terça-feira, 31 de janeiro de 2012

THE BEATLES - STRAWBWERRY FIELDS FOREVER

Postagem originalmente publicada em 15 de dezembro de 2010
No outono de 1966, John Lennon foi para a Espanha filmar o papel do soldado Grippweed no filme “How I Won The War”, de Richard Lester, no Brasil – “Como Ganhei a Guerra”. Foi o primeiro Beatle a realizar um trabalho sem os três companheiros. Entre as cenas na praia de Almeria, ele começou a compor “Strawberry Fields Forever”, uma música concebida para ser um blues arrastado. A canção começou com o que viria a ser o segundo verso da versão gravada. Era uma reflexão sobre a convicção de que desde a infância ele sempre fora, de alguma forma, diferente dos demais, de que via e sentia coisas que os outros não viam ou sentiam. Na versão mais antiga de suas fitas na Espanha, ele começa com: “ No one is on my wavelenght”, para depois mudar a frase para “No one i think is in my tree”, aparentemente para disfarçar o que poderia ser visto como arrogância. Ele estava dizendo que acreditava que ninguém conseguia se sintonizar com sua forma de pensar e que, então, devia ser ou um gênio (“high”) ou louco (“low”). “Eu pareço ver coisas de uma maneira diferente das pessoas”. Foi apenas no take 4 da fita de composição que ele fala dos Strawberry (sem o “forever”) e, no take 5, acrescentou a frase “nothing to get mad about”, que depois foi alterada para “nothing to get hung about”. Ele já estava usando um modo deliberadamente hesitante – “er”, “that is”, “I mean”, “I think” – para reforçar que essa era uma tentativa de articular conceitos que não podem ser colocados em palavras.
Ao retornar à Inglaterra, John trabalhou na música em Kenwood, onde o verso final foi incluído. Foi só no estúdio que ele a terminou, acrescentendo o verso de abertura, o que ajuda a explicar por que a introdução dá a sensação de não fazer parte do resto da canção.
Na versão completa, um lugar é criado para representar um estado da mente. Strawberry Field (John acrescentou o “s”) era um orfanato do Exército da Salvação na Beaconsfield Road, Woolton, a cinco minutos de caminhada de sua casa em Menlove Avenue. Era uma enorme construção vitoriana em um terreno arborizado aonde o jovem Lennon ia com sua tia Mimi para os festivais de verão, mas também um lugar onde ele entrava sorrateiramente a noite e nos fins de semana com amigos como Pete Shotton e Ivan Vaughan para fumarem e beberem escondidos. Strawberry Field era o playground de John Lennon. Essas visitas ilícitas eram para John como as fugas de Alice pela toca do coelho e através do espelho. Ele sentia estar entrando em outro mundo, um universo que era mais próximo do seu mundo interior, e na vida adulta ele associaria esses momentos de alegria com sua infância perdida e também com uma sensação de psicodelismo, neste caso sem drogas.
Na entrevista de 1980 para a Playboy , John declarou que “entrava em alfa” quando criança e via “imagens alucinatórias” de seu rosto quando se olhava no espelho. Ele disse que foi só quandio descobriu o trabalho dos surrealistas que percebeu que não era louco, que não era o “único”, e sim membro de “um clube exclusivo que vê o mundo desse jeito”. Fonte: THE BEATLES – A HISTÓRIA POR TRÁS DE TODAS AS CANÇÕES – Steve Turner.
Nota do editor:
“Strawberry Fields Forever” foi a primeira gravação do que viria logo em seguida: o magnífico SGT. PEPPER’S. Estranhamente, o compacto “Strawberry Fields Forever” / “Penny Lane” não foi imediatamaente para o primeiro lugar, como era costume há vários anos. Mas esta, é outra história. Fica para outra vez. Abração!

2 comentários:

Marcelo Giovanni disse...

John foi mais que um gênio, John era demais pra ser compreendido pelo nosso mundo... Let me take you down, cause I'm going to... Ele estava no 'topo do topo', mas se sentia no fundo, talvez por seus problemas de infância... Era o problemático, o chato, mas era o gênio, a alma, o grande cara... Stawberry Fields, como In my life, ele se declarava, demonstrava seu mais profundo 'eu'... Ele começou tudo, criou os Beatles pra fugir da dor de perder a mãe, não era comum, pensava diferente de todos os outros... John era John, Help me if you can I'm feeling down, cause I'm a loser, and I lost someone who's near to me...

João Carlos disse...

Geralmente os autores (ou as traduções) confundem falando que a música começava pelo 1º verso que virou 2º. O 1º continuou 1º.Mas a música passou à começar pelo REFRÃO (let me take you...).Ao contrário,exatamente,seria como Penny Lane começar por "Penny Lane is in my ears etc".STRAWBERRY começa com uma introdução instrumental~seguida pelo REFRÃO.Após isso entrao 1º verso.Penny Lane é o contrário.Ambas funcionaram magicamentes!