Harrison - Living in the Material World deixa a desejar em termos de conflitos (o próprio jardim da casa onde ele dá entrevistas é pensado para transmitir paz) é porque o guitarrista era, acima de tudo, um conciliador. Fazia a ponte entre os ânimos de Lennon e Paul McCartney e, com o fim da banda, nunca deixou de se cercar de gente (os indianos, os krishnas, os motoqueiros, Monty Python, Thames Valley Gang, Traveling Wilburys). O que não deixa de ser uma curiosidade: o introvertido que se isolou do mundo em uma mansão no campo, que se encontrou na meditação, não vivia sem amigos. Outro aparente paradoxo: George pregava o desprendimento do "mundo material", mas é bastante volumoso o material de filmagens caseiras das turnês solo e do beatle e sua família. (Não compreendemos o biografado plenamente, mas registros de arquivo de sua imagem não faltam.) Para uma pessoa que perdeu a privacidade tão cedo e tão rapidamente, e que valoriza a interiorização, George parece bem confortável com a exposição - câmeras o pegam fazendo gargarejo, entrando no banho. Até mesmo quando foge com sua esposa para Fiji nas ferias de verão, depois da tentativa de homicídio que sofreu em 1999, George leva uma câmera portátil. É uma pessoa que aprendeu a exercitar o desapego (Eric Clapton discute abertamente no filme o episódio em que tirou a mulher do beatle) mas, ao mesmo tempo, tem sempre uma noção de legado. É como se, quando morresse, não planejasse deixar nada no mundo material, com exceção da sua imagem. Se isso não é ser uma celebridade, no sentido mais puro do termo, então não sei o que é. Em Fiji, porém, George não filma a si mesmo. A sua câmera mostra o movimento das ondas aos seus pés na praia, e vemos apenas a sombra do beatle, sua silhueta. No fim das contas é isso que Scorsese consegue capturar de George Harrison: sua presença no mundo. Enigmática e incompleta como toda presença que escapa de proporção, mas ainda assim uma presença possível de sentir.
Semanas antes de morrer, em 2001, George Harrison recebe na Suíça a visita de Ringo Starr. O baterista relembra, em um depoimento em George Harrison - Living in the Material World, que precisava logo em seguida viajar para Boston, onde sua filha também combatia um câncer. E George diz: "Quer que eu vá com você?". Para Ringo, essa frase era a cara do guitarrista, mas há muitas outras. Ao longo das três horas e meia do documentário de Martin Scorsese, divididas em duas partes, personalidades também pinçam frases que ajudam a definir o "Beatle quieto", mas o fato é que George Harrison não se deixa biografar facilmente. Introvertido, exige uma aproximação como esta do filme, que vai juntando impressões - tanto nos pequenos momentos quanto nos grandes eventos - para tentar entender o que o movia. O maior evento, obviamente, é a beatlemania, a quem Scorsese dedica um bom pedaço da Parte 1. Poucos minutos separam, no filme, o instante em que para George a banda ainda era só uma banda ("Esses somos nós, não há produto") e a constatação de uma persona pública ("Você olha e não reconhece essa pessoa que aparece nos jornais"). A partir do momento em que George se aproxima de Ravi Shankar e Maharishi e assume um protagonismo nas questões espirituais dentro dos Beatles, o documentário pega carona - e o tema da consciência que "vive no mundo material" passa a ditar o filme. O melhor momento desse início é a cena em que George e John Lennon estão em um debate na TV sobre meditação. A câmera está em Lennon, e de repente o "Beatle quieto" o interrompe e atravessa a resposta. Muitos entrevistados ao longo do filme mencionam a variação de humor de George, que podia ser acolhedor ou brutalmente franco em minutos, e nessa cena o lado sanguíneo do guitarrista fica evidente. Chama os descrentes de ignorantes. Ainda é um George jovem, pré-1970, e notamos em seu rosto uma irritabilidade que, no universo visual vastamente registrado e documentado da banda, não se percebia com frequência. Se depois dessa cena George Harrison - Living in the Material World deixa a desejar em termos de conflitos (o próprio jardim da casa onde ele dá entrevistas é pensado para transmitir paz) é porque o guitarrista era, acima de tudo, um conciliador. Fazia a ponte entre os ânimos de Lennon e Paul McCartney e, com o fim da banda, nunca deixou de se cercar de gente (os indianos, os krishnas, os motoqueiros, Monty Python, Thames Valley Gang, Traveling Wilburys). O que não deixa de ser uma curiosidade: o introvertido que se isolou do mundo em uma mansão no campo, que se encontrou na meditação, não vivia sem amigos. Outro aparente paradoxo: George pregava o desprendimento do "mundo material", mas é bastante volumoso o material de filmagens caseiras das turnês solo e do beatle e sua família. (Não compreendemos o biografado plenamente, mas registros de arquivo de sua imagem não faltam.) Para uma pessoa que perdeu a privacidade tão cedo e tão rapidamente, e que valoriza a interiorização, George parece bem confortável com a exposição - câmeras o pegam fazendo gargarejo, entrando no banho. Até mesmo quando foge com sua esposa para Fiji nas ferias de verão, depois da tentativa de homicídio que sofreu em 1999, George leva uma câmera portátil. É uma pessoa que aprendeu a exercitar o desapego (Eric Clapton discute abertamente no filme o episódio em que tirou a mulher do beatle) mas, ao mesmo tempo, tem sempre uma noção de legado. É como se, quando morresse, não planejasse deixar nada no mundo material, com exceção da sua imagem. Se isso não é ser uma celebridade, no sentido mais puro do termo, então não sei o que é. Em Fiji, porém, George não filma a si mesmo. A sua câmera mostra o movimento das ondas aos seus pés na praia, e vemos apenas a sombra do beatle, sua silhueta. No fim das contas é isso que Scorsese consegue capturar de George Harrison: sua presença no mundo. Enigmática e incompleta como toda presença que escapa de proporção, mas ainda assim uma presença possível de sentir.
THE BEATLES - IT WON'T BE LONG 2012
With The Beatles foi lançado em novembro de 1963, quando a beatlemania varria a Inglaterra. O retrato em preto e branco da capa, de Robert Freeman, no qual a metade de todos os rostos está na sombra, marca um momento decisivo na iconografia dos Beatles. Enquanto o álbum de estreia tinha sido gravado em um dia, as sessões de With The Beatles aconteceram ao longo de três meses, em uma mudança de uma sessão "ao vivo", pouco trabalhada, para uma produção pop mais sofisticada. "Foi quando descobrimos o double-tracking", John comentou posteriormente. "Quando descobri aquilo, comecei a gravar tudo em double-tracking. Eu não deixava nada ficar em single-tracked. Ele (George Martin) dizia 'por favor, só essa', e eu dizia 'não'.""It Won't Be Long" era a faixa de abertura do álbum e, num primeiro momento, havia sido escolhida por John como possível single após "She LovesYou", mas a estratégia foi descartada porque, como ele afirmou, "a música nunca deu certo de verdade". Composta como uma canção de amor, poderia ser a história do começo da vida de John. Solitário e rejeitado, ele espera a volta da garota que o abandonou. Como em muitas canções posteriores essa dramatiza a própria angústia, contrastada à vida despreocupada que imagina que todos levem, acreditando que assim que se reencontrar com sua amada todos os seus problemas serão solucionados. Thelma McGough, que começou a namorar John depois que a mãe dele morreu, em julho de 1958, acredita que as canções dele sobre rejeição não são baseadas em histórias de amor que deram errado, e sim no fato de ter sido abandonado pelo pai na infância e, mais tarde, pela mãe, acabando por ser criado pela tia. "Eu perdi minha mãe duas vezes", ele diria, "uma vez aos 5 anos e, de novo, aos 17." "Rejeição e traição faziam parte da experiência de vida dele", diz Thelma. "Quando eu o conheci, a primeira conversa de verdade que tivemos foi toda sobre isso porque o meu pai tinha feito exatamente a mesma coisa, então sentimos que tínhamos algo em comum. Isso nos aproximou. Além disso, não se pode esquecer que a mãe dele certa vez foi atropelada e, apesar de ele aparentar calma, estava sofrendo muito. Nós dois nos sentíamos muito abandonados. Havia uma grande diferença entre Paul e John, apesar de ambos terem perdido a mãe na adolescência. Paul tinha uma família muito próxima, uma ampla rede de primos e tias. O pai dele era maravilhoso. A vida de John era muito isolada. Ele morava com Mimi (irmã de sua mãe), que cuidava dele muito bem, mas não havia proximidade. Era uma relação muito fria a deles." Uma das coisas que animava John e Paul na época da composição era o jogo de palavras que tinham introduzido em torno de "belong". Apesar de ser uma pequena inovação para eles, se tornaria um marco de sua escrita mais sofisticada. Ironicamente, quando George usou "don't be long" em "Blue Jay Way", quatro anos depois, Charles Manson achou que ele estava dizendo "don't belong" e tomou isso como uma mensagem para que ele se livrasse da vida em sociedade.
quinta-feira, 27 de setembro de 2012
JIMMY MCCULLOCH - O MENINO PRODÍGIO
Matéria publicada originalmente em 27 de setembro de 2010
Jimmy McCulloch era o que se pode chamar de "guitarrista prodígio". James 'Jimmy' McCulloch nasceu em 4 de junho de 1953. Era um músico galês e foi o guitarrista solo dos Wings de Paul McCartney entre 1974 e 77. Antes disso ele tocou na banda psicodélica One in a Million, Thunderclap Newman e Stone the Crows, além de participações em álbuns como Whistle Rhymes, de John Entwistle em 72, onde tocou em duas faixas com Peter Frampton.
McCulloch era amigo do pessoal do The Who e sua banda, a Thunderclap Newman, foi criada e produzida por Pete Townshend e chegou a fazer sucesso com a música "Something in the Air". Em 1972, com 18 anos, James (Jimmy) McCulloch entrou para a banda de blues rock Stone the Crows, onde substituiu o guitarrista Les Harvey (eletrocutado no palco dia 2 de maio de 72) e tocou no álbum "Ontinuous Performance".
Com o fim dos Stones the Crows em 1973, McCulloch passou pela banda de Brian Joseph Friel com quem gravou o primeiro álbum com o pseudônimo "the Phantom", por questões contratuais. Depois, uniu-se ao Wings em abril de 1974 e a primeira música que gravou com a nova banda foi "Junior's Farm".
Em setembro de 1977 McCulloch foi despedido dos Wings por indisciplina para tocar com o Small Faces que havia se reformulado, mas não esquentou lugar e logo que saiu formou uma banda chamada Wild Horses com Brian Robertson, Jimmy Bain and Kenney Jones. A última banda de McCulloch foi The Dukes e a última canção gravada foi Heartbreaker, lançada no único álbum da banda.
McCulloch morreu em 27 de setembro de 1979, aos 26 anos, devido a uma overdose de heroína, em seu apartamento em Maida Valley, em West London. Anteriormente ele havia composto uma música anti-drogas chamada Medicine Jar, publicada no álbum dos Wings "Venus and Mars" e também "Wino Junko" do álbum "Wings at the Speed of Sound". Uma grande perda, sem dúvidas. Jimmy foi um dos melhores guitarristas de sua geração.
quarta-feira, 26 de setembro de 2012
ABBEY ROAD, O ÁLBUM - 43 ANOS DE SUCESSO
Há exatos 43 anos, em 26 de setembro de 1969, foi lançado pelos Beatles, seu derradeiro álbum: Abbey Road, nome dado em homenagem à rua de Londres onde situa-se o estúdio Abbey Road. Abbey Road está na lista dos 200 álbuns definitivos no Rock and Roll Hall of Fame, onde ocupa a 12ª posição. Apesar de ter sido o penúltimo álbum lançado pelos Beatles, foi o último a ser gravado. As músicas do último disco, "Let It Be", foram gravadas alguns meses antes das sessões que deram origem ao Abbey Road. O álbum é considerado um dos melhores do grupo e parecia que os momentos de turbulências haviam passado e tudo havia voltado ao normal entre eles, mas na verdade o maior problema começou a esquentar: Uma terrível guerra de egos. Após a morte de Brian Epstein, Paul McCartney queria que Lee Eastman, advogado de sucesso e pai de Linda Eastman, tomasse conta dos negócios mas os outros (Jon&Yoko), desconfiando e visando uma proteção maior ao legado de todos sugeriram que Allen Klein, (que era promotor dos Stones e já vinha tentando "roubar" os Beatles de Epstein há muito tempo), era a melhor opção pelo seu jeito durão de "homem das ruas". McCartney não concordou por achar absurdo pagar 15% de todos os lucros para Klein. Após a separação da banda, Eastman foi advogado da carreira solo de Paul e Allen Klein foi a justiça por ter roubado uma média de mais de 5 milhões de dólares dos Beatles.
George Martin produziu e orquestrou o disco junto com Geoff Emerick como engenheiro de som, Alan Parsons como assistente de som e Tony Banks como operador de fitas. Martin considera Abbey Road o melhor disco que os Beatles fizeram. E não é por menos: ele é o mais bem acabado de todos, um dos mais cuidadosamente produzidos (comparável somente a Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band). Sua estrutura foi bastante pensada e discutida, e as visões discordantes dos integrantes da banda só contribuíram para a riqueza da criação final.
Também foi em Abbey Road que George Harrison se firmou como um compositor de primeira linha. Após anos vivendo sob a sombra de John Lennon e McCartney, ele finalmente emplacou dois grandes sucessos com este álbum: "Here Comes the Sun" e "Something". Ambas foram regravadas incessantemente ao longo dos anos, sendo que Something chegou a ser apontada pela revista Time como "a melhor música do disco" e como a segunda música mais interpretada no mundo, atrás somente de "Yesterday", também dos Beatles. Este disco foi marcado pelo uso de novos recursos tecnológicos que estavam surgindo na época. Um deles foi o sintetizador Moog, que começava a ser utilizado em maior escala dentro do rock. Ele possibilitava que virtualmente qualquer som fosse gerado eletronicamente. O Moog pode ser notado claramente em músicas como "Here Comes the Sun", "Maxwell's Silver Hammer" e "Because".
Confira também sobre "Abbey Road":http://obaudoedu.blogspot.com.br/2012/08/abbey-road-magia-de-uma-rua-que.html
SELEÇÕES - PAUL McCARTNEY - "EM BUSCA DO AMOR"
A matéria que a gente confere agora, na íntegra sobre "Os Amores de Paul McCartney" foi publicada em 15 páginas da revista Seleções Reader's Digest de maio de 2012. Apesar de ser meio longa, a matéria é rica e esclarecedora em alguns pontos meio obscuros dos romances que Paul vivenciou. Vale à pena ler com atenção cada linha e também as entrelinhas. Abração!
Em 11 de maio de 1968, Paul McCartney e John Lennon foram para Nova York promover sua empresa, a Apple Records. Uma multidão de tamanho considerável os recebeu no Aeroporto John F. Kennedy e os acompanhou até o hotel. No dia seguinte, os dois Beatles fizeram uma reunião num barco que circundou a Estátua da Liberdade e, mais tarde, deram uma entrevista coletiva. A fotógrafa Linda Eastman compareceu à entrevista. No verão anterior, em Londres, Paul conhecera a jovem. Ela tirava fotos, para um livro sobre músicos, e os dois foram apresentados num bar. Ela foi à casa de Paul com várias pessoas, mas as lembranças do que aconteceu naquela noite são nebulosas. "A gente só pensa: é mais uma garota, mais uma noite", observou Dudley Edwards, amigo de McCartney. - Foi na entrevista coletiva sobre a Apple que minha relação com Paul se reacendeu - recordou Linda. - Consegui lhe passar o número do meu telefone. Ele me ligou e disse que partiriam naquela noite, mas gos¬taria que eu fosse ao aeroporto com eles. E fui na limusine, enfiada entre Paul e John. Nat Weiss, sócio da Apple em Nova York, também estava na limusine. Para ele, tudo fazia parte da campanha in¬cansável de Linda para transformar Paul em seu marido. "Foi Linda quem ficou mais tempo atrás dele", disse. "Mas acho que naquele momento ele ainda não se decidira por ela." McCartney voltou à Inglaterra para gravar The Beatles, mais conhecido como Álbum Branco, por causa da capa - um disco abertamente ambicioso e artístico. Nesse estágio da carreira, os Beatles trabalhavam individualmente e criavam músicas muito pessoais e diferentes. Enquanto John Lennon compunha canções como "Revolution" e "Yer Blues" e George Harrison contribuía com "While My Guitar Gently Weeps", Paul apresentou algumas das faixas mais famosas e duradouras do disco, como "Back In the USSR", "Blackbird", "Mother Nature's Son" e a deliciosamente boba "Rocky Raccoon". Em parte, a variedade musical resultava de os Beatles não serem mais um time harmonioso. Brigavam cada vez mais, muitas vezes trabalhando em canções próprias, implicando uns com os outros e com a equipe. De certo modo, Yoko Ono foi responsável pela sacudida, embora sua presença acabasse se mostrando prejudicial. Ela usurpou o lugar de Cynthia, a primeira mulher de John Lennon, e se mudou para Kenwood, a propriedade campestre de John. Yoko ia a toda parte com ele, inclu¬sive às gravações dos Beatles. Não era como Cynthia nem como as esposas de George e Ringo, todas parceiras dóceis dos Beatles. E não era como Jane Asher, a eterna namorada de Paul, que seguia a carreira de atriz e se esforçava para não se imiscuir no trabalho dele. Quando o grupo se reuniu no fim de maio de 1968, Paul, George e Ringo ficaram embasbacados ao ver Yoko sentada ao lado de John, decidida a ali permanecer durante a gravação. No passado, os Beatles não gostavam de gente no estúdio, a não ser, de vez em quando, alguém para fazer os vocais ou tocar um pandeiro. E ali estava Yoko, sentada com os rapazes, fazendo vo¬cais e dando opinião na sala da técnica. Também nunca se vira um membro do grupo sair de Londres durante a produção de um disco. Mas Paul, George e Ringo decidiram sair da cidade. Paul foi para o norte para ser padrinho de casamento do irmão e levou Jane Asher consigo.
Apesar de noivos, Paul e Jane não estavam se dando bem. Pareciam felizes na festa de casamento, mas assim que voltou a Londres Paul levou outra mulher para a cama. Era Francie Schwartz, que fora a Londres tentar vender um roteiro de filme para a Apple. Francie não tardou a se mudar para a casa de Paul em Londres, conhecida como Cavendish, e ir com ele à sede da Apple. Mudança de guarda Paul voltou ao estúdio de gravação para trabalhar mais. Depois, partiu de novo para Los Angeles numa viagem de negócios. Enquanto fazia escala em Nova York, ligou para Linda Eastman. Deixou recado dizendo que estava a caminho da costa oeste do país e que ficaria no Beverly Hills Hotel. Naquela noite, Paul se hospedou no hotel e foi para as boates. Na manhã seguinte, ficou na piscina com garotas que conhecera. Mais tarde, foi a uma reunião na Capitol Records. Quando voltou ao hotel para trocar de roupa antes do próximo compromisso, lá estava Linda sentada à sua porta. Ela pegara o primeiro voo disponível em Nova York. - Assim, Paul me encarregou de enxotar todo mundo imediatamente e se trancou no quarto com ela - recordou Tony Bramwell, funcionário da Apple. Paul e Linda passaram o dia seguinte juntos na lancha do diretor de cinema Mike Nichols. - Ficaram absolutamente insepa¬ráveis; foi instantâneo - observou Bramwell. - Ela era perfeita para ele: maternal, de seios grandes, com um je ne sais quoi. Todos nos espantamos com a profundidade do sentimento que Paul obviamente tinha por Linda - acrescentou, observando que, no dia seguinte, quando saíram do Beverly Hills Hotel, Paul e Linda pareciam "irmãos siameses, de mãos dadas e fitando-se nos olhos até o aeroporto". Linda voltou a Nova York e Paul foi para Londres. Ele retomou o trabalho no novo disco e em vários outros projetos da Apple. Corria de casa para o escritório, o estúdio e as boates, enquanto os Beatles se irritavam cada vez mais uns com os outros. Nesse ínterim, a vida pessoal de Paul virava uma farsa. Certa manhã, de acordo com Francie, ela e Paul estavam juntos na cama em Cavendish quando ouviram bati¬das à porta do quarto. - Quem é? - perguntou Paul, porque sempre havia amigos passando pela casa. - Jane - respondeu a noiva, que vol¬tara a Londres para participar de um peça. Paul pulou da cama, vestiu uma roupa qualquer e levou Jane pela escada até o jardim. Francie apareceu na janela. Paul berrou com Francie para que voltasse para dentro. Então Jane foi embora. Pouco depois, a mãe dela foi lá encaixotar os pertences da filha. Alguns dias mais tarde, Jane apare¬ceu num programa de TV e disse ao entrevistador que rompera o noivado com Paul. "Acabou", disse ela com firmeza, e foi tudo o que disse sobre o assunto, naquele momento e para sempre. Enquanto isso, John e Yoko saíram de Kenwood e se hospedaram na casa de Paul em Cavendish. Eles faziam programas juntos, mas a situação co¬meçou a ficar desagradável e John e Yoko foram morar com Ringo no seu apartamento de Londres. Nesse estágio, Paul liberou Francie. - Ela achava que havia muito amor dele por ela - disse Tony Barrow, o relações-públicas dos Beatles. - Mas não que eu conseguisse perceber. Ele a usou o tempo todo. Nessa ocasião, John pedia o divórcio, e muita gente ligada aos Beatles evitou falar com Cynthia para não ofender John. Mas Paul entrou em contato e, certo dia, foi até Kenwood dizer a ela que sentia muito pelo modo como John a tratara. Era hábito de Paul inventar canções a caminho de Kenwood, pois, nos velhos tempos, ele e John se encontravam lá para compor. Mais uma vez, a viagem ge¬rou uma canção que pretendia alegrar Julian, o filho de 5 anos de John. - Comecei com a ideia: Hey Jules, que era Julian, don't make it bad, take a sad song and make it better. Hey, try to deal with this terrible thing. [Jules, não leve a mal, pegue uma música triste e a melhore. Ei, tente lidar com essa situação terrível.] Ironicamente Paul aperfeiçoou a música em casa, enquanto John e Yoko estavam lá hospedados. Os Beatles gravaram "Hey Jude" num compacto, e não no Disco Branco. Foi uma atitude incomum, porque a música durava sete minutos, numa época em que a maioria das canções pop tinha menos de três. Paul cantou a primeira palavra, "Hey", antes de dar uma nota e tocou o primeiro acorde no piano ao can¬tar "Jude". Depois, acompanhou-se, e os outros entraram na segunda es- a sad song and make it better. Hey, try to deal with this terrible thing. [Jules, não leve a mal, pegue uma música triste e a melhore. Ei, tente lidar com essa situação terrível.] Ironicamente Paul aperfeiçoou a música em casa, enquanto John e Yoko estavam lá hospedados. Os Beatles gravaram "Hey Jude" num compacto, e não no Disco Branco. Foi uma atitude incomum, porque a música durava sete minutos, numa época em que a maioria das canções pop tinha menos de três. Mas, afora a gravação de "Hey Jude", os Beatles provocavam um caos no estúdio. Como disse George Harrison, havia uma "vibração estranha". Então, Ringo deixou o grupo temporariamente. Disse que não estava tocando bem e se sentia fora de tudo, e afirmou que "vocês três é que estão realmente próximos". John respondeu que achava que os outros três é que estavam realmente próximos, enquanto George, o mais novo, sempre se sentia ignorado por Paul e John. Enquanto isso, Paul se cansava da vida hedonista de solteiro. Por isso, fez contato com a única mulher que tivera importância para ele nos últimos meses. Linda estava na Califórnia a trabalho quando Paul ligou e a convidou para ir a Londres. Ela terminou as fotografias, voltou para Nova York e de lá seguiu para Londres. Paul estava no estúdio quando ela chegou, e Linda foi à Abbey Road e tirou fotos do grupo. O mês de setembro de 1968 estava acabando, era quase o fim dos Beatles, mas o começo da vida conjunta de Paul e Linda.
Linda, um ano mais velha que Paul, era filha de um rico advogado de Nova York, com clientes do show business que pagavam bem. Era judia, mas o pai mudara o sobrenome de Epstein para Eastman. Linda, loura e alta, foi criada em Nova York e cresceu dentro dos padrões de uma classe bem-sucedida, tal como era o sobrenome escolhido pelo pai. Com 17 anos, Linda foi para a Universidade do Arizona, onde conheceu o primeiro marido, Mel See. Casou-se e teve uma filha com ele. Dois anos depois o casal se separou, e Linda voltou com a filha para Nova York. Alugou um apartamento e começou a carreira de fotógrafa, registrando festas de ricos e famosos. Sempre acompanhava grupos de rock, e, quando conheceu Paul, já tivera pelo menos vinte amantes, muitos famosos. Era visível que, além de se divertir, ela procurava alguém rico e antenado que pudesse cuidar dela. Um amigo de Nova York se lembra de Linda ter lhe dito, antes mesmo de conhecer Paul, que estava de olho nele. "Ela disse que ia se casar com ele." Além de ser sua amante, Linda era o braço direito de Paul. "Ela tomava conta dele", disse o agente Peter Brown. "Era total e completamente leal, e cuidava de suas coisas em casa e em qualquer lugar." Outra qualidade apreciada por Paul era que Linda preferia a vida simples, e, até certo ponto, ele também. Gostava da autoconfiança de Linda, tão tipicamente americana. Ambos eram tranquilos e abertos quanto a sexo. Contaram um ao outro tudo sobre seu passado. Linda mergulhara no rock de um jeito que Jane, a ex-namorada, nunca fizera, e, ao contrário de Jane, não era careta quanto às drogas. Embora fosse uma mulher moderna e liberada, de um jeito ou de outro, Lin (como Paul a chamava) não se dedicava muito a construir uma carreira. Já se cansara de tentar ganhar a vida como fotógrafa de rock, e estava mais do que disposta a se estabelecer com um homem que pudesse cuidar dela e da filha. Ficaria contente de deixar Paul assumir o papel masculino tradicional, que parecia a ordem natural para um homem que, apesar da vida sofisticada, era produto da conservadora classe operária do norte da Inglaterra. Quando Linda mencionou que não queria mais tomar a pílula, Paul concordou, e ela engravidou. Os dois resolveram se casar e, em 12 de março de 1969, foram ao cartório e assinaram o livro de registro de matrimónios. Passaram numa igreja para receber a bênção, deram uma festa num hotel e partiram para a lua de mel em Nova York.
Linda entrou na vida de Paul numa época difícil. Os Beatles estavam se separando, e, em consequência disso, Paul quase entrou em crise. "A dor daquilo tudo, o desapontamento e a tristeza de perder um grupo tão bom, amigos tão bons... Eu estava enlouquecendo. Não me levantava de manhã, e quando me levantava era para beber." Ironicamente, havia semelhanças notáveis entre Linda e Yoko, duas mulheres fortes que afastaram a cotoveladas as inglesas doces e leais com quem John e Paul ficaram durante tanto tempo. Yoko, mais velha do que Linda, nasceu no Japão e foi para os Estados Unidos quando menina, tornando-se quase tão americana quanto a própria Linda. O pai de Yoko, financista de Nova York, era rico, assim como o de Linda. Tanto Linda quanto Yoko participavam da vida boémia de Nova York: Yoko como artista plástica conceitual, Linda como fotógrafa. Além disso, ao conhecerem os Beatles, ambas eram divorciadas com filhas pequenas. Foi Linda quem disse a Paul que havia um caminho pela frente. Mostrou-o que ele podia fazer música sem os Beatles. Ela ajudaria, se ele quisesse. Assim, Paul começou a pensar na carreira pós-Beatles, confiando nos conselhos de Linda e desenvolvendo uma devoção ainda mais profunda pela mulher. Ficaram tão íntimos que eram como gêmeos. Pouco depois de se casarem, ele compôs "Maybe I'm Amazed", forte expressão de amor conjugal pela mulher que o salvara de uma situação que, como cantou, ele não entendia. Mais tarde, escreveu outra música de devoção a Linda, "My Love", que liderou as paradas de sucesso em 1973. Ao casar com Paul, Linda se tornou um personagem público. Mas os meios de comunicação a achavam corrosiva e sem charme. Alguns amigos de Paul a consideravam uma fraude que o manipulava e o usava para virar estrela. Mas foi Paul quem insistiu que ela entrasse para o grupo Wings, embora fosse visivelmente amadora. E a maioria achava que Linda não estava interessada na fama, mas animava Paul representando uma integrante do grupo. Paul e Linda compuseram e saíram juntos em turnês. Paul adotou a filha de Linda e o casal teve mais três filhos, e levaram uma vida bastante voltada para a família nas várias propriedades na Inglaterra. Linda era apegada aos animais, e, sob sua influência, Paul também se tornou louco por bichos. Mais tarde, Linda foi quem motivou o marido e os filhos a se tornar ve¬getarianos; chegaram a dar alimentos da dieta vegetariana aos animais de estimação sempre que possível. Ser pai mudou Paul. A vida familiar era o que importava, e, quando o Wings fazia turnês, havia um forte laço de família no empreendimento. Nos bastidores, era fácil encontrar os pequenos McCartneys desenhando ou dormindo em camas de armar. Numa turnê europeia, eles equiparam um ônibus de cores vivas com colchões e almofadões de bolinhas, dando muita diversão às crianças.
Embora o casal continuasse a fumar maconha, Linda proibiu o uso de drogas nos bastidores dos espetáculos. Houve também a proibição oficial da presença de fãs ardorosas. Assim, Linda mantinha Paul longe da tentação, embora ele não mostrasse sinais de traição. "Nunca vi Paul com outra mulher", diz Denny Laine, integrante do grupo. Na verdade, Denny raramente via Paul sem Linda. Quando ele entrava numa sala, podia-se apostar que Linda ia atrás. "Ele queria alguém em quem confiar", diz Denny, explicando a atração que Paul sentia pela mulher. "Ela era de família rica, então ele sabia que Linda não estava com ele pelo dinheiro, e juntos tinham as crianças. Elas iam com eles a toda parte. Era uma vida que Paul nunca tivera e que realmente amava." Foi em 1995 que Linda sentiu um caroço na axila e procurou o médico. Fez uma lumpectomia em dezembro de 1995 para remover o tumor canceroso e o tecido circundante. Depois, Paul e Linda foram para sua propriedade em Sussex, para que ela se recuperasse. Enquanto cuidava da mulher, Paul se lembrou da doença da mãe - que morreu de câncer de mama em 1956, quando Paul tinha 14 anos -, trauma que nunca esqueceu nem superou por completo. Paul idealizava a mãe, mulher que trabalhava como parteira e enfermeira mas que, à noite, chegava em casa para preparar o jantar e sempre tinha tempo para os filhos. Paul imortalizou a mãe e as trabalhadoras como ela em Lady Madonna, children at your feet/Wonder how you manage to make ends meet [Lady Madona, com filhos aos pés, como é que consegue manter as contas pagas]. Agora a mulher sofria o mesmo destino. No verão de 1997, foram a Nova York para Linda se tratar no renomado Centro de Câncer Memorial Sloan-Kettering, e descobriram que o câncer tinha se espalhado para a outra mama. Tentaram todos os tratamen¬tos, consultaram médicos famosos em Londres e Nova York, com doses fortíssimas de quimioterapia, além de um transplante de medula óssea. Foram ao Arizona tentar terapias alternativas. Mas o fígado dela au¬mentara, indicando que o câncer se espalhara. Em abril de 1998, voaram para Tucson, onde tinham um esconderijo no deserto. O fígado de Linda começou a falhar. Em 15 de abril, Paul e Linda foram passear a cavalo. No dia 16, ao nascer do sol, Linda estava mal demais para se levantar e passou o dia na cama. Entrou em coma. Os filhos vieram lhe dizer que a amavam. Naquela madrugada, por volta das 3 horas, ela ficou inquieta. Paul se deitou na cama ao seu lado e lhe disse que ela estava a cavalo, passeando pela floresta de Sussex - "os jacintos estão abertos e o céu é azul-claro". Quando terminou a história, a esposa estava morta.
Em maio de 1999, Paul McCartney foi a uma entrega de prêmios em Londres para homenagear "quem faz a diferença". Era uma tentativa do Daily Mirror, jornal que patrocinava o evento, de tirar o ex-Beatle do luto. McCartney pouco tinha sido visto durante os 13 meses desde a morte da mulher. No final da cerimônia, uma mulher de 31 anos, bonita, com uma blusa vermelha transparente, entrou no palco. Tinha um sorriso aberto e convidativo e, sedutora, jogou para trás o cabelo louro e farto. Apresentou uma estudante que demonstrara coragem ao perder as pernas por septicemia. Embora à primeira vista não fosse óbvio, a mulher de blusa vermelha também era amputada e usava uma perna mecânica. Uma leve rigidez no andar era o único sinal de deficiência. - Quem é aquela? - perguntou Paul a Piers Morgan, editor do Mirror (e, recentemente, mais famoso como jurado de reality shows na TV). - Heather Mills - respondeu o jornalista, dando breves informações sobre aquela celebridade menor do mundo da imprensa marrom: a modelo corajosa que perdera a perna num acidente de trânsito e agora levantava dinheiro para caridade. Depois da cerimónia, Heather Mills foi para o Camboja. Quando voltou para casa, havia um recado no telefone: "Aqui é Paul McCartney. Quero conversar sobre sua obra de caridade." Paul convidou-a para ir ao seu escritório e fez a doação de 150 mil libras. Como Paul McCartney, Heather fora criada na classe operária do norte da Inglaterra. Nascida em 1968, tivera uma vida familiar complicada. Fla¬grada furtando lojas aos 10 anos, fugiu de casa aos 14, dormiu debaixo de via¬dutos e acabou se envolvendo com a indústria do sexo. Conheceu o primeiro marido num bar de Nova York. Em 1990, foi passar as férias esquiando na Iugoslávia; lá, teve um caso com um professor de es¬qui e acabou no meio da guerra civil. Sensibilizou-se com os que perdiam membros nas explosões de minas. Voltou a Londres para levantar recursos para a causa e se divorciar do marido. Certa noite, numa boate, conheceu um rico corretor de ações e, mais tarde, quando atravessavam a Kensington Road, uma motocicleta a atropelou e lhe arrancou o pé esquerdo. Os cirurgiões tiveram de amputar a perna até o joelho. A imprensa queria contar a história da modelo corajosa que sofrera uma amputação, e Heather leiloou a reportagem no leito do hospital. Começou a aparecer nos tabloides e nos pro¬gramas de televisão. Logo tornou-se apresentadora, escrevia uma autobio¬grafia e conversava com jornalistas sobre sua obra de caridade e a vida amorosa. Então, ela começou a sair com o mais famoso inglês vivo. Naquele verão de 1999, acompanhou Paul até os Estados Unidos, onde ele possuía uma casa à beira-mar no famoso balneário de Hamptons, em Nova York. Depois de voltarem à Inglaterra, tornaram-se inseparáveis. Fizeram inclusive um disco em que Heather falava de pessoas mutiladas, enquanto Paul tocava violão ao fundo. No Halloween, Paul e Heather ficaram noivos num hotel de Londres, num quarto cheio de lanternas de abóbora. Alguns dias depois, o casal deu uma festa na casa de Paul. Rejuvenescido pela relação com Heather, Paul assumiu as rédeas da carreira, que largara com a morte da mulher. Assim como Linda Eastman o salvara quando sofria com o rompimento dos Beatles, agora Heather Mills o tirava do luto. Ela era uma mulher de fibra. Após a adolescência, McCartney ficou fa¬moso e gozava de uma situação em que quase todos o veneravam. A maioria não conseguia se comportar normalmente perto do ex-Beatle. Mas Heather, como Linda, era um par perfeito para o companheiro dominante e voluntarioso. Ao menos um dos amigos de Paul achou que Heather se aproveitou de sua vulnerabilidade depois da morte de Linda. Afinal de contas, havia semelhanças entre as duas: ambas louras de seios grandes, bastante vívidas. Outros não conseguiam entender direito o que ele via em Heather, celebridade desimportante, com um passado duvidoso e adepta da autopromoção. Mas, mesmo depois que surgiram fotos de nudez em revistas e reportagens dizendo que Heather fora "garota de programa" recompensada com presentes e dinheiro por árabes ricos em busca de companhia, Paul apoiou a nova namorada. E, em 11 de junho de 2002, os dois se casaram. Mas o casamento logo enfrentou problemas. Paul esperava que Heather ficasse em casa e representasse o papel de mãe e dona de casa tradicional, como Linda fizera quando se casaram. Mas Heather se cansou do pedido de Paul para cozinhar todas as noites. E não gostou de ver sua obra de caridade ofuscada pela carreira musical de Paul. Na verdade, ela parecia achar o marido meio chato. "Esse homem fez o que quis a vida inteira", disse ela em entrevista a Barbara Walters. "Para quem fica famoso aos 19 anos, às vezes é difícil dar ouvidos à opinião alheia." À medida que saíam mais reportagens sobre o passado de Heather - que roubara um chefe e fora acusada pela imprensa de ter trabalhado como prostituta -, os amigos de Paul se voltavam cada vez mais contra ela. Um de seus colegas afirmou que a única ambição de Heather era "encontrar um homem rico que lhe desse um bom estilo de vida e algum prestígio e status". Enquanto isso, Paul usava seus contatos para ajudar Heather a levantar recursos e aparecer na TV. Também lhe deu 250 mil libras de presente duas vezes e lhe comprou uma casa de praia no litoral sul da Grã-Bretanha. Mas ela queria sempre mais. Pediu ao contador de Paul que pagasse a hipoteca de 480 mil libras de uma de suas propriedades. O contador não pagou pela simples razão de que não havia hipoteca nenhuma - situação classificada mais tarde no tribunal como próxima ao estelionato. Em maio de 2006, o casal se separou. Em março de 2008, após uma ferrenha batalha jurídica, o tribunal britânico concedeu o divórcio e o pagamento a Heather de 24,3 milhões de libras - bem menos do que ela pedira, mas ainda assim o suficiente para deixá-la rica.
Em 2007, Paul foi visto com uma nova namorada, a morena e magérrima Nancy Shevell, herdeira de uma fortuna no setor de transporte de cargas nos EUA. Como Heather, ela é bem mais nova do que Paul. Mas em outros aspectos se parece com Linda: judia americana, filha de um homem que en¬riqueceu por esforço próprio, formada no Arizona, com casa em Nova York e um filho de uma relação anterior... O casal foi fotografado pela primeira vez numa praia em Hamptons. Passaram juntos as férias da primavera de 2008 e, mais tarde, cruzaram o país de carro, indo da costa leste à oeste - uma viagem que Paul sempre quis fazer. Pelo caminho, encontraram pessoas comuns em postos de gasolina e lanchonetes, e pareciam um casal feliz por estar junto, feliz ao posar para fotos. Hoje, com 69 anos, Paul McCartney ainda faz música e shows. Sua última turnê, On the Run, incluiu apresenta¬ções em Recife e Florianópolis no fim do mês passado. Também nos útlimos dois anos o cantor se apresentou no Brasil e os ingressos foram esgotados em pouquíssimos dias. E em 9 de outubro de 2011, quando seria o 70º aniversário de John Lennon, Paul McCartney fez de Nancy Shevell sua terceira esposa. Várias celebridades compareceram à festa, como Ringo Starr, o outro Beatle que ainda vive. A cerimônia aconteceu no Old Marylebone Town Hall, em Lon¬dres, onde McCartney se casou com Linda Eastman mais de 40 anos atrás.
terça-feira, 25 de setembro de 2012
ERIC CLAPTON - SAN FRANCISCO BAY BLUES - DEMAIS!
Com um abração forte e apertado para o amigo João Carlos!
MAY PANG - "O FIM DE SEMANA PERDIDO"
May Pang Yee Fung nasceu em 24 de outubro de 1950 e se tornou mais conhecida como a ex-namorada de John Lennon. Ela já havia trabalhado como assistente pessoal e coordenadora de produção para Lennon e sua esposa, Yoko Ono. Em 1973, Lennon e Ono se separaram, e Lennon e Pang tiveram um relacionamento que durou mais de 18 meses. Lennon mais tarde definiria esse período como seu "fim de semana perdido".
May Pang é filha de imigrantes chineses e cresceu em Nova York com uma irmã mais velha e um irmão adotivo (ambos nasceram na China). Depois de se formar na Academia de Saint Michael, Pang participou da Nova York Community College. Ela queria ser modelo, mas foi dito que ela era muito "étnica" pelas agências de modelos. Em 1970, ela começou trabalhar em Nova York como recepcionista da ABKCO, o escritório de gestão Allen Klein, que na época representava a Apple Records e três ex-Beatles: John Lennon, George Harrison e Ringo Starr. May Pang foi convidada para ajudar os Lennons com suas artes de vanguarda e projetos de cinema. Depois tornou-se secretária do casal fazendo para eles uma ponte entre Nova York e Londres, o que a levou a uma posição permanente como sua assistente pessoal.
John Lennon chamou o seu relacionamento de 18 meses com May Pang de "fim de semana perdido", uma referência ao filme e novela de mesmo nome. No verão de 1973, Pang estava trabalhando na gravação do álbum Mind Games. John Lennon e Yoko Ono estavam tendo problemas conjugais e decidiram se separar, e Yoko sugeriu a Pang que se tornasse companheira de Lennon. Ono explicou que ela e Lennon não estavam se dando bem e estavam se distanciando, e que Lennon precisava começar a conviver com outras mulheres. Disse também que John Lennon a achava sexualmente atraente. Pang respondeu que nunca poderia começar um relacionamento com Lennon sendo ele seu patrão. Ono ignorou os protestos de Pang e disse que providenciaria tudo. Em outubro de 1973, Lennon e Pang sairam de Nova York para Los Angeles para promover Mind Games, e decidiram ficar lá por um tempo, vivendo pelas casas dos amigos.
Enquanto estavam em Los Angeles, Lennon resolveu embarcar em dois novos projetos de gravação: fazer um álbum de canções do velho rock 'n' roll que o inspiraram a se tornar músico, e para produzir um outro artista. Em dezembro de 1973, Lennon começou a trabalhar com Phil Spector para gravar o álbum com os velhos rocks. Estas sessões de gravação movidas a álcool tornaram-se lendárias. Cada músico de Los Angeles queria participar, mas se assustavam com o comportamento errático de Spector, que incluía disparar uma arma na sala de controle do estúdio. Isso fez com que as sessões de gravação fossem interrompidas. Spector, alegou ter sofrido um acidente de carro, e sumiu com as fitas.
Em março de 1974, Lennon começou a produzir o álbum de Harry Nilsson "Pussy Cats", chamado assim para contrariar a imagem de "bad boys" que os dois ganharam na mídia depois de dois incidentes no The Troubadour: primeiro quando Lennon colocou um absorvente na testa e os dois entraram em confronto com uma garçonete e, duas semanas depois, quando Lennon e Nilsson foram expulsos do clube depois de insultarem à banda Smothers Brothers. Lennon achou que seria uma boa ideia para os músicos viverem sob o mesmo teto para garantir que chegariam ao estúdio em tempo, assim Pang alugou uma casa de praia em Santa Monica, para ela, Lennon, Nilsson, Ringo Starr e Keith Moon viverem naquele momento.
Pang encorajou Lennon a se aproximar mais da família e dos amigos. Em Santa Monica, John Lennon e Paul McCartney tocaram juntos pela primeira vez depois da separação dos Beatles. Ela também providenciou para Julian Lennon visitar seu pai, pela primeira vez em quatro anos. Julian começou a ver seu pai mais regularmente. Lennon comprou para ele uma guitarra Gibson Les Paul e uma bateria eletrônica para o natal, e incentivou seu interesse pela música, ensinando-lhe alguns acordes.
Em junho de 1974, John Lennon e May Pang voltaram a viver em Nova York. Lennon parou de beber e se concentrou na gravação do seu novo álbum. No início do verão, quando Lennon já estava trabalhando álbum "Walls And Bridges", o casal se mudou para um apartamento de cobertura em 434 Leste da rua 52 , onde Lennon e Pang afirmam ter visto um OVNI em 23 de agosto de 1974, a partir de seu terraço, que tinha uma vista panorâmica do leste de Nova York. Na noite em questão, Lennon nu gritava animadamente chamado Pang se juntar a ele do lado de fora para os dois assistirem a aparição de um objeto circular flutuar silenciosamente a menos de 100 metros de distância.
"Walls And Bridges", chegou ao topo das paradas. Com ele, Lennon conseguiu seu único primeiro lugar na vida como artista solo: "Whatever Gets You Thru the Night". Pang é a voz que sussurra o nome de John em "# 9 Dream". Outra canção, "Surprise, Surprise (Sweet Bird of Paradox)", foi escrita sobre ela e Julian tocou bateria na última faixa do álbum, "Ya Ya". Al Coury, então vice- presidente da Capitol Records, tinha posse das fitas das sessões caóticas de Spector que as trouxe para Nova York. Lennon iria completar seu álbum de "oldies", que seria chamado de "Rock 'n' Roll", com os mesmos músicos que ele usou em Walls And Bridges. Pang continuou seu trabalho como coordenadora de produção do álbum "Rock 'n' Roll", onde foi creditada como "Madre Superiora". Ela também trabalhou em álbuns de Nilsson, Ringo Starr, Elton John e David Bowie.
Ao visitarem Mick Jagger em Montauk, Nova York, Lennon e Pang viram uma casa em estilo escocês que estava à venda. Lennon pediu a um corretor de imóveis que fizesse uma oferta para ele em fevereiro de 1975. Os dois também estavam planejando visitar Paul e Linda McCartney em Nova Orleans em fevereiro de 1975, onde os Wings estavam gravando a "Venus And Mars", mas Lennon se reconciliou com Yoko Ono um dia antes da visita prevista, após Yoko Ono lhe dizer que tinha uma nova cura para o hábito de fumar de Lennon.
Depois que Lennon voltou para Yoko Ono, Pang começou a trabalhar para a United Artists e Island Records como gerente, trabalhando em álbuns de Bob Marley e Robert Palmer.
Em 1983, May Pang publicou seu livro de memórias, "Loving John" que mais tarde foi atualizado e renomeado para "John Lennon: The Lost Weekend". O original de 500 páginas se concentrou mais no papel que ela teve nos álbuns e sessões de Lennon. No livro, ela também incluiu cartões postais que Lennon lhe mandara durante suas viagens por todo o mundo nos anos 70. Pang afirma que ela e Lennon foram amantes até 1977, e mantiveram contato até sua morte.
O Livro de fotografias, Karma Instamatic, foi publicado em 2008. Além dos retratos cândidos pessoais, o livro contém algumas fotografias historicamente importantes, como Lennon assinando a dissolução oficial da parceria dos Beatles, e a última fotografia conhecida de Lennon e Paul McCartney juntos. Cynthia Lennon endossa o livro na capa traseira, reconhecendo o papel de Pang em reunir Lennon com seu filho Julian.
May Pang casou com o produtor Tony Visconti, em 1989 e divorciaram-se em 2000. Tiveram dois filhos, Sebastian e Lara. Ela mantém contato com algumas pessoas da época em que esteve com Lennon, e foi convidada por Paul McCartney para o serviço memorial para Linda McCartney. Foi convidada para The Concert for George, em 2002, e permanece próxima de Cynthia Lennon , seu marido Noel Charles, e primeiro filho de Lennon, Julian Lennon. Apesar de não ter tido contato com Yoko Ono por mais de 20 anos, em 9 de outubro de 2006, encontraram-se acidentalmente na Islândia, sobre o que teria sido o aniversário de 66 anos de Lennon. Yoko Ono estava na Islândia para inaugurar uma escultura em Reykjavík, e as duas se hospedaram no mesmo hotel. Pang está atualmente vivendo com seus filhos em Nova York, e produz uma linha de jóias em aço inoxidável de Feng Shui.
Ex-namorada de John Lennon lança livro com fotografias do Beatle
May Pang viveu com o músico entre 1973 e 1975, quando estava separado de Yoko. "Instamatic karma" reúne imagens do período conhecido como "fim de semana perdido".
Matéria publicada no site G1 em 12 de março de 2008.
Se há uma coisa que May Pang tem combatido nos últimos 28 anos, é a idéia de que John Lennon estava deprimido, isolado e fora de controle durante os 18 meses em que viveu com ele, do verão de 1973 ao início de 1975, quando o músico se reconciliou com sua segunda esposa, Yoko Ono. O próprio Lennon difundiu essa percepção dos fatos ao se referir àquele período como seu “fim de semana perdido” nas entrevistas que deu em 1980, quando lançou “Double fantasy”, um álbum em parceria com Ono que foi sua volta à música após um silêncio de cinco anos. Histórias sobre Lennon bêbado sendo expulso do Troubador, uma casa noturna de Los Angeles, parecem comprovar essa imagem. Mas para Pang, hoje com 57 anos, o “Fim de Semana Perdido” foi uma época extremamente produtiva, durante a qual Lennon terminou três álbuns – “Mind games”, “Walls and bridges” e “Rock ‘n’ Roll” – produziu discos de Ringo Starr e Harry Nilsson e gravou com David Bowie, Elton John e Mick Jagger. Depois de ter detalhado essas experiências (junto com a expulsão do Troubador e outros momentos sombrios) em “Amando John”, suas memórias de 1983, Pang voltou agora com evidência fotográfica. Seu novo livro, “Instamatic karma” (publicado pela St.Martin’s Press), é uma coleção de 140 páginas de fotos casuais que ela tirou durante o período que passou com Lennon. “Um amigo meu ficava dizendo, ‘você conta tantas histórias sobre o John, e quando faz isso diz, espere aí, tenho uma foto para acompanhar o que estou contando! Como é que a gente nunca vê um livro com essas fotos?’ Então, achei que talvez fosse a hora de publicá-las. Isso permitirá às pessoas ver John nesse mundo, pelos meus olhos. E faria com que ele se livrasse daquela coisa do ‘Fim de Semana Perdido’, que todo mundo fala que foi uma fase depressiva em que ele estava com péssima aparência. Eu não creio que essas fotos pareçam assim”. E não parecem: nas páginas de “Instamatic karma” – o título é uma brincadeira com a canção “Instant karma”, de Lennon – o Beatle parece relaxado, feliz e é visto passando algum tempo com seu filho, Julian, assim como com alguns amigos famosos, entre eles Paul McCartney, Ringo Starr, Nilsson e Keith Moon. Ele é mostrado trabalhando no estúdio de gravação, nadando em Long Island Sound, fazendo palhaçadas no Central Park e visitando a Disney World. Pang ordenou seu livro por assunto, em vez de cronologicamente, em quatro capítulos chamados “Em casa”, “Brincando”, “Trabalhando” e “Longe”. Para seu arrependimento, ela perdeu alguns momentos famosos. Em 28 de março de 1974, houve uma jam session em Los Angeles que incluiu Lennon, Nilsson, McCartney e Stevie Wonder, por exemplo, e que não foi documentada. Mas Pang capturou um exemplo importante: Lennon assinando o acordo que dissolvia a parceria dos Beatles em 29 de dezembro de 1974. Depois de quatro anos de negociações, os Beatles concordaram – ou pareceram concordar – com os termos que regiam sua separação formal, e um encontro foi marcado para 19 de dezembro no Plaza Hotel, em Manhattan. George Harrison estava tocando no Madison Square Garden naquela noite, Paul McCartney havia vindo de Londres e Starr, que já havia assinado o documento, estava ao telefone. No último minuto, Lennon fez objeção à cláusula que ele achou que poderia criar um problema com impostos para ele (por ser o único Beatle que morava nos EUA) e decidiu que não iria. Harrison, furioso, cancelou os planos de se juntar a Lennon no palco no Madison Square Garden, mas McCartney apareceu no apartamento que Lennon dividia com Pang no número 52 da Rua Street para discutir o assunto. Dez dias depois, quando Lennon, Julian e Pang estavam na Disney World, um advogado apareceu com o contrato revisado e Lennon pediu para que Pang sacasse sua câmera. A fotógrafa descreve a cena: “quando John desligou”, escreve ela, “ele olhou melancolicamente pela janela.” “Era como se eu o visse revivendo toda sua experiência com os Beatles.” Pang então fotografou o Beatle sentado sob as assinaturas claramente legíveis de Paul McCartney, George Harrison e Richard Starkey (o nome verdadeiro de Ringo), a câmera clicando entre o “h” e o “n” de seu primeiro nome. Considerando que Lennon foi particularmente militante sobre sair dos Beatles em 1969, pode parecer estranho que ele tenha feito isso de forma melancólica. Mas não para Pang. “Todo mundo muda”, afirmou ela. “Com John as coisas mudavam diariamente. É uma questão de tempo. Cinco anos antes as coisas não eram iguais. Em 1974, ele havia visto todos. A amizade ainda existia. Eles eram como irmãos. Não havia animosidade entre eles. E mesmo que sentissem que tinham que se separar para atingir o próximo nível de suas carreiras musicas, John havia fundado essa banda que mudou o mundo. Ela mudou o modo como vivemos e como nos vestimos. E ele sabia disso. Assim, quando ele sentou para assinar, ele sabia que era pra valer. A sua assinatura foi a última. Se ele havia criado o grupo, deveria ser ele a pessoa a acabar com a banda.”
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