terça-feira, 31 de julho de 2012
PAUL McCARTNEY - PARTY PARTY - RARO!
“Party Party” foi lançada originalmente apenas como um disco promocional distribuído em clubes de dança e rádios especialzadas nesse tipo de programação em 27/11/1989 somente no Reino Unido como forma de promoção do álbum “Flowers In The Dirt” e também distribuído como parte do pacote da turnê. Foi composta em East East Sussex, Inglaterra, por Paul e Linda McCartney, Hamish Stuart, Robbie Mclntosh, Paul Wix Wickens e Chris Whitten. A canção surgiu no meio de uma jam session durante as gravações do especial “Put It There” (VHS/DVD). Foi gravada no estúdio The Mill, em East Sussex, produzida por Paul McCartney e remixada por Bruce Forest.
O interessante vídeoclipe foi uma montagem feita a partir de animações, imitando temas surreais baseado em obras de Pablo Picasso. Cerca de 4.500 desenhos, feitos a mão, foram necessários para a composição das imagens registradas em filme de 16 milímetros. O vídeo foi produzido por Dilly Kent e dirigido por Peter Brookes.
segunda-feira, 30 de julho de 2012
THE BEATLES - PAPERBACK WRITER - 2012
“Paberback Writer” foi lançada como Lado A de um single que tinha "Rain" como Lado B, alcançou o topo das paradas britânica e americana. Mais tarde, foi incluída nos álbuns “Hey Jude”, “The Beatles 1962–1966”, “Past Masters, Volume Two” e “1”.
Primeiro single dos Beatles cuja temática não era o amor ("Nowhere Man" tinha sido a primeira canção), "Paperback Writer" contava a história de um romancista implorando a um editor que aceite seu livro de mil páginas. A composição da canção é creditada a Lennon/McCartney, embora muitos acreditem que a canção tenha sido escrita apenas por Paul. Entretanto, em entrevista na década de 90, ele esclareceu a questão: "Eu cheguei à casa de John e lhe falei sobre a ideia de escrever uma canção sobre um autor, como uma carta para um editor. Então, nós fomos à sala de música dele e colocamos a melodia. Posteriormente, John e eu nos sentamos e terminamos a canção, mas ela foi creditada a mim porque a ideia original era minha". "Paperback Writer" foi surpreendente na época por ser um single pop com um tema tão incomum e uma levada tão boa.
Paul disse que sempre gostou do som das palavras "paperback writer" e decidiu criar sua história em torno da expressão. O estilo epistolar da canção surgiu durante uma viagem de carro. "Assim que cheguei, disse a ele que queria que escrevêssemos uma música como se fosse uma carta", ele conta.Tony Bramwell recorda que a inspiração para boa parte da letra veio de uma carta real mandada a Paul por um aspirante a escritor.
As brochuras tinham causado uma revolução editorial, tornando os livros acessíveis a pessoas que teriam considerado as edições de capa dura caras demais. O poeta Royston Ellís, primeiro autor publicado que os Beatles conheceram quando tocaram para acompanhar sua poesia em 1960, está convencido de que Paul se agarrou à expressão “paperback writer” a partir das conversas dos dois. "Apesar de eu escrever livros de poesia na época, se me perguntassem o que eu queria ser, eu sempre dizia um 'escritor de brochuras' porque era o que você tinha de ser se quisesse atingir o grande público", conta Ellis, que se tornou escritor de guias de viagem e romances comerciais. "Minha ambição era ser um escritor que vendesse seus livros e ganhasse dinheiro com isso. Era o meu equivalente para a ambição deles de fazer um single que vendesse um milhão."
Assim como muitas composições de Paul, a letra era guiada mais pelo som das palavras do que pela lógica da narrativa. Interpretada literalmente, é sobre um autor que tinha escrito um livro baseado em um romance sobre um escritor de brochuras. Em outras palavras, é um romance baseado em um romance sobre um homem escrevendo um romance que, por sua vez, é presumivelmente baseado em um romance sobre um homem escrevendo um romance. O "homem chamado Lear" provavelmente é uma referência a Edward Lear, pintor vitoriano que, apesar de nunca ter escrito um romance, escreveu poemas e canções nonsense que John começou a ler quando críticos especularam que o autor o havia influenciado em In His Own Write. O Daily Mail recebe uma menção porque era o jornal que John lia. As matérias do Daily Mail mais tarde serviriam de inspiração para duas músicas de Sgt Pepper.
A principal inovação musical em "Paperback Writer" era o uso do recurso "boost" no baixo, que possibilitou que o instrumento ganhasse um raro protagonismo na banda. Através de algumas inovações no estúdio feitas pelo engenheiro de som Ken Townsend, o baixo se tornou o instrumento mais proeminente da faixa, na linha do que faziam instrumentistas que acompanhavam Otis Redding e Wilson Pickett. Os backing vocais foram inspirados por Pet Sounds, dos Beach Boys. John e Paul receberam uma cópia do disco antes que ele fosse lançado. "Paperback Writer" foi um single número 1 em vários países, incluindo a Inglaterra, os Eua, Alemanha eAustrália.
JOHN LENNON - WOMAN
“Woman” é uma canção de John Lennon lançada no álbum Double Fantasy de 1980. Foi composta inicialmente em homenagem à Yoko Ono mas a mensagem estendia-se a todas as mulheres do mundo. A música começa com Lennon sussurrando um trecho de um provérbio chinês citado por Mao Zedong que diz “Para a outra metade do céu...”. Numa entrevista para a revista Rolling Stone, em 5 de dezembro de 1980, Lennon disse que “Woman” é uma versão adulta da música “Girl”, de 1966 do álbum Rubber Soul.Em 1965, Paul McCartney também escreveu sua versão adulta de “Girl”, gravada por Peter & Gordon. Dessa forma, Lennon e McCartney tiveram suas canções dedicadas às mulheres, cada um do seu jeito, mas com o mesmo título.“Woman” foi o segundo single lançado do álbum Double Fantasy e ao mesmo tempo é também o primeiro e único lançado após a morte de John, em 8 de dezembro de 1980. No lado B tem a canção “Beautiful Boys”, de Yoko Ono. O single estreou já em terceiro lugar nas paradas do Reino Unido. Logo depois subiu para o segundo lugar e na sequência alcançou o topo, onde permaneceu por duas semanas e bateu o próprio recorde de Lennon que era do pré-lançamento de “Imagine”. Nos Estados Unidos o single de “Woman”, passou três semanas consecutivas no segundo lugar.O single “Woman” também conquistou as paradas na Nova Zelândia onde permaneceu em primeiro lugar por cinco semanas consecutivas, e também em todo o mundo, inclusive no Brasil.
PAUL McCARTNEY & WINGS - C-MOON - SENSACIONAL!
“C Moon” foi composta em Londres, Inglaterra. Durante a turnê Driving USA, McCartney explicou a origem da canção: "C Moon foi inspirada em uma música chamada Wooly Booly do Sam the Sham and the Pharaohs (número 1nos EUA em 1965). A letra da faixa diz: “please dont ‘n be L7" (por favor, não seja "quadrado"). Então, decidi compor uma canção que significasse o oposto, unindo a letra C com a lua minguante, formando um círculo", explicou. "Uma coisa legal", segundo ele. Instrumento tocado por Paul McCartney: piano elétrico; Tamborim, piano e harmonias, por Linda McCartney; Corneta e guitarra por Henry McCullough; Contrabaixo e guitarra, por Denny Laine; Bateria e percussão por Denny Seiwell. “C Moon” foi gravada no estúdio Morgan, em Londres. Fonte: “Paul McCartney – Todos os segredos da carreira solo” – Cláudio D. Dirani.
A PEDIDOS: RINGO STARR - TIME TAKES TIME
A postagem "RINGO STARR - TIME TAKES TIME" foi publicada originalmente no dia 16 de maio de 2011. Atendendo ao pedido do amigo Luiz Otávio Guedes, aí está ela novamente e o que é melhor: o link do download ainda está valendo. Abração, Luiz Otávio!
"Time Takes Time" é o décimo álbum de estúdio de Ringo Starr, lançado em 1992. É também seu álbum de retorno ao mundo da música e um dos seus álbuns mais aclamado pela crítica. Primeiro álbum de estúdio de Ringo desde Old Wave (1983), e começou com uma uma turnê mundial bem sucedida entre 1989 e 1990 com a banda criada por ele "All-Starr Band". Associando-se com os maiores produtores da época Don Was, Peter Asher, Phil Ramone e Jeff Lynne, o álbum foi gravado ao longo de 1991. O material foi predominantemente escrito por autores de fora, com Ringo co-escrevendo três canções. "Time Takes Time" traz diversas celebridades entre seus convidados, incluindo Brian Wilson, Harry Nilsson e Jeff Lynne, dono da Electric Light Orchestra. Time Takes Time também marcou a primeira aliança de Ringo Starr com Mark Hudson, quem seria seu eterno parceiro musical nos anos seguintes.
Várias faixas ficaram de fora do álbum. Uma canção de Paul McCartney, intitulada "Angel in Disguise", ao qual Ringo acrescentou um verso, jamais viu a luz do dia. Ringo gravou um cover do hit de Elvis Presley "Don't Be Cruel", que foi lançado como lado B do "Weight Of The World", único extraído do álbum (exceto no Japão). Outro outtake, "Everyone Wins", foi lançado na Alemanha como o lado B de "Don't Go Where The Road Don't Go". Outro dois outtakes mais que nunca viram a luz do dia (até agora) foram uma música de Phil Picket "Love Is Going To Get You", produzido por Phil Ramone, e "Call Me", produzida por Jeff Lynne. Esta gravação não tem qualquer semelhança com "Call Me" que aparece no álbum "Goodnight Vienna".
Bem recebido após seu lançamento, muitos críticos consideram "Time Takes Time" o melhor álbum de Ringo Starr desde o álbum "Ringo"de 1973. A revista Rolling Stone, escreveu: "O baterista é o lado mais consistente do álbum, Ringo nunca esteve tão bem, desde 1973". O lançamento foi recebido com alguma indiferença por parte do público e, portanto, não dominou os charts. No entanto, o single "Weight Of The World" conseguiu alcançar um posto 74 no Reino Unido, dando a Ringo Starr a oportunidade de estar lá desde o single "Only You (And You Alone)" em 1974.
"Time Takes Time" vendeu cerca de 70.000 cópias nos Estados Unidos no seu lançamento. Foi o último álbum de Ringo Starr em vinil até "Y Not", embora tenha sido publicado nesse formato apenas no México, Brasil, Espanha e Alemanha.
domingo, 29 de julho de 2012
ATENDENDO A PEDIDOS: OS WALTONS
A bonita matéria sobre a série “Os Waltons” foi publicada aqui, no Baú do Edu no dia 3 de abril de 2010. De lá pra cá, são muitos, muitos mesmos os pedidos de uma nova publicação. Agradeço a todos. Como é meio longa, vou colocar somente o link para não tomar o espaço de postagens novas e inéditas. Ok? Abraço a todos!
sábado, 28 de julho de 2012
PAUL McCARTNEY ARREBENTA NA ABERTURA DAS OLIMPÍADAS
Como não poderia deixar de ser, Paul McCartney ontem Paul McCartney brilhou ao fechar com chave de ouro a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Londres. O ex-Beatle se apresentou logo após os atletas acenderem a pira olímpica. Durante a performance, Paul interpretou "Hey Jude" e "The End", na noite de ontem, sexta (27), no Estádio Olímpico. Animados, os atletas das delegações e a plateia vibraram com a apresentação do cantor, que é, hoje o mais importante nome da música britânica.
Momentos antes, Paul mostrou a expectativa de se apresentar no evento máximo do esporte ao posar para uma foto que foi divulgada em sua página do Facebook.
A filha do ex-Beatle, a estilista Stella McCartney acompanhou a apresentação da plateia. No início da noite, ela mostrou um detalhe da roupa que confeccionou para o pai especialmente para a noite marcante.
sexta-feira, 27 de julho de 2012
BATMAN - O CAVALEIRO DAS TREVAS RESSURGE
Nunca neguei nem escondi de ninguém, que a minha 2ª maior paixão na vida é a cultura pop que se vende em bancas de revistas. O inigualável e fantástico universo dos milhares de artistas que transmitem sua arte através de pequenos quadrinhos. Comecei a consumir revistinhas (nome que minha geração usava ao invés do feio e pejorativo "gibi") quando comecei a ler, bem antes de conhecer os Beatles. Todo aquele estranho mundo paralelo que havia por trás de cada um daqueles personagens, me fascinava. Como qualquer criança, tinha os meus heróis preferidos. Mas nenhum, nunca chegou aos pés do homem-morcego. Depois da invasão britânica na minha cabeça, fiquei longe deles por anos até 1986 quando o espetacular e genial Frank Miller fez uma surpreendente releitura da história do Batman. Dali para a frente, colecionei tudo que era publicado sobre o vigilante de Gotham City. Em 1993, começou a ser publicada a maior saga da história dos quadrinhos: "A Queda do Morcego" - série em que surgiu o vilão BANE, o pior inimigo que Batman já enfrentou e que lhe quebra ao meio e arrasta o que sobrou até o prédio mais alto de Gotham e o atira. "A Queda do Morcego" durou quase 3 anos até sua conclusão, quando Jean-Paul Valley se torna o novo Batman, derrota Bane, se transforma num monstro ameaçador até ser derrotado pelo velho Bruce Wayne, o Batman original que depois de recuperado retorna atrás do que é seu. Pois é. Paralelamente a minha Beatlemania, também sou Batmaníaco, mesmo agora, aos 50 anos. Por isso, é com muita expectativa que amanhã, junto com meus filhos, não vou deixar de ver a conclusão da saga do personagem iniciada em 2005 por Christopher Nolan e, acreditem, estarei me sentindo muito mais jovem do que eles.
Batman realmente é um herói fora de série. Se já não bastasse ele ter que enrfentar todos os bandidos que tentam destruir Gotham City, o vigilante mascarado, que diferentemente do Superman, tem toda e qualquer vulnerabilidade de uma pessoa comum, ainda - tem que enfrentar vilões que não tentam apenas acabar com sua integridade física, mas também a psicológica. E é este enfoque que o diretor Christopher Nolan explora em Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge, terceiro filme que encerra a trilogia iniciada pelo diretor, que começou em 2005 com Batman Begins e teve sua sequência com Batman - O Cavaleiro das Trevas, de 2008.
Se no filme anterior o herói taciturno já foi levado à exaustão em ter que lidar com o insano Coringa (vivido pelo falecido ator Heath Ledger, que chegou a ganhar um Oscar póstumo) em que a imprevisibilídade de seus atos o levou ao limite, tendo que sujar as mãos na lama em nome de um bem maior, aqui Bruce Wayne/Batman vai ter que lidar com alguém que o rivaliza na inteligência e com superioridade na força física: Bane, cujos atos, sempre bem construídos, não deixam nada ao acaso, tornando-o o mais letal inimigo do morcego. Esse confronto vai inevitavelmente, levar o Cavaleiro das Trevas em uma jornada sem volta, obrigando-o a novamente ir até os limites de sua força física e mental para lidar com este novo problema.
Compondo um personagem que apresenta visíveis sinais do desgaste ao longo dos anos, Christian Bale encarna o herói em sua versão mais "sofrida". Reparem, por exemplo, o jeito em que ele tem que se apoiar em sua bengala para se locomover, ou a raiva, a frustração, em como os anos o tornaram mais lento diante de um inimigo que mostra ser mais letal que qualquer outro que já tenha enfrentado. Bale também mantém outra característica interessante: em usar uma voz mais cavernosa como Batman e outra quando não está pulando pelos prédios socando os bandidos.
Tom Hardy, por sua vez: cria um vilão interessante que, ao mesmo tempo em que é um brucutu que impõe o terror nas pessoas, tem a voz típica de um lorde inglês, fazendo uma mistura que funciona muito bem. Mesmo sem poder se expressar, devido a máscara que é obrigado a usar o tempo todo, Hardy consegue dar dimensão ao seu personagem justamente por conta de sua voz. Além disso, Bane tem controle total de seus atos, mantendo a situação sob controle, o que o toma ainda mais perigoso.
Joseph Gordon-Levitt, no papel do policial Blake, estabelece um arco de história interessante e bem resolvido. Movido por um idealismo e na crença de que Batman é um herói e não o vilão que teve que se "transformar no final do segundo filme da trilogia, o personagem tenta fazer o que é certo, mesmo que nem tudo saía de acordo com o planejado. Isso acaba fazendo um contraponto ao papel de Anne Hathaway, a Selina Kyle/Mulher-Gato. Em que pese a boa performance da atriz, faltou no roteiro algo que desse mais substância para uma personagem interessante. Em todo caso, isso está longe de tirar o brilho e a competência do filme.
Morgan Freeman (Lucius Fox); Gary Oldman (Comissário Jim Gordon) e Michael Kaine (Alfred Pennyworth) repetem a habitual competência de sempre, em particular para o último, que chega a roubar a cena em dois momentos do longa.
Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge encerra com grande maestria a trilogia de um dos maiores, se não o maior, herói das histórias em quadrinhos. Desde já, sentiremos saudades de Chris Nolan e Christian Bale envolvidos em um filme do defensor de Gotham City.
Bane é um personagem fictício, supervilão inimigo do Batman no Universo DC. Foi criado em 1993 por Chuck Dixon, Doug Moench e Graham Nolan.
Bane nasceu na prisão de Pietra Dura, localizada na ilha de Santa Prisca, no Caribe. Teve de cumprir a prisão perpétua, condenado pelos crimes cometidos por seu pai, o Rei Cobra. Na infância, passou a ser cuidado por um padre jesuíta, que viria a ser assassinado pelo próprio Bane, anos mais tarde. Aos oito anos de idade, cometeu seu primeiro assassinato, matando um criminoso que queria usá-lo como moeda de troca de informações na prisão. Sua única companhia era seu ursinho de pelúcia chamado Osito. O urso possuía um buraco em suas costas, no qual Bane escondia uma faca para usá-la contra qualquer um que tentasse ameaçá-lo.
Mesmo aprisionado, Bane não deixou de aperfeiçoar suas habilidades naturais: dedicou-se à leitura de diversos livros, modelou seu corpo no ginásio da prisão e aprendeu a lutar para poder se defender de outros prisioneiros. Tornou-se lenda quando passou dez anos na solitária e sair dela são. Em certa ocasião, Bane desentendeu-se com outro prisioneiro e acabou sofrendo um acidente, que o deixou em estado de coma. Teve visões do seu futuro e descobriu que o medo de um morcego poderia impedi-lo de conseguir seus objetivos. Tornou-se obcecado pela leitura sobre Gotham City (lugar que, assim como a prisão, era comandada pelo medo) e sobre seu guardião.
Inevitavelmente, sua resistência acabou chamando a atenção dos administradores do presídio, que o forçaram a tornar-se cobaia em experimentos com uma misteriosa droga viciante, conhecida como Veneno, a qual havia matado todas as cobaias anteriores. Bane sobrevive e tem sua força consideravelmente aumentada. Porém, necessita tomar o Veneno a cada 12 horas (atrávés de um sistema de tubos que bombeiam a droga diretamente para o cérebro), sob pena da reação adversa enfraquecê-lo ao extremo.
Apesar de ter sobrevivido ao Veneno, Bane fingiu-se de morto para poder escapar, já que a maioria dos mortos do presídio eram jogados no precipício. Lançado ao mar, livrou-se dos acessórios que o prendiam e rumou para Gotham City, com a intenção de destruir o morcego demoníaco que o atormentava em suas visões. Ele estava convencido de que o morcego em questão era Batman.
Advertido de que um confronto direto com Batman seria loucura, Bane usa sua força para derrubar as paredes do Asilo Arkham e libertar os mais perigosos criminosos da cidade, entre os quais estão Coringa, Espantalho, Chapeleiro Louco, Ventríloquo, Vagalume, Grande Tubarão Branco e Zsasz. A fuga em massa do manicômio sobrecarregou Batman, levando-o à exaustão, após três meses sem descanso de recaptura dos fugitivos.Ao retornar à Mansão Wayne, após cumprir sua missão, Batman encontra Bane esperando-o. Ao confrontar o Homem-Morcego na Batcaverna, Bane o deixa paralítico, ao quebrar-lhe a coluna numa cena que se tornou antológica nas HQs. Paralítico, Bruce Wayne então deixa o posto de Batman, transferindo-o para Jean-Paul Valley (também conhecido como Azrael). Utilizando um sofisticado traje de combate, ao invés do tradicional uniforme de Batman, Jean-Paul derrota Bane, danificando os tubos que lançam o Veneno na corrente sanguínea de Bane e causando-lhe uma severa síndrome de abstinência.
quinta-feira, 26 de julho de 2012
GEORGE HARRISON - CHEER DOWN
Para quem quiser conferir a belíssima matéria “GEORGE HARRISON - LIVE IN JAPAN”, publicada originalmente em 26 de setembro de 2010 - exclusiva do Baú do Edu, o link é:
A MAIOR ESTRELA DAS OLIMPÍADAS 2012
Paul McCartney é uma lenda viva. Considerado na Inglaterra o compositor de maior sucesso de todos os tempos. E vai ter a honra de ser a maior estrela da cerimônia de abertura das Olimpíadas de Londres, nesta sexta-feira, a partir das 17h (horário de Brasília), com transmissão ao vivo do SporTV, com a música “Hey Jude”, clássico dos Beatles. E para celebrar este momento histórico, Paul McCartney aceitou fazer para a revista inglesa ShortList um daqueles ensaios fotográficos que vão ficar marcados. Um aquecimento para a cerimônia de abertura!
Em entrevista à Shortlist, Paul falou sobre os jogos, futebol e sua vida de atleta. Ou falta dela, no caso do cantor. “Eu era o garoto que ficava do lado de fora do campo em um jogo de críquete ou a bola raramente chegava em mim. Se há uma grande partida, nós (os beatles) geralmente assistíamos, mas nunca fomos de ficar chutando bolas de futebol por aí.” E quando o assunto é futebol, Paul foi puro desapontamento diante da escalação da seleção inglesa para os jogos. “Entendo que há três lugares no time para jogadores acima de 23, e achei que a primeira escolha seria Beckham. Mas, você sabe, algum idiota decidiu outra coisa”, desabafou o cantor à revista, em referência à decisão de Stuart Pearce, técnico da seleção inglesa, de deixar o craque de fora da competição. “Vamos encarar, não é a Copa do Mundo. Ninguém vai se importar”, continuou. Para o roqueiro, Beckham é “um herói nacional”. Apesar de meio século de apresentações lotadas ao redor do mundo, Paul não descartou o nervosismo em eventos da magnitude dos Jogos Olímpicos.“É impossível fazer algo como o Jubileu (da Rainha) ou as Olimpíadas sem sentir um frio na barriga”, disse.
quarta-feira, 25 de julho de 2012
"SHE'S LEAVING HOME" by GEORGE MARTIN
O livro "PAZ, AMOR E SGT.PEPPER" de George Martin, lançado pela editora Relume Dumará em 1995, é bastante abrangente e esclarecedor em todos os aspectos que envolveram a gravação do incomparável álbum clássico dos Beatles. Hoje, este livro é raridade. A edição brasileira foi totalmente organizada, preparada e traduzida pelo grande pesquisador Marcelo Fróes. Nele, George Martin dedica um capítulo especial a cada faixa do álbum. Explica tim-tim por tim-tim como foi todo o processo desde a composição até a gravação de cada uma das canções. O texto que a gente confere a seguir, é sobre "She's Leaving Home". Vale à pena dar uma lida (apesar do tamanho). Abração a todos e boa leitura!
17 DE MARÇO DE 1967 - "DIVERSÃO É A ÚNICA COISA QUE O DINHEIRO NÃO CONSEGUE COMPRAR..."
She's Leaving Home é mais um exemplo de Paul trabalhando em casa e saindo com outra bela balada que conta sua própria historinha. (Como Getting Better, Paul diz que a música lhe chegou pela primeira vez enquanto andava com Martha no Primrose Hill.) John acrescentou algumas frases ao refrão — contra o sustenido de Paul... "She is leaving...", cantava as belas frases de contraponto: "We gave her most of our lives." (Nós lhe demos a maior parte de nossas vidas.) Mas não deveria haver nenhum outro Beatle nela. Paul queria que o fundo fosse apenas de cordas.Naquela época, Paul já desenvolvera muito o gosto pelas orquestras e pelas coisas meio clássicas, razão provável para ele mesmo não ter querido tocar um instrumento nessa faixa. She's Leaving Home não é realmente uma canção dos Beatles, falando em sentido estrito. É puro McCartney, do começo ao fim, com uma pequena ajuda do amigo John. E além das duas vozes, tudo o que ouvimos é uma harpa e um noneto de cordas (quatro violinos, duas violas, dois celos e um contrabaixo).
Como Paul queria ter uma seção de cordas na música, me telefonou pedindo para que eu fosse encontrá-lo para anotar o que ele já tinha e escrever o arranjo.
Acontece que não pude ir porque estava comprometido com uma gravação de Cilla Black. Muito embora os Beatles fossem prioridade em minha vida, ainda tinha uns outros artistas para gravar. Esses artistas compreendiam muito bem que os Beatles tinham prioridade, mas havia momentos, e esse foi um deles, em que simplesmente não podia largar tudo e sair correndo.
Fiquei muito surpreso e magoado com Paul, que pegou o telefone e procurou um cara chamado Mike Leander, porque eu disse que não poderia ir naquele momento. Mike era um bom arranjador e Paul o contratou para fazer o arranjo.
Até então fizera tudo o que Paul e os Beatles queriam em termos de orquestração. Não consegui entender o porquê de tanta urgência, assim de repente. Obviamente não lhe passou pela cabeça que ficaria chatea¬do. Anos depois, na verdade, disse: "Eu não consegui compreender o porquê daquilo ter sido tão significativo para você. Estava na minha cabeça e eu queria tirar dali, botar pra fora. Só isso".
Foi Paul sendo simplesmente Paul.
As pessoas têm sido muito gentis comigo, dizendo que as orquestra¬ções que fiz para as músicas dos Beatles sempre pareceram funcionar, enquanto as que não eram minhas ficaram piores. No caso, Mike Leander fez um belo trabalho no arranjo de She's Leaving Home; não modifiquei quase nada. Entretanto, 20 e poucos anos me fazem desejar ter sido mais duro com aquele arranjo. Mesmo correndo o risco de ser acusado de jogar farpas, ao ouvi-lo hoje em dia acho que a harpa ficou um pouco forte e o som das cordas parece meio exuberante. Talvez pudesse ter ficado um pouco mais austera.
Meu princípio, quando escrevo um acompanhamento de orquestra, tem sido sempre deixar de fora qualquer coisa desnecessária. É sempre fácil abusar das coisas quando se está orquestrando. A isso sempre associo a síndrome do "Será que vai funcionar? Não tenho certeza, então vamos botar pra ver..." Em outras palavras, às vezes os orquestradores chegam a um resultado final pesado porque não têm a coragem de seguir sua primeira convicção — a de que algo mais simples funcionará.
Deve-se ter muito cuidado com a nota que se escreve para um determinado instrumento da orquestra. O que funciona no celo pode não funcionar de jeito nenhum no trombone. Deve-se também ter o cuidado de não escrever notas demais (como Mozart foi uma vez acusado de fazer) ou de usar excessivos instrumentos. Se você conseguir escrever bem para um quarteto de cordas — foi o que fizemos para Yesterday —, poderá fazê-lo para uma orquestra de cordas. Muitas pessoas tendem a pensar com os dedos num teclado de piano quando estão escrevendo para orquestra, e tentam escrever daquela forma para as cordas. Entretanto, você tem dez dedos: se jogar dez notas numa orquestra de cordas, soará extremamente cheio e o resultado correrá o risco de parecer sujo. Se jogar apenas quatro notas numa orquestra de cordas, é provável que soe muito melhor. Além do mais, uma única nota soando sobre uma orquestra inteira pode dar um tremendo efeito. Sei disso porque Paul veio até mim um dia:
Estive ouvindo Beethoven, George.
Que bom, Paul — respondi. Ignorando minha secura, ele prosseguiu:
Estudei bem. Sabe o começo da Quinta Sinfonia? É simplesmente uníssona. Não há acordes. Todo mundo toca as mesmas notas! Você está certo, Paul — respondi.
Mas isso é fantástico! — vibrou. — É um ótimo som!
Claro que é — repliquei. — A orquestra inteira fala em uma só voz — isso é genial: BOM BOM BOM BO-OM! A maioria das pessoas provavelmente nem sequer imagina que todos estão tocando notas únicas de uma só vez.
Não estávamos fazendo nada parecido com a Quinta. Mas de qual¬quer forma, contratei uma pequena orquestra — quatro violinos, duas violas, dois celos, um contrabaixo e uma harpa — para a sexta-feira 17 de março. A harpista foi Sheila Bromberg — a primeira mulher a tocar num disco dos Beatles. Trabalhamos por toda a noite, gravando o grupo ao vivo e direto em oito takes, tentando fazer a coisa do jeito que Paul queria. Preenchi nossos primeiros quatro canais da seguinte forma:
Canal 1: harpa
Canal 2: contrabaixo
Canal 3: quatro violinos
Canal 4: duas violas e dois celos
Enquanto trabalhávamos em posições invertidas — Paul na sala de controle e eu no estúdio conduzindo a orquestra —, observei que nada de errado acontecera no primeiro take e que o take 6 também já estava muito bom. No final, escolhemos o take 1 como o melhor, de maneira que todo o trabalho posterior foi à jato. Preparando-me para os vocais, fiz uma transferência de-quatro-para-quatro canais no dia seguinte, mixando os canais originais em (dois canais) estereofônicos da nova fita.
Na segunda-feira começamos a fazer os vocais. Agora que já havíamos gravado nossa base orquestral em estéreo, só tínhamos dois canais para brincar. Eu quis dobrar as vozes e Paul concordou mas, como preferi não partir para uma terceira fita, ele e John tiveram que gravar suas vozes juntas, compartilhando o mesmo canal. Para obter o efeito de resposta que se percebe no refrão, quando Paul canta "She i leaving..." e John leva "We gave her most of our lives..." em contraponto, os dois tiveram de cantar suas partes sem erros e ao mesmo tempo.
Eu queria uma perspectiva para cada voz, e por isso diferentes ecos foram adicionados a cada um na gravação. E é claro que ainda quis fazer a minha duplicação de vozes! Assim que conseguimos uma boa perfor¬mance no canal 3, eles tiveram que cantar de novo e da mesmíssima forma no canal 4. Muito difícil, mas os Beatles àquela época já eram mestres em seu ofício. Já tinham muita prática, reunida com o correr dos anos. E ainda passamos a maior parte da noite naquilo!
She's Leaving Home é uma das melhores músicas de Paul. O contraponto das vozes é econômico, claro e mágico. É uma canção com uma bela narrativa, do tipo que começara a fazer em EleanorRigby. Achei que a frase "Oh, look at all the lonely people" funcionaria melhor se fosse cantada contra o final da melodia principal. Um contraponto. Então sugeri que fizéssemos uma adição. Eles ficaram abismados com o resultado:
— Como você soube que funcionaria? — perguntou Paul.
Eles mesmos tinham uma percepção instintiva para esse tipo de composição, sem precisar de nenhum estímulo meu para criar as duas frases opostas em Help!, por exemplo, que nascera no início daquele ano. Mas a experiência de Eleanor Rigby fez sem dúvida com que Paul observasse mais atentamente os lugares em que poderia usar aquele recurso. She 's Leaving Home é uma das músicas em que melhor usa o contraponto com todo o seu melhor efeito.
Em 1967 pensava que a música clássica estava morrendo, ou já morrera. A música clássica por sua própria natureza já é uma música morta — foi escrita por gente que já morreu há 50 anos ou mais. Com relação à música clássica "contemporânea", na época de Pepper realmente não existia muita. Havia muito poucos compositores clássicos vivos, e tendiam a ser mais marginalizados do que hoje e certamente eram mais pobres. Na verdade, um mundo muito fechado e muito pequeno. As pessoas não ouviam música clássica de vanguarda em número significativo, e portanto havia muito pouco dinheiro para isso. Hoje em dia a aceitamos mais; mais gente escreve a respeito dela e a ouve um pouco mais.
Em 1994 havia cerca de 1.500 compositores na Grã-Bretanha que não faziam nada a não ser escrever música clássica o dia inteiro. Até hoje, contudo, a maioria corre o risco de morrer de fome. E numa população de mais de 50 milhões, 1.500 pessoas ainda não é muito, convenhamos. Não c o que você poderia chamar de uma atividade difundida, como a pescaria por exemplo.
As conversas sobre música clássica tendem a frases como: "Você já ouviu Bruckner interpretado por Karajan, tão diferente de Klemperer? É muito interessante..." A interpretação até pode ser interessante, mas ainda é Bruckner. É tudo o que podem fazer — remexer no que já está lá.
A música pop para mim estava viva; expressava o sentido da vida, refletindo-a e comentando-a, sempre da melhor maneira, muitas vezes inconscientemente. Pepper certamente faz isso.
Ao contrário dos que me cercavam, era pretensioso o suficiente para ver Sgt. Pepper como arte contemporânea, como arte musical contempo¬rânea. O disco tinha todos os tipos de influência, desde o jazz, a música folk, o rock'n'roll, o rhythm & blues — mas também tinha uma tremen¬da veia clássica. Eu via o álbum como o primeiro exemplo de um novo tipo de música, uma mistura de clássico e rock que derrubara as barreiras que existiam entre os dois estilos. Sempre achei ridículo as pessoas se recusarem a ouvir rock porque era considerado "sem valor", de alguma forma não tão "bom" como o clássico.
Quando levamos em conta as ótimas músicas dos Beatles, sempre existe uma armadilha em que podemos cair: a hipérbole. É perigoso compará-los com Schubert, porque a comparação não é realmente entre os estilos. Como você poderia comparar Cole Porter com Mahler, diga¬mos, ou Stephen Soundheim com Chopin? Da mesma forma, She's Leaving Home chega perto do mais alto nível de compositores. O pequeno drama que se desenvolve, a tragédia cotidiana do folclore comum que Paul captura em suas palavras e em sua música dizem algo verdadeiro a respeito de um canto da vida suburbana. O choro dos pais em "What did we do that was wrong?" ("fizemos o melhor por ela, por que ela nos deixou e se foi?") é tocante.
O refrão é construído quase como uma ópera. Paul canta a parte mais alta e John a mais baixa, fazendo a voz dos pais de uma forma bonita.
She's Leaving Home só poderia ter sido escrita por Paul, já naquela época um compositor-mestre. O público da Grã-Bretanha costuma vê-lo agora como o docinho do grupo, com todas aquelas músicas de amor e cheias de ternura creditadas a ele. Na verdade era tão roqueiro quanto John, e este conseguia ser tão meloso quanto Paul em músicas de amor. Helter Skelter, um rock pulsante de Paul que foi o mais próximo que os Beatles chegaram do heavy metal, é um dos muitos exemplos que qualquer um poderia tirar do trabalho deles para desbaratar este clichê.
John cantou algumas baladas românticas, como Julia e Imagine. Mesmo assim, sempre foi rotulado como o roqueiro do grupo. Paul tinha um talento para a melodia, que parecia brotar sem esforço. De vez em quando me emocionava, ouvindo uma bela melodia com harmonias interessantes e me perguntava de onde elas haviam saído. Era estranho: Paul também nunca soube.
A música de John nunca foi chata, mas em sua maior parte era monótona, em sentido literal: gostava de espalhar letras estranhas e maravilhosas em uma ou duas notas: "Living is easy with eyes closed..."; "Imagine there's no heaven..."; "It's been a hard day's night..."; "I am he as you are he, as you are me and we are all together..." Todas são composições monótonas, ou quase-monótonas.
Sua habilidade se revelava nas alterações que obtinha nas harmo¬nias, por baixo da monotonia. Elas transformavam completamente o que poderia ter ficado chato em uma música magnífica. Encaixavam tão bem quanto os pés em chinelos confortáveis. O resultado desse processo era sempre intrigante, embora, como John uma vez comentou: — Você não ouvirá I Am the Walrus sendo assobiada pelo garçom de um restau¬rante espanhol!
A arte casual era muito atraente para todos os Beatles. A idéia de que um filme mudo escolhido ao acaso poderia se encaixar num trecho de música igualmente selecionado ao acaso era um grande barato. Eles adoravam brincar com isso. Era a linha do "Ei, cara, olha só pr'aquilo", a arte da consciência "liberada" psicodelicamente ou por qualquer outro meio que existisse na época. A partir daí, às vezes costumavam ficar, horas tirando um som no estúdio, achando que a gente teria que gravar tudo, numa forma de reconhecimento ao momento de grande geniali-dade. O único problema é que ele nunca pintava.
Esse tipo de oficina livre aconteceu muitas vezes depois de Pepper, em Magicai Mystery Tour. Era um lado dos Beatles que descobri ser bastante chato. Eu costumava dizer: — Se vocês querem tocar ao acaso, vamos nos organizar —, o que definitivamente não era o que queriam quando entravam naquela. Mas quase acabavam tolerando aquilo, em minha homenagem.
Quando John trouxe "I Am the Walrus", ainda em 1967, disse: — Entendo aonde você está tentando chegar: é muito estranho mas é ótimo. Vamos nos organizar —. John topou. Escrevi um arranjo para celos e todos os trechos dos cantores, diretamente nos "ha ha nas" e nos "ri ri ris" que John sugerira, cantados pelos cantores de Mike Sammes Singers. Eu gostava da estranheza, na verdade adorava a anarquia dos pensamentos de John — quando conseguia ajeitá-los e canalizá-los. E o acaso às vezes funcionava às maravilhas. John pensou em adicionar efeitos inteiramente ao acaso sobre nossa mixagem de I Am the Walrus. Ele se inspirou em John Cage, que muito antes já usara uma transmissão de rádio para criar um "happening". Então trouxemos um rádio, conectamos à mesa e entregamos os controles a John. De imediato, descobriu que desejava uma peça de Shakespeare, Rei Lear, que estava sendo transmitida ao vivo. Já era tão tarde que provavelmente fomos as únicas pessoas a ouvir o drama: mas entrou na mixagem e lá ficou para sempre.
Eu pensava que John tivesse gostado de todas as técnicas de produção de que havíamos sido pioneiros em Pepper, mas logo que ficava pronto ele já se rebelava contra. Ele queria voltar ao que chamava de "honestidade" na gravação — em outras palavras, queria que ficassem tão próximas das apresentações ao vivo quanto possível. Eu achava que estávamos fazendo pequenos filmes sonoros, e não peças para o palco. Se um pequeno artifício dava melhor resultado, por que não usá-lo? Além do mais, havíamos sido honestos nos truques que usáramos.
Era como se lhes dissesse: "Pensem sinfonicamente; pensem nos temas que vocês podem trazer em tons diferentes; pensem no contra¬ponto; pensem em colocar uma música contra outra, de forma que cada uma dê algo mais à outra — existe todo tipo de coisa que vocês podem fazer." Mas John não queria nada daquilo.— Isso não é rock'n'roll para mim, George —, ele disse. — Rock mesmo é curtir um bom som.
Em 1967 pensava que a música clássica estava morrendo, ou já morrera. A música clássica por sua própria natureza já é uma música morta — foi escrita por gente que já morreu há 50 anos ou mais. Com relação à música clássica "contemporânea", na época de Pepper realmente não existia muita. Havia muito poucos compositores clássicos vivos, e tendiam a ser mais marginalizados do que hoje e certamente eram mais pobres. Na verdade, um mundo muito fechado e muito pequeno. As pessoas não ouviam música clássica de vanguarda em número significativo, e portanto havia muito pouco dinheiro para isso. Hoje em dia a aceitamos mais; mais gente escreve a respeito dela e a ouve um pouco mais.
Em 1994 havia cerca de 1.500 compositores na Grã-Bretanha que não faziam nada a não ser escrever música clássica o dia inteiro. Até hoje, contudo, a maioria corre o risco de morrer de fome. E numa população de mais de 50 milhões, 1.500 pessoas ainda não é muito, convenhamos. Não c o que você poderia chamar de uma atividade difundida, como a pescaria por exemplo.
As conversas sobre música clássica tendem a frases como: "Você já ouviu Bruckner interpretado por Karajan, tão diferente de Klemperer? É muito interessante..." A interpretação até pode ser interessante, mas ainda é Bruckner. É tudo o que podem fazer — remexer no que já está lá.
A música pop para mim estava viva; expressava o sentido da vida, refletindo-a e comentando-a, sempre da melhor maneira, muitas vezes inconscientemente. Pepper certamente faz isso.
Ao contrário dos que me cercavam, era pretensioso o suficiente para ver Sgt. Pepper como arte contemporânea, como arte musical contempo¬rânea. O disco tinha todos os tipos de influência, desde o jazz, a música folk, o rock'n'roll, o rhythm & blues — mas também tinha uma tremen¬da veia clássica. Eu via o álbum como o primeiro exemplo de um novo tipo de música, uma mistura de clássico e rock que derrubara as barreiras que existiam entre os dois estilos. Sempre achei ridículo as pessoas se recusarem a ouvir rock porque era considerado "sem valor", de alguma forma não tão "bom" como o clássico.
Quando levamos em conta as ótimas músicas dos Beatles, sempre existe uma armadilha em que podemos cair: a hipérbole. É perigoso compará-los com Schubert, porque a comparação não é realmente entre os estilos. Como você poderia comparar Cole Porter com Mahler, diga¬mos, ou Stephen Soundheim com Chopin? Da mesma forma, She's Leaving Home chega perto do mais alto nível de compositores. O pequeno drama que se desenvolve, a tragédia cotidiana do folclore comum que Paul captura em suas palavras e em sua música dizem algo verdadeiro a respeito de um canto da vida suburbana. O choro dos pais em "What did we do that was wrong?" ("fizemos o melhor por ela, por que ela nos deixou e se foi?") é tocante.
O refrão é construído quase como uma ópera. Paul canta a parte mais alta e John a mais baixa, fazendo a voz dos pais de uma forma bonita.
She's Leaving Home só poderia ter sido escrita por Paul, já naquela época um compositor-mestre. O público da Grã-Bretanha costuma vê-lo agora como o docinho do grupo, com todas aquelas músicas de amor e cheias de ternura creditadas a ele. Na verdade era tão roqueiro quanto John, e este conseguia ser tão meloso quanto Paul em músicas de amor. Helter Skelter, um rock pulsante de Paul que foi o mais próximo que os Beatles chegaram do heavy metal, é um dos muitos exemplos que qualquer um poderia tirar do trabalho deles para desbaratar este clichê.
John cantou algumas baladas românticas, como Julia e Imagine. Mesmo assim, sempre foi rotulado como o roqueiro do grupo. Paul tinha um talento para a melodia, que parecia brotar sem esforço. De vez em quando me emocionava, ouvindo uma bela melodia com harmonias interessantes e me perguntava de onde elas haviam saído. Era estranho: Paul também nunca soube.
A música de John nunca foi chata, mas em sua maior parte era monótona, em sentido literal: gostava de espalhar letras estranhas e maravilhosas em uma ou duas notas: "Living is easy with eyes closed..."; "Imagine there's no heaven..."; "It's been a hard day's night..."; "I am he as you are he, as you are me and we are all together..." Todas são composições monótonas, ou quase-monótonas.
Sua habilidade se revelava nas alterações que obtinha nas harmo¬nias, por baixo da monotonia. Elas transformavam completamente o que poderia ter ficado chato em uma música magnífica. Encaixavam tão bem quanto os pés em chinelos confortáveis. O resultado desse processo era sempre intrigante, embora, como John uma vez comentou: — Você não ouvirá I Am the Walrus sendo assobiada pelo garçom de um restau¬rante espanhol!
A arte casual era muito atraente para todos os Beatles. A idéia de que um filme mudo escolhido ao acaso poderia se encaixar num trecho de música igualmente selecionado ao acaso era um grande barato. Eles adoravam brincar com isso. Era a linha do "Ei, cara, olha só pr'aquilo", a arte da consciência "liberada" psicodelicamente ou por qualquer outro meio que existisse na época. A partir daí, às vezes costumavam ficar, horas tirando um som no estúdio, achando que a gente teria que gravar tudo, numa forma de reconhecimento ao momento de grande geniali-dade. O único problema é que ele nunca pintava.
Esse tipo de oficina livre aconteceu muitas vezes depois de Pepper, em Magicai Mystery Tour. Era um lado dos Beatles que descobri ser bastante chato. Eu costumava dizer: — Se vocês querem tocar ao acaso, vamos nos organizar —, o que definitivamente não era o que queriam quando entravam naquela. Mas quase acabavam tolerando aquilo, em minha homenagem.
Quando John trouxe "I Am the Walrus", ainda em 1967, disse: — Entendo aonde você está tentando chegar: é muito estranho mas é ótimo. Vamos nos organizar —. John topou. Escrevi um arranjo para celos e todos os trechos dos cantores, diretamente nos "ha ha nas" e nos "ri ri ris" que John sugerira, cantados pelos cantores de Mike Sammes Singers. Eu gostava da estranheza, na verdade adorava a anarquia dos pensamentos de John — quando conseguia ajeitá-los e canalizá-los. E o acaso às vezes funcionava às maravilhas. John pensou em adicionar efeitos inteiramente ao acaso sobre nossa mixagem de I Am the Walrus. Ele se inspirou em John Cage, que muito antes já usara uma transmissão de rádio para criar um "happening". Então trouxemos um rádio, conectamos à mesa e entregamos os controles a John. De imediato, descobriu que desejava uma peça de Shakespeare, Rei Lear, que estava sendo transmitida ao vivo. Já era tão tarde que provavelmente fomos as únicas pessoas a ouvir o drama: mas entrou na mixagem e lá ficou para sempre.
Eu pensava que John tivesse gostado de todas as técnicas de produção de que havíamos sido pioneiros em Pepper, mas logo que ficava pronto ele já se rebelava contra. Ele queria voltar ao que chamava de "honestidade" na gravação — em outras palavras, queria que ficassem tão próximas das apresentações ao vivo quanto possível. Eu achava que estávamos fazendo pequenos filmes sonoros, e não peças para o palco. Se um pequeno artifício dava melhor resultado, por que não usá-lo? Além do mais, havíamos sido honestos nos truques que usáramos.
Era como se lhes dissesse: "Pensem sinfonicamente; pensem nos temas que vocês podem trazer em tons diferentes; pensem no contra¬ponto; pensem em colocar uma música contra outra, de forma que cada uma dê algo mais à outra — existe todo tipo de coisa que vocês podem fazer." Mas John não queria nada daquilo.— Isso não é rock'n'roll para mim, George —, ele disse. — Rock mesmo é curtir um bom som.
Paul, por outro lado, realmente tinha noção da "sinfonia sem costuras", se é que posso chamá-la assim, que desenvolvemos para Pepper. É por isso que Abbey Road tem um lado do que John queria, com faixas bem individualizadas como Come Together, Something e até Octopus's Garden no lado um; enquanto Paul e eu conseguimos um trabalho muito mais contínuo, no estilo de Pepper, no lado dois: Because, You Never Give Me Your Money, Sun King e aí por diante. A sequência que vai de Golden Slumbers até o final do disco continua sendo uma de minhas faixas favoritas.Na época em que paramos para fazer Abbey Road, os anos de loucura já haviam terminado e John ficou feliz em nos ajudar com o segundo lado do álbum: ele escreveu grande parle dele! Because é uma das obras-primas. Não, não tivemos problemas, mas ele ainda preferia seus velhos "rocks".
Muito tempo depois da morte de John, Yoko me disse:
— Eu queria que você tivesse trabalhado com John em seu último álbum — teria sido tão melhor!
Eu achava que Double Fantasy já era muito bom daquele jeito.
— Bem — respondi —, vocês não me pediram!
Mas fiquei surpreso e bastante emocionado por ela realmente acreditar naquilo.
Para quem quiser conferir a postagem sobre "She's Leaving Home" e a verdadeira garota que fugiu de casa, o link é:
ITUNES LANÇA COLETÂNEA DOS BEATLES
Uma coletânea da banda Beatles, exclusiva para a loja virtual iTunes, foi lançada na última terça-feira (24). A compilação “Tomorrow Never Knows” reúne 14 das “músicas de rock mais poderosas” do quarteto de Liverpool, como “Paperback Writer“, “Back In The U.S.S.R.” e “Helter Skelter”. Para acompanhar o lançamento, o vocalista do Foo Fighters, Dave Grohl, escreveu um prefácio em que comenta sobre a influência do ‘Fab Four’ em sua vida e carreira.
Confira o texto de Dave Grohl, na íntegra:
“Se não fosse pelos Beatles, eu não seria um músico. Simplesmente isso. Desde muito jovem, eu ficava fascinado com as músicas deles e, com o passar dos anos, eu mergulhei profundamente no trabalho deles. No balanço e no gingado. Na graça e na beleza. Na escuridão e na luz. Os Beatles pareciam capazes de captar qualquer coisa. Eles não tinham limites e naquela liberdade pareciam definir o que hoje conhecemos como “Rock and Roll”.
Recentemente, eu mostrei para minha filha de seis anos, Violet, o brilhante filme ‘Yello Submarine’. Foi a introdução dela aos Beatles e ela instantaneamente compartilhou da mesma fascinação que eu senti quando tinha a idade dela e estava descobrindo os Beatles pela primeira vez. Ela queria saber o nome deles, quais instrumentos tocavam, quem cantava cada música, etc etc etc… Isso me deixou incrivelmente feliz (e orgulhoso!). Em poucos dias ela já sabia os versos e refrões de todas as músicas do disco. Mas teve uma música que foi especial para ela…
‘Hey Bulldog‘ não é um dos maiores sucessos dos Beatles. É o tipo de música que as pessoas normalmente chamam de ‘lado B’. Mas é o rock mais típico e essencial dos Beatles. A linha de baixo, a bateria característica de Ringo, a guitarra áspera e distorcida e aquele som que somente o fundo da garganta de Lennon conseguia produzir. Ela ressona, balança, chacoalha sua cabeça e faz seus quadris remexerem. Quando Lennon canta ‘if you’re lonely you can talk to me’, aquilo acalma seu coração, como se você finalmente tivesse descoberto algo para acreditar. É tão cru e real. É um rock and roll 100% atemporal…
De uma geração para outra, os Beatles serão mantidos como a banda de rock mais importante de todos os tempos. Pergunte a Violet.”
Confira o tracklist:
01- Revolution
02- Paperback Writer
03- And Your Bird Can Sing
04- Helter Skelter
05- Savoy Truffle
06- I'm Down
07- I've Got A Feeling (Naked Version)
08- Back In The USSR
09- You Can't Do That
10- It's All Too Much
11- She Said She Said
12- Hey Bulldog
13- Tomorrow Never Knows
14- The End (Anthology 3 Version)
terça-feira, 24 de julho de 2012
MOJO PRESENTS YELLOW SUBMARINE RESURFACES
A revista MOJO do mês de junho, traz os Beatles na capa e uma longa matéria sobre o ano de 1968 na vida deles com destaque especial para Yellow Submarine. Além de um super CD Tributo em homenagem à trilha origiginal do filme: "Mojo Presents Yellow Submarine Resurfaces". Algumas versões ficaram excelentes e vale à pena conferir! Colaboração: Paulo Neumann. Abração!
01. Bill Wells & Aidan Moffat - Yellow Submarine
02. Bevis Frond - Hey Bulldog
03. Howe Gelb - Eleanor Rigby
04. Cornershop - Love You To
05. Jim White - All Together Now
06. Natalie Duncan - Lucy in the Sky with Diamonds
07. Pete Shelley - Think for Yourself
08. Michele Stodart - Sgt. Pepper's Lonely Hearts…
09. Benjamin Francis Leftwich - With a Little Help from My Friends
10. Wooden Wand - Baby, You're a Rich Man
11. Gravenhurst - Only a Northern Song
12. Thea Gilmore - All You Need Is Love
13. Baxter Dury - When I'm Sixty-Four
14. The Cornshed Sisters - Nowhere Man
15. My Darling Clementine - It's All Too Much
02. Bevis Frond - Hey Bulldog
03. Howe Gelb - Eleanor Rigby
04. Cornershop - Love You To
05. Jim White - All Together Now
06. Natalie Duncan - Lucy in the Sky with Diamonds
07. Pete Shelley - Think for Yourself
08. Michele Stodart - Sgt. Pepper's Lonely Hearts…
09. Benjamin Francis Leftwich - With a Little Help from My Friends
10. Wooden Wand - Baby, You're a Rich Man
11. Gravenhurst - Only a Northern Song
12. Thea Gilmore - All You Need Is Love
13. Baxter Dury - When I'm Sixty-Four
14. The Cornshed Sisters - Nowhere Man
15. My Darling Clementine - It's All Too Much
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