Menos de oito meses depois do lançamento de Abbey Road, surgiu nas lojas de discos Let It Be, em 8 de maio de 1970. Havia se passado escassas semanas desde que fora assumido oficialmente que os Beatles tinham deixado de existir. Mas o álbum em que os quatro membros do grupo surgem na fotografia da capa a atravessando uma faixa de pedestres no bairro de Saint John’s Wood, no noroeste de Londres, foi o derradeiro que gravaram, com a data de edição no Reino Unido registada para a história como 26 de setembro de 1969, fez ontem, sexta-feira 45 anos.
Abbey Road, a despedida dos fab four e, para milhares de fãs, a sua melhor obra, foi o décimo primeiro álbum na discografia da banda nascida em Liverpool. Mas, na altura, foi quase um milagre que os músicos tenham concordado em voltar a reunir-se em estúdio com o seu produtor de sempre, George Martin. Em 1969, o ambiente no interior da banda estava longe dos seus melhores dias e janeiro daquele ano tinha sido um período de grandes tensões.
John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr ainda tentavam se recuperar das gravações e filmagens daquele que viria a ser o disco e o filme Let It Be. Na atmosfera fria e pouco acolhedora dos Twickenham Studios, as imagens captadas não esconderam, sequer, uma cena abrasiva entre McCartney e Harrison por causa de divergências sobre os arranjos de uma canção.
Depois, os trabalhos foram transferidos para os estúdios da Apple, em Savile Row, no centro da capital britânica, no edifício da editora que os Beatles tinham lançado em 1968 e que, na época, era um sorvedouro de dinheiro. Divididos quanto à escolha do gestor capaz de colocar em ordem na casa, com Paul McCartney preferindo o advogado de negócios que era pai de Linda Eastman, sua mulher, e os outros três querendo Allen Klein, os Beatles afundavam-se em cansaço, atritos e vontade de prosseguirem, não mais juntos, em projetos a solo. Sabiam que o fim estava próximo, mas jamais o reconheceram enquanto estiveram concentrados em gravar a última peça daquela que é, do ponto de vista de muitos músicos, produtores e críticos, a mais rica e influente discografia de sempre na história da música pop-rock.
O fato é que, após o desastre que foram os esforços que mais tarde resultaram na edição de Let It Be, inicialmente programado para se chamar Get Back e em que o produtor Phil Spector decidiu acrescentar orquestrações que irritaram sobretudo McCartney, os Beatles decidiram voltar ao trabalho nos seus estúdios de quase sempre, a estrutura que a editora EMI detinha em Abbey Road. Mas ninguém ache que foi fácil não!
Depois das gravações do fatídico "Let it be, e quando o próprio grupo achava que não se reuniria mais, George Martin ficou surpreso ao receber um telefonema de Paul McCartney para produzir mais um disco dos Beatles. Martin topou, com a condição que fosse como faziam antes. Ele não só produziu o melhor disco dos Beatles como o álbum que mais vendeu até hoje!
Abbey Road é o 12° é o último álbum dos Beatles. Foi lançado em 26 de setembro de 1969 na Inglaterra, e em 01 de outubro nos EUA. O nome é em homenagem à famosa rua onde existe o famoso estúdio onde os famosos Beatles gravaram todos os seus sucessos. Abbey Road foi produzido e orquestrado por George Martin para a Apple Records e, apesar de ser o canto de cisne da banda, os Beatles nunca tocaram tão bem, não cantaram tão bem e não se mostraram tão maduros como em Abbey Road.
George Harrison surpreendeu a crítica como compositor, e que levaria adiante até o seu disco solo 'All Things Must Pass'. Paul McCartney foi o mentor musical do trabalho, tendo seu ápice no medley do lado B do disco. John Lennon, ausente em muitas sessões de gravação, ainda teve fôlego para dar ao grupo três de suas melhores canções: "Come Togeher", "I Want you ( She's So Heavy)" e "Because". Ringo teve seus momentos na ótima " Octopus's Garden " e fazendo o único solo de bateria em uma música dos Beatles.
A icônica fotografia da capa do álbum foi tirada do lado de fora dos estúdios Abbey Road em 8 de agosto de 1969 por Iain Macmillan. A sessão durou dez minutos. A idéia foi toda de Paul McCartney, como podem ver nos rascunhos feitos pelo próprio. Genial!
Não mais que meia dúzia de fotos foram tiradas. Dessa vez, pelo menos, houve unânimidade e consenso na hora de escolher amelhor. Como pode ser tão perfeita?
Não mais que meia dúzia de fotos foram tiradas. Dessa vez, pelo menos, houve unânimidade e consenso na hora de escolher amelhor. Como pode ser tão perfeita?
Iain Macmillan tinha 31 anos quando entrou para o seleto clube dos imortais e dos caras mais sortudos do mundo, em 8 de agosto de 1969. Ele foi o fotógrafo escolhido a dedo, para clicar a foto da capa mais famosa da terra. Era amigo de Yoko Ono que o apresentou a John Lennon, que mostrou seu trabalho para o resto do grupo. Foi o escolhido. Depois desse trabalho para os Beatles, que lhe rendeu uma boa grana, Macmillan ainda se encontrou com o casal Ono/Lennon nos anos 70. Depois, ainda fez a capa do "PAUL IS LIVE". Morreu em 2006. De câncer.
1. O disco esteve para se chamar Everest, inspirado na marca de cigarros que o engenheiro de som Geoff Emerick consumia. Por fim, McCartney sugeriu que se chamasse simplesmente Abbey Road, a rua onde se localiza o estúdio em que o disco foi registado.
2. No final de junho de 1969, quando estavam numa das fases mais importante das gravações de Abbey Road, John Lennon, que era tido como péssimo motorista, sofreu um acidente de automóvel enquanto passava férias na Escócia com Yoko Ono. No carro, além de Yoko, estava sua filha Kyoko, e o filho de Lennon, Julian. Os médicos recomendaram descanso a Yoko Ono e uma cama foi instalada nos estúdios, para desespero de Paul, George e Ringo.
3. Na fase final do percurso dos Beatles, um dos fatores que mais frustração causava a George Harrison era a circunstância de Lennon e McCartney detonarem com frequência suas canções. O disco acabou por incluir dois temas de Harrison: “Something” e “Here Comes the Sun”.
4. A data de 20 de agosto é recordada com tristeza pelos fãs dos Beatles. Em fase de finalização das gravações, este foi o último dia em que os quatro membros dos Beatles estiveram juntos num estúdio. Isso jamais voltaria a acontecer.
5. Antes do início das gravações de “Abbey Road”, John Lennon e Paul McCartney gravaram, sem o contribuição alguma de Harrison e Starkey, a canção “The Ballad of John and Yoko” que foi lançada como single com “Old Brown Shoe” de George Harrison no lado B.
6. Boa parte do lado B de Abbey Road é ocupado por um medley que colou diversos pedaços de canções compostas por John Lennon e Paul McCartney e que estavam incompletas. No final, Lennon, McCartney e Harrison fazem solos espetaculares e Ringo, que detestava solos de bateria, acabou sendo convencido que era a hora de fazer um.
7. Uma das novidades do álbum está na utilização de um Sintetizador Moog, instrumento eletrônico inventado por Robert Moog que, na época, maravilhava os músicos e bandas de pop e rock. O instrumento é usado nas faixas Maxwell’s Silver Hammer, I Want You (She’s So Heavy), Here Comes The Sun e Because.
8. Pela primeira vez na história dos Beatles, a capa omitiu o nome da banda e, até, do próprio álbum.
9. Abbey Road deu origem ao lançamento de um single com dois lados A, “Come Together” e “Something”. Era uma prática não habitual, porque os Beatles sempre preferiram lançar em compactos, canções que não estavam no alinhamento dos álbuns. Desta vez, a vontade de Klein de faturar teria falado mais alto.
10. Após o final do medley, o disco tem uma faixa escondida, um pedacinho de um tema de Paul McCartney – “Her Majesty”, que dura apenas 23 segundos.