terça-feira, 20 de março de 2012

THE BEATLES - THE BALLAD OF JOHN & YOKO

No dia 20 de março de 1969, John Lennon e Yoko Ono se casaram em Gibraltar, na Península Ibérica. O lugar foi sugerido por Peter Brown. A história do casamento e das campanhas pela paz realizadas pelo casal seriam imortalizadas na música “The Ballad of John and Yoko” - de Lennon & McCartney.

 
"The Ballad of John and Yoko" é uma canção dos Beatles composta por John Lennon, creditada à dupla Lennon & McCartney, e lançada em compacto simples (EP) em 30 de maio de 1969 como lado A, tendo "Old Brown Shoe" de George Harrison como lado B. A gravação foi realizada em 14 de abril de 1969 e alcançou o topo das paradas tanto no Reino Unido como nos Estados Unidos.
Em 8 de dezembro de 1968 (atenção aqueles que curtem numerologia) sai o divórcio de John Lennon com Cynthia Powell, mãe de seu filho Julian. Em fevereiro de 1969 sai o divórcio de Yoko Ono com Anthony Cox, pai de sua filha Kyoko. Com isso, o caminho estava aberto para que os dois, John e Yoko, pudessem oficializar a sua união. Além do mais, já estavam atrasados, afinal Paul (sempre Paul) já estava casado com sua Linda. Na Inglaterra não poderia ser, por um impedimento legal: Yoko não tinha visto de permanência no país. Tencionavam se casar no mar, a bordo de um navio, saindo de Southampton, Inglaterra, que cruzaria o Atlântico. Como não planejaram a viagem com antecedência, não puderam embarcar por falta de vagas. Tentaram ainda cruzar o Canal da Mancha em direção à Holanda, mas estavam sem os passaportes naquele instante. Então, abandonaram a idéia de núpcias no mar e foram para Paris.
De lá, acionaram um administrador da Apple Records, Peter Brown, que os aconselhou a se casarem em Gibraltar e providenciou toda a papelada e os preparativos do casamento. Assim, ele foi realizado, no dia 20 de março de 1969. Para a lua-de-mel o casal seguiu para Paris; e após alguns dias, de carro para o hotel Amsterdam Hilton, na Holanda. Lá, eles que já haviam convocado a imprensa, anunciam o que foi chamado de "Bed-in": uma semana de protestos, sem sair da cama, por causa das guerras no mundo.
Durante esses sete dias na cama, convidaram várias figuras de conhecimento público para visitá-los, sempre com a presença da imprensa mundial. Timothy Leary, Tommy Smothers, Dick Gregory, e Al Capp para cantar a música em favor da paz "Give Peace a Chance", gravada no quarto de hotel no dia 1 de junho. Todos menos Al Capp se juntaram ao ex-beatle e sua mulher. Em seguida, vão para Viena, Áustria e de lá voltam para Londres, onde tinham encomendado 50 mudas de carvalho que enviariam para alguns líderes mundiais como símbolo da semente da paz.
Baseada nesta história, e com o refrão: "Christ you know it ain't easy, you know how hard it can be. The way things are going, they're going to crucify me". ("Cristo, Você sabe como não é fácil, Você sabe quão difícil pode ser. Do jeito que as coisa vão, eles me crucificarão"), John Lennon compôs a letra. A música atingiu o primeiro lugar nas paradas de sucesso na Inglaterra, nos EUA e em vários países ao redor do mundo. Por causa do refrão com menção à Cristo e à crucificação, a música foi boicotada pela maioria das rádios americanas e inglesas, e proibida na Austrália.
Desta gravação só John Lennon e Paul McCartney participam. Os outros dois Beatles estavam ausentes, Ringo filmando com Peter Sellers e George fora do país. John Lennon tinha pressa e por isso convenceu Paul a ir gravar junto com ele. A gravação foi realizada em uma só sessão (que durou 8 horas e meia e teve 11 tomadas – a 10ª foi escolhida e editada)) no dia 14 de abril de 1969, três dias depois do lançamento de “Get Back”. Esta foi a primeira música dos Beatles que não teve mixagem para mono; só foi produzida em estéreo. John Lennon fez o vocal principal, tocou violão, guitarra e pandeiro. Paul McCartney participou dos vocais (só os dois fizeram backings) , tocou seu baixo como se quizesse deixar gravada ali uma mensagem, piano, bateria e maracás.
A seguir, a gente confere um pequeno trecho sobre esse episódio do livro "Paul McCartney - Uma Vida" de Peter Ames Carlin:

"Na manhã do dia 14 de abril, o telefone tocou em Cavendish e Paul ouviu a voz de John do outro lado da linha. Ele tinha acabado de voltar de seu casamento com Yoko, em Gibraltar, e da semana corrida "em cima da cama" que haviam conduzido em Amsterdã, para promover sua nova campanha internacional pela paz. Bem a caminho de deixar para trás suas identidades individuais em troca de um novo perfil unificado — Johneyoko era a forma como John gostava de descrever ambos —, John havia composto uma nova canção para comemorar a união. Era "The Ballad of John and Yoko", e ele queria transformá-la num novo single dos Beatles. George e Ringo não estavam disponíveis — os dois estavam fora da cidade. Mas Paul poderia vir até a EMI naquela tarde para gravá-la? Sim, claro. Por que não? Fantástico! A campainha tocou algumas horas depois, e lá estava John, com a guitarra e Yoko a tiracolo; em seguida, eles subiram à sala de música para que John tocasse a sua canção. Christ, you know it ain't easy! Com toda sua transgressão comportamental, aquilo era rock 'n' roll na forma mais pura de Chuck Berry: três acordes, uma história em primeira pessoa e muita atitude. Paul entendeu e apreciou na hora. Então, eles juntaram Linda e Yoko e caminharam pela rua, como um novo quarteto desajeitado, dobrando a esquina em direção a Abbey Road.
Descendo ao Estúdio Três e com uma nova canção entre eles, tudo voltara a ser como antes. John tocou guitarra e deu as ordens; Paul tocou baixo, bateria e maracás, e atirou-se a uma nova harmonia vocal. O trabalho foi rápido, eles riram e fizeram piadas. "Havia uma vibração maravilhosa ali, de fato", relembra o diretor de arte da Apple, John Kosh, que assumiu as funções na sala de controle. Kosh estava com a mulher e eles ficaram ali esperando, observando os rapazes em atividade até que John pudesse subir para avaliar o calendário que Kosh estava rascunhando para ele. Linda, que ainda era nova naquele ambiente, mas estava ansiosa para desempenhar o papel de mulher e protetora de Paul, confundiu Marjorie Kosh com uma estranha qualquer. Talvez, disse Linda de forma fria, fosse hora de Marjorie dar o fora. Imediatamente. "Eu não vi nem ouvi nada", diz Kosh. "Apenas me lembro de Marjorie dizer 'Foda-se!' e sair bufando." A fofoca circulou e, logo depois, John ligou para a casa de Kosh e se desculpou. Dentro do estúdio, porém, nada mais importava naquele dia além da música. "Um pouco mais rápido, Ringo!", John pediu a Paul, que tocava bateria. "Tudo bem, George!", Paul respondeu. "Sempre me surpreendeu como, estando apenas nós dois, aquilo acabou soando como os Beatles", Paul afirmou."
JOHN LENNON / YOKO ONO - QUE MÚSICA É ESSA?
Matéria publicada originalmente no dia 9 de maio de 2011.
Na história da música popular, nada pode ser comparado à trilogia lançada pelo casal John Lennon - Yoko Ono em 1968 e 1969: os álbuns “Unfinished music nº 1: two virgins”, “Unfinished music nº 2: life with the lions” e “Wedding álbum”. Gravações consideradas pela critica como experimentais e "tolas". A maioria das faixas traz apenas ruídos e instrumentos como piano e bateria se repetindo, como se estivessem em loop. Nas faixas em que Yoko "canta", ela apenas emite grunidos. Mas apesar do repertório “estranho” criado pelo casal, as maiores polêmicas surgiram com a capa do primeiro disco “Unfinished music nº 1: two virgins”, que trazia o casal nu, chegando a ser censurada em alguns países.
UNFINISHED MUSIC NO. 1 - TWO VIRGINS
"Unfinished Music No. 1 - Two Virgins", gravado na primeira noite que Yoko passou na mansão de John em Weybridge, Londres. O disco registra diálogos, gritos e sussurros do casal apaixonado. A capa do disco causou alvoroço ao registrar John e Yoko em nu frontal.
Lançado no emblemático novembro de 1968, Unfinished Music No. 1 - Two Virgins foi gravado em meados de março, após o Wonderwall de Harrison, e o álbum "The Beatles". Naquela produtiva noite de março, o futuro casal mal se conhecia. Lennon e sua esposa Cynthia haviam retornado de Rishikesh, Índia - e John parecia disposto a salvar o casamento já em ruínas. Porém, trocando telefonemas com Yoko, a quem ele conhecia desde 66, John aproveitou uma viagem da esposa para convidá-la até seus aposentos em Kenwood, onde também se encontrava seu amigo de longa data, Pete Shotton. John e Pete haviam gravado inúmeras fitas durante aquelas semanas (assim como na juventude, os dois adoravam fazer rimas nonsense), e foram essas gravações a base do que viria a ser "Two Virgins".
O jovem casal começou a noitada dividindo um ácido, Shotton já tinha saído. E então deram vazão à loucura produzindo durante toda a noite. Depois de muitos assobios, uma série de sons randômicos no piano começam a aparecer, entrecortados por ruídos. Em seguida uma gravação com rotação alterada se contrapõe aos primeiros vocalizes de Ono, e o primeiro clímax é um grito bastante estridente. Lá pros 6:00 a coisa fica bem interessante: o disco gravado continua tocando (bem lento), os ruídos se tornam mais intensos, e o piano chega a tentar uma progressão. Os vocais de Yoko Ono tem um terreno perfeito na loucura concebida pelo Lennon-produtor, incluindo os ocasionais diálogos.
Two Virgins é uma obra sem par. Espontâneo, corajoso, e altamente verdadeiro. O final do lado 1 é perfeito nesse sentido, com o "excuse me" de John para apertar o botão de parar do gravador, independente do climão que estava rolando entre a reverberação de algum instrumento e a voz da moça. O lado 2 é extremamente "mais do mesmo"; se não gostou da primeira metade, melhor desistir. O bonus track do Cd editado em 1997, como parte dos relançamentos do catálogo de Yoko Ono. "Remember Love" é uma pérola, lançada originalmente como Lado B do compacto "Give Peace a Chance". A voz de Yoko é tão doce, que nos faz acreditar que se ela não fosse tão vanguardista em suas concepções artísticas, poderia muito bem ter se tornado uma cantora folk/ pop bastante bem sucedida.DOWNLOAD: http://www.4shared.com/file/9BZPmXuk/1968_-_Unfinished_Music_No_1_T.html
UNFINISHED MUSIC NO. 2 - LIFE WITH THE LIONS
Enquanto 1969 chegava, John cada vez mais sentia necessidade de um afastamento dos Beatles. Yoko estava grávida e John aproveitou para gravar os batimentos cardíacos do bebê. Infelizmente a gravidez durou pouco e Yoko foi obrigada a fazer um aborto. As gravações de John foram utilizadas com um novo mix de gritos de Yoko e música experimental para o segundo álbum do casal, entitulado ‘Unfinished Music Nº 2 - Life With the Lions’.
É outro álbum de música de ruído (experimental) lançado por John Lennon e Yoko Ono em 1969, e o sucessor de 1968 do altamente controverso Two Virgins. O título é uma paródia do programa de rádio da BBC o "Life with the Lyons",que era um favoritos de John Lennon. O álbum abre com uma longo e improvisada gravação intitulada "Cambridge 1969", gravada em na Universidade de Cambridge, antes de uma audiência ao vivo. A peça consiste de vocalizações de Yoko Ono, acompanhados por comentários de guitarra de John Lennon. O saxofonista John Tchicai e percussionista John Stevens se juntam a Ono e John Lennon no final da peça. O restante do álbum foi gravado em uma fita cassete em sua suíte no Hospital Queen Charlotte, em Londres, em Novembro de 1968, onde Ono sofreria o primeiro dos três abortos que teria. "No Bed For Beatle John" consiste de John e Yoko cantando o texto de recortes de imprensa sobre si, em um estilo de cantar a cappella. "Baby's Heartbeat" é uma gravação (feita com um microfone Nagra) de palpitações reais da criança que perderam. O álbum fecha com "Radio Play"; treze minutos de uma ligação de rádio virada para trás e para frente com breves momentos de John Lennon fazendo uma chamada telefónica em segundo plano. (Aliás, a canção dos Beatles" Ob-La-Di, Ob-La -Da ", é perceptível entre o rádio estático durante esta gravação.) A fotografia da capa do álbum foi tirada enquanto Ono estava de cama no Hospital Queen Charlotte com Lennon ao seu lado, enquanto a contracapa era uma foto da notícia de Lennon e Ono deixando Marylebone Police Station, após a sua detenção por posse de maconha, outubro de 1968.
Unfinished Music No.2: Life with the Lions foi um desastre comercial. Lennon disse à imprensa depois que tinha vendido aproximadamente 60.000 cópias nos Estados Unidos. Ele e Yoko Ono ficaram desapontados que a Apple Records, no Reino Unido não tinha dado qualquer promoção para o álbum, ou incluído em qualquer tipo de publicidade. Unfinished Music No.2: Life with the Lions foi inicialmente lançado com o selo subsidiário da Apple Records, Zapple Records, mas foi reeditado através da Rykodisc em 1997 com duas faixas bônus inéditas, "Song For John" e "Mulberry". Estas duas faixas as gravações aconteceram no hospital Queen Charlotte - a fonte para a segunda metade do LP.
THE WEDDING ALBUM
Em março de 1969, John e Yoko viajaram até Gibraltar onde se casaram oficialmente. A lua de mel seria em hotéis pelo mundo afora em que celebrariam sua união e fariam campanhas pacifistas. Veio a seguir, mais um disco de música vanguardista e inacabada celebrando o casamento dos dois, lançado com o título de ‘Wedding Album’.
"Wedding Album" é o último (ufa!) da trilogia de álbuns experimentais de John Lennon e Yoko Ono. Lançado em 1969, tinha duas faixas, uma em cada lado do disco. O lado 1 é uma gravação de John Lennon chamando por Yoko Ono e vice-versa em variados tons e formas, mais o som de seus batimentos cardíacos.
O original vinha em uma caixa elaborada pelo design por John Kosh, incluindo fotografias, desenhos de Lennon, uma reprodução da certidão de casamento, uma foto de uma fatia de bolo de casamento (dentro de uma luva branca), e um livreto de recortes da imprensa sobre o casal. O álbum nem de longe apareceu em qualquer lista das paradas britânicas, mas conseguiu um # 178 em os EUA.

6 comentários:

Valdir Junior disse...

Post Completíssimo !!!
Essa coisa de só o John e Paul gravarem essa faixa de puro Rock and Roll comprova o quanto ( não desmerecendo o George e o Ringo )eles eram as principais forças motrizes da banda !!!
A Bateria e o baixo dessa musica são matadoras , e o vocal do John é certeiro !! Mesmo em crise havia sintonia !!!

P.S : Agora tem que ter MUITO amor mesmo para encarar um " Love " com a Yoko , Rssssss !!!!

Lucy Diamond disse...

Sempre demais né Edu? o que eu eu quero saber mesmo é sobre os boatos que estão rolando que o nosso Baú vai acabar. Que história é essa, Edu????

Leonardo Polaro disse...

Caro Valdir,o amor é cego,surdo & mudo neste caso....
Gravação antológica,na minha opinião.
Abraços !

Milla Magalhães disse...

Muito legal o post. Os Beatles estavam em frangalhos e Lennon precisou de Paul para gravar uma música sobre seu casamento. E se fosse o contrário? Ele teria ajudado Paul? O Baú vai acabar??? M.M.

Marco Miranda disse...

Belo post, Edu. A Balada de John e Yoko é apenas mais um capítulo na Balada Beatles. A japa conquistou desafetos mundo afora, mas também conquistou absolutamente o maior ícone da cultura pop de todos os tempos. De alguma forma ela tem que ser respeitada, afinal não deve ser fácil ser a única dona do amor daquele que todos amavam.

João Carlos disse...

De certa forma,todos devemos à essa Balada,e ao clima positivo reinante então, o ABBEY ROAD. Apenas o melhor album de todos os tempos!