quarta-feira, 26 de setembro de 2012

SELEÇÕES - PAUL McCARTNEY - "EM BUSCA DO AMOR"

A matéria que a gente confere agora, na íntegra sobre "Os Amores de Paul McCartney" foi publicada em 15 páginas da revista Seleções Reader's Digest de maio de 2012. Apesar de ser meio longa, a matéria é rica e esclarecedora em alguns pontos meio obscuros dos romances que Paul vivenciou. Vale à pena ler com atenção cada linha e também as entrelinhas. Abração!
Em 11 de maio de 1968, Paul McCartney e John Lennon foram para Nova York promover sua empresa, a Apple Records. Uma multidão de tamanho considerável os recebeu no Aeroporto John F. Kennedy e os acompanhou até o hotel. No dia seguinte, os dois Beatles fizeram uma reunião num barco que circundou a Estátua da Liberdade e, mais tarde, deram uma entrevista coletiva. A fotógrafa Linda Eastman compareceu à entrevista. No verão anterior, em Londres, Paul conhecera a jovem. Ela tirava fotos, para um livro sobre músicos, e os dois foram apresentados num bar. Ela foi à casa de Paul com várias pessoas, mas as lembranças do que aconteceu naquela noite são nebulosas. "A gente só pensa: é mais uma garota, mais uma noite", observou Dudley Edwards, amigo de McCartney. - Foi na entrevista coletiva sobre a Apple que minha relação com Paul se reacendeu - recordou Linda. - Consegui lhe passar o número do meu telefone. Ele me ligou e disse que partiriam naquela noite, mas gos¬taria que eu fosse ao aeroporto com eles. E fui na limusine, enfiada entre Paul e John. Nat Weiss, sócio da Apple em Nova York, também estava na limusine. Para ele, tudo fazia parte da campanha in¬cansável de Linda para transformar Paul em seu marido. "Foi Linda quem ficou mais tempo atrás dele", disse. "Mas acho que naquele momento ele ainda não se decidira por ela." McCartney voltou à Inglaterra para gravar The Beatles, mais conhecido como Álbum Branco, por causa da capa - um disco abertamente ambicioso e artístico. Nesse estágio da carreira, os Beatles trabalhavam individualmente e criavam músicas muito pessoais e diferentes. Enquanto John Lennon compunha canções como "Revolution" e "Yer Blues" e George Harrison contribuía com "While My Guitar Gently Weeps", Paul apresentou algumas das faixas mais famosas e duradouras do disco, como "Back In the USSR", "Blackbird", "Mother Nature's Son" e a deliciosamente boba "Rocky Raccoon". Em parte, a variedade musical resultava de os Beatles não serem mais um time harmonioso. Brigavam cada vez mais, muitas vezes trabalhando em canções próprias, implicando uns com os outros e com a equipe. De certo modo, Yoko Ono foi responsável pela sacudida, embora sua presença acabasse se mostrando prejudicial. Ela usurpou o lugar de Cynthia, a primeira mulher de John Lennon, e se mudou para Kenwood, a propriedade campestre de John. Yoko ia a toda parte com ele, inclu¬sive às gravações dos Beatles. Não era como Cynthia nem como as esposas de George e Ringo, todas parceiras dóceis dos Beatles. E não era como Jane Asher, a eterna namorada de Paul, que seguia a carreira de atriz e se esforçava para não se imiscuir no trabalho dele. Quando o grupo se reuniu no fim de maio de 1968, Paul, George e Ringo ficaram embasbacados ao ver Yoko sentada ao lado de John, decidida a ali permanecer durante a gravação. No passado, os Beatles não gostavam de gente no estúdio, a não ser, de vez em quando, alguém para fazer os vocais ou tocar um pandeiro. E ali estava Yoko, sentada com os rapazes, fazendo vo¬cais e dando opinião na sala da técnica. Também nunca se vira um membro do grupo sair de Londres durante a produção de um disco. Mas Paul, George e Ringo decidiram sair da cidade. Paul foi para o norte para ser padrinho de casamento do irmão e levou Jane Asher consigo.
Apesar de noivos, Paul e Jane não estavam se dando bem. Pareciam felizes na festa de casamento, mas assim que voltou a Londres Paul levou outra mulher para a cama. Era Francie Schwartz, que fora a Londres tentar vender um roteiro de filme para a Apple. Francie não tardou a se mudar para a casa de Paul em Londres, conhecida como Cavendish, e ir com ele à sede da Apple. Mudança de guarda Paul voltou ao estúdio de gravação para trabalhar mais. Depois, partiu de novo para Los Angeles numa viagem de negócios. Enquanto fazia escala em Nova York, ligou para Linda Eastman. Deixou recado dizendo que estava a caminho da costa oeste do país e que ficaria no Beverly Hills Hotel. Naquela noite, Paul se hospedou no hotel e foi para as boates. Na manhã seguinte, ficou na piscina com garotas que conhecera. Mais tarde, foi a uma reunião na Capitol Records. Quando voltou ao hotel para trocar de roupa antes do próximo compromisso, lá estava Linda sentada à sua porta. Ela pegara o primeiro voo disponível em Nova York. - Assim, Paul me encarregou de enxotar todo mundo imediatamente e se trancou no quarto com ela - recordou Tony Bramwell, funcionário da Apple. Paul e Linda passaram o dia seguinte juntos na lancha do diretor de cinema Mike Nichols. - Ficaram absolutamente insepa¬ráveis; foi instantâneo - observou Bramwell. - Ela era perfeita para ele: maternal, de seios grandes, com um je ne sais quoi. Todos nos espantamos com a profundidade do sentimento que Paul obviamente tinha por Linda - acrescentou, observando que, no dia seguinte, quando saíram do Beverly Hills Hotel, Paul e Linda pareciam "irmãos siameses, de mãos dadas e fitando-se nos olhos até o aeroporto". Linda voltou a Nova York e Paul foi para Londres. Ele retomou o trabalho no novo disco e em vários outros projetos da Apple. Corria de casa para o escritório, o estúdio e as boates, enquanto os Beatles se irritavam cada vez mais uns com os outros. Nesse ínterim, a vida pessoal de Paul virava uma farsa. Certa manhã, de acordo com Francie, ela e Paul estavam juntos na cama em Cavendish quando ouviram bati¬das à porta do quarto. - Quem é? - perguntou Paul, porque sempre havia amigos passando pela casa. - Jane - respondeu a noiva, que vol¬tara a Londres para participar de um peça. Paul pulou da cama, vestiu uma roupa qualquer e levou Jane pela escada até o jardim. Francie apareceu na janela. Paul berrou com Francie para que voltasse para dentro. Então Jane foi embora. Pouco depois, a mãe dela foi lá encaixotar os pertences da filha. Alguns dias mais tarde, Jane apare¬ceu num programa de TV e disse ao entrevistador que rompera o noivado com Paul. "Acabou", disse ela com firmeza, e foi tudo o que disse sobre o assunto, naquele momento e para sempre. Enquanto isso, John e Yoko saíram de Kenwood e se hospedaram na casa de Paul em Cavendish. Eles faziam programas juntos, mas a situação co¬meçou a ficar desagradável e John e Yoko foram morar com Ringo no seu apartamento de Londres. Nesse estágio, Paul liberou Francie. - Ela achava que havia muito amor dele por ela - disse Tony Barrow, o relações-públicas dos Beatles. - Mas não que eu conseguisse perceber. Ele a usou o tempo todo. Nessa ocasião, John pedia o divórcio, e muita gente ligada aos Beatles evitou falar com Cynthia para não ofender John. Mas Paul entrou em contato e, certo dia, foi até Kenwood dizer a ela que sentia muito pelo modo como John a tratara. Era hábito de Paul inventar canções a caminho de Kenwood, pois, nos velhos tempos, ele e John se encontravam lá para compor. Mais uma vez, a viagem ge¬rou uma canção que pretendia alegrar Julian, o filho de 5 anos de John. - Comecei com a ideia: Hey Jules, que era Julian, don't make it bad, take a sad song and make it better. Hey, try to deal with this terrible thing. [Jules, não leve a mal, pegue uma música triste e a melhore. Ei, tente lidar com essa situação terrível.] Ironicamente Paul aperfeiçoou a música em casa, enquanto John e Yoko estavam lá hospedados. Os Beatles gravaram "Hey Jude" num compacto, e não no Disco Branco. Foi uma atitude incomum, porque a música durava sete minutos, numa época em que a maioria das canções pop tinha menos de três. Paul cantou a primeira palavra, "Hey", antes de dar uma nota e tocou o primeiro acorde no piano ao can¬tar "Jude". Depois, acompanhou-se, e os outros entraram na segunda es- a sad song and make it better. Hey, try to deal with this terrible thing. [Jules, não leve a mal, pegue uma música triste e a melhore. Ei, tente lidar com essa situação terrível.] Ironicamente Paul aperfeiçoou a música em casa, enquanto John e Yoko estavam lá hospedados. Os Beatles gravaram "Hey Jude" num compacto, e não no Disco Branco. Foi uma atitude incomum, porque a música durava sete minutos, numa época em que a maioria das canções pop tinha menos de três. Mas, afora a gravação de "Hey Jude", os Beatles provocavam um caos no estúdio. Como disse George Harrison, havia uma "vibração estranha". Então, Ringo deixou o grupo temporariamente. Disse que não estava tocando bem e se sentia fora de tudo, e afirmou que "vocês três é que estão realmente próximos". John respondeu que achava que os outros três é que estavam realmente próximos, enquanto George, o mais novo, sempre se sentia ignorado por Paul e John. Enquanto isso, Paul se cansava da vida hedonista de solteiro. Por isso, fez contato com a única mulher que tivera importância para ele nos últimos meses. Linda estava na Califórnia a trabalho quando Paul ligou e a convidou para ir a Londres. Ela terminou as fotografias, voltou para Nova York e de lá seguiu para Londres. Paul estava no estúdio quando ela chegou, e Linda foi à Abbey Road e tirou fotos do grupo. O mês de setembro de 1968 estava acabando, era quase o fim dos Beatles, mas o começo da vida conjunta de Paul e Linda.
Linda, um ano mais velha que Paul, era filha de um rico advogado de Nova York, com clientes do show business que pagavam bem. Era judia, mas o pai mudara o sobrenome de Epstein para Eastman. Linda, loura e alta, foi criada em Nova York e cresceu dentro dos padrões de uma classe bem-sucedida, tal como era o sobrenome escolhido pelo pai. Com 17 anos, Linda foi para a Universidade do Arizona, onde conheceu o primeiro marido, Mel See. Casou-se e teve uma filha com ele. Dois anos depois o casal se separou, e Linda voltou com a filha para Nova York. Alugou um apartamento e começou a carreira de fotógrafa, registrando festas de ricos e famosos. Sempre acompanhava grupos de rock, e, quando conheceu Paul, já tivera pelo menos vinte amantes, muitos famosos. Era visível que, além de se divertir, ela procurava alguém rico e antenado que pudesse cuidar dela. Um amigo de Nova York se lembra de Linda ter lhe dito, antes mesmo de conhecer Paul, que estava de olho nele. "Ela disse que ia se casar com ele." Além de ser sua amante, Linda era o braço direito de Paul. "Ela tomava conta dele", disse o agente Peter Brown. "Era total e completamente leal, e cuidava de suas coisas em casa e em qualquer lugar." Outra qualidade apreciada por Paul era que Linda preferia a vida simples, e, até certo ponto, ele também. Gostava da autoconfiança de Linda, tão tipicamente americana. Ambos eram tranquilos e abertos quanto a sexo. Contaram um ao outro tudo sobre seu passado. Linda mergulhara no rock de um jeito que Jane, a ex-namorada, nunca fizera, e, ao contrário de Jane, não era careta quanto às drogas. Embora fosse uma mulher moderna e liberada, de um jeito ou de outro, Lin (como Paul a chamava) não se dedicava muito a construir uma carreira. Já se cansara de tentar ganhar a vida como fotógrafa de rock, e estava mais do que disposta a se estabelecer com um homem que pudesse cuidar dela e da filha. Ficaria contente de deixar Paul assumir o papel masculino tradicional, que parecia a ordem natural para um homem que, apesar da vida sofisticada, era produto da conservadora classe operária do norte da Inglaterra. Quando Linda mencionou que não queria mais tomar a pílula, Paul concordou, e ela engravidou. Os dois resolveram se casar e, em 12 de março de 1969, foram ao cartório e assinaram o livro de registro de matrimónios. Passaram numa igreja para receber a bênção, deram uma festa num hotel e partiram para a lua de mel em Nova York.
Linda entrou na vida de Paul numa época difícil. Os Beatles estavam se separando, e, em consequência disso, Paul quase entrou em crise. "A dor daquilo tudo, o desapontamento e a tristeza de perder um grupo tão bom, amigos tão bons... Eu estava enlouquecendo. Não me levantava de manhã, e quando me levantava era para beber." Ironicamente, havia semelhanças notáveis entre Linda e Yoko, duas mulheres fortes que afastaram a cotoveladas as inglesas doces e leais com quem John e Paul ficaram durante tanto tempo. Yoko, mais velha do que Linda, nasceu no Japão e foi para os Estados Unidos quando menina, tornando-se quase tão americana quanto a própria Linda. O pai de Yoko, financista de Nova York, era rico, assim como o de Linda. Tanto Linda quanto Yoko participavam da vida boémia de Nova York: Yoko como artista plástica conceitual, Linda como fotógrafa. Além disso, ao conhecerem os Beatles, ambas eram divorciadas com filhas pequenas. Foi Linda quem disse a Paul que havia um caminho pela frente. Mostrou-o que ele podia fazer música sem os Beatles. Ela ajudaria, se ele quisesse. Assim, Paul começou a pensar na carreira pós-Beatles, confiando nos conselhos de Linda e desenvolvendo uma devoção ainda mais profunda pela mulher. Ficaram tão íntimos que eram como gêmeos. Pouco depois de se casarem, ele compôs "Maybe I'm Amazed", forte expressão de amor conjugal pela mulher que o salvara de uma situação que, como cantou, ele não entendia. Mais tarde, escreveu outra música de devoção a Linda, "My Love", que liderou as paradas de sucesso em 1973. Ao casar com Paul, Linda se tornou um personagem público. Mas os meios de comunicação a achavam corrosiva e sem charme. Alguns amigos de Paul a consideravam uma fraude que o manipulava e o usava para virar estrela. Mas foi Paul quem insistiu que ela entrasse para o grupo Wings, embora fosse visivelmente amadora. E a maioria achava que Linda não estava interessada na fama, mas animava Paul representando uma integrante do grupo. Paul e Linda compuseram e saíram juntos em turnês. Paul adotou a filha de Linda e o casal teve mais três filhos, e levaram uma vida bastante voltada para a família nas várias propriedades na Inglaterra. Linda era apegada aos animais, e, sob sua influência, Paul também se tornou louco por bichos. Mais tarde, Linda foi quem motivou o marido e os filhos a se tornar ve¬getarianos; chegaram a dar alimentos da dieta vegetariana aos animais de estimação sempre que possível. Ser pai mudou Paul. A vida familiar era o que importava, e, quando o Wings fazia turnês, havia um forte laço de família no empreendimento. Nos bastidores, era fácil encontrar os pequenos McCartneys desenhando ou dormindo em camas de armar. Numa turnê europeia, eles equiparam um ônibus de cores vivas com colchões e almofadões de bolinhas, dando muita diversão às crianças.
Embora o casal continuasse a fumar maconha, Linda proibiu o uso de drogas nos bastidores dos espetáculos. Houve também a proibição oficial da presença de fãs ardorosas. Assim, Linda mantinha Paul longe da tentação, embora ele não mostrasse sinais de traição. "Nunca vi Paul com outra mulher", diz Denny Laine, integrante do grupo. Na verdade, Denny raramente via Paul sem Linda. Quando ele entrava numa sala, podia-se apostar que Linda ia atrás. "Ele queria alguém em quem confiar", diz Denny, explicando a atração que Paul sentia pela mulher. "Ela era de família rica, então ele sabia que Linda não estava com ele pelo dinheiro, e juntos tinham as crianças. Elas iam com eles a toda parte. Era uma vida que Paul nunca tivera e que realmente amava." Foi em 1995 que Linda sentiu um caroço na axila e procurou o médico. Fez uma lumpectomia em dezembro de 1995 para remover o tumor canceroso e o tecido circundante. Depois, Paul e Linda foram para sua propriedade em Sussex, para que ela se recuperasse. Enquanto cuidava da mulher, Paul se lembrou da doença da mãe - que morreu de câncer de mama em 1956, quando Paul tinha 14 anos -, trauma que nunca esqueceu nem superou por completo. Paul idealizava a mãe, mulher que trabalhava como parteira e enfermeira mas que, à noite, chegava em casa para preparar o jantar e sempre tinha tempo para os filhos. Paul imortalizou a mãe e as trabalhadoras como ela em Lady Madonna, children at your feet/Wonder how you manage to make ends meet [Lady Madona, com filhos aos pés, como é que consegue manter as contas pagas]. Agora a mulher sofria o mesmo destino. No verão de 1997, foram a Nova York para Linda se tratar no renomado Centro de Câncer Memorial Sloan-Kettering, e descobriram que o câncer tinha se espalhado para a outra mama. Tentaram todos os tratamen¬tos, consultaram médicos famosos em Londres e Nova York, com doses fortíssimas de quimioterapia, além de um transplante de medula óssea. Foram ao Arizona tentar terapias alternativas. Mas o fígado dela au¬mentara, indicando que o câncer se espalhara. Em abril de 1998, voaram para Tucson, onde tinham um esconderijo no deserto. O fígado de Linda começou a falhar. Em 15 de abril, Paul e Linda foram passear a cavalo. No dia 16, ao nascer do sol, Linda estava mal demais para se levantar e passou o dia na cama. Entrou em coma. Os filhos vieram lhe dizer que a amavam. Naquela madrugada, por volta das 3 horas, ela ficou inquieta. Paul se deitou na cama ao seu lado e lhe disse que ela estava a cavalo, passeando pela floresta de Sussex - "os jacintos estão abertos e o céu é azul-claro". Quando terminou a história, a esposa estava morta.
Em maio de 1999, Paul McCartney foi a uma entrega de prêmios em Londres para homenagear "quem faz a diferença". Era uma tentativa do Daily Mirror, jornal que patrocinava o evento, de tirar o ex-Beatle do luto. McCartney pouco tinha sido visto durante os 13 meses desde a morte da mulher. No final da cerimônia, uma mulher de 31 anos, bonita, com uma blusa vermelha transparente, entrou no palco. Tinha um sorriso aberto e convidativo e, sedutora, jogou para trás o cabelo louro e farto. Apresentou uma estudante que demonstrara coragem ao perder as pernas por septicemia. Embora à primeira vista não fosse óbvio, a mulher de blusa vermelha também era amputada e usava uma perna mecânica. Uma leve rigidez no andar era o único sinal de deficiência. - Quem é aquela? - perguntou Paul a Piers Morgan, editor do Mirror (e, recentemente, mais famoso como jurado de reality shows na TV). - Heather Mills - respondeu o jornalista, dando breves informações sobre aquela celebridade menor do mundo da imprensa marrom: a modelo corajosa que perdera a perna num acidente de trânsito e agora levantava dinheiro para caridade. Depois da cerimónia, Heather Mills foi para o Camboja. Quando voltou para casa, havia um recado no telefone: "Aqui é Paul McCartney. Quero conversar sobre sua obra de caridade." Paul convidou-a para ir ao seu escritório e fez a doação de 150 mil libras. Como Paul McCartney, Heather fora criada na classe operária do norte da Inglaterra. Nascida em 1968, tivera uma vida familiar complicada. Fla¬grada furtando lojas aos 10 anos, fugiu de casa aos 14, dormiu debaixo de via¬dutos e acabou se envolvendo com a indústria do sexo. Conheceu o primeiro marido num bar de Nova York. Em 1990, foi passar as férias esquiando na Iugoslávia; lá, teve um caso com um professor de es¬qui e acabou no meio da guerra civil. Sensibilizou-se com os que perdiam membros nas explosões de minas. Voltou a Londres para levantar recursos para a causa e se divorciar do marido. Certa noite, numa boate, conheceu um rico corretor de ações e, mais tarde, quando atravessavam a Kensington Road, uma motocicleta a atropelou e lhe arrancou o pé esquerdo. Os cirurgiões tiveram de amputar a perna até o joelho. A imprensa queria contar a história da modelo corajosa que sofrera uma amputação, e Heather leiloou a reportagem no leito do hospital. Começou a aparecer nos tabloides e nos pro¬gramas de televisão. Logo tornou-se apresentadora, escrevia uma autobio¬grafia e conversava com jornalistas sobre sua obra de caridade e a vida amorosa. Então, ela começou a sair com o mais famoso inglês vivo. Naquele verão de 1999, acompanhou Paul até os Estados Unidos, onde ele possuía uma casa à beira-mar no famoso balneário de Hamptons, em Nova York. Depois de voltarem à Inglaterra, tornaram-se inseparáveis. Fizeram inclusive um disco em que Heather falava de pessoas mutiladas, enquanto Paul tocava violão ao fundo. No Halloween, Paul e Heather ficaram noivos num hotel de Londres, num quarto cheio de lanternas de abóbora. Alguns dias depois, o casal deu uma festa na casa de Paul. Rejuvenescido pela relação com Heather, Paul assumiu as rédeas da carreira, que largara com a morte da mulher. Assim como Linda Eastman o salvara quando sofria com o rompimento dos Beatles, agora Heather Mills o tirava do luto. Ela era uma mulher de fibra. Após a adolescência, McCartney ficou fa¬moso e gozava de uma situação em que quase todos o veneravam. A maioria não conseguia se comportar normalmente perto do ex-Beatle. Mas Heather, como Linda, era um par perfeito para o companheiro dominante e voluntarioso. Ao menos um dos amigos de Paul achou que Heather se aproveitou de sua vulnerabilidade depois da morte de Linda. Afinal de contas, havia semelhanças entre as duas: ambas louras de seios grandes, bastante vívidas. Outros não conseguiam entender direito o que ele via em Heather, celebridade desimportante, com um passado duvidoso e adepta da autopromoção. Mas, mesmo depois que surgiram fotos de nudez em revistas e reportagens dizendo que Heather fora "garota de programa" recompensada com presentes e dinheiro por árabes ricos em busca de companhia, Paul apoiou a nova namorada. E, em 11 de junho de 2002, os dois se casaram. Mas o casamento logo enfrentou problemas. Paul esperava que Heather ficasse em casa e representasse o papel de mãe e dona de casa tradicional, como Linda fizera quando se casaram. Mas Heather se cansou do pedido de Paul para cozinhar todas as noites. E não gostou de ver sua obra de caridade ofuscada pela carreira musical de Paul. Na verdade, ela parecia achar o marido meio chato. "Esse homem fez o que quis a vida inteira", disse ela em entrevista a Barbara Walters. "Para quem fica famoso aos 19 anos, às vezes é difícil dar ouvidos à opinião alheia." À medida que saíam mais reportagens sobre o passado de Heather - que roubara um chefe e fora acusada pela imprensa de ter trabalhado como prostituta -, os amigos de Paul se voltavam cada vez mais contra ela. Um de seus colegas afirmou que a única ambição de Heather era "encontrar um homem rico que lhe desse um bom estilo de vida e algum prestígio e status". Enquanto isso, Paul usava seus contatos para ajudar Heather a levantar recursos e aparecer na TV. Também lhe deu 250 mil libras de presente duas vezes e lhe comprou uma casa de praia no litoral sul da Grã-Bretanha. Mas ela queria sempre mais. Pediu ao contador de Paul que pagasse a hipoteca de 480 mil libras de uma de suas propriedades. O contador não pagou pela simples razão de que não havia hipoteca nenhuma - situação classificada mais tarde no tribunal como próxima ao estelionato. Em maio de 2006, o casal se separou. Em março de 2008, após uma ferrenha batalha jurídica, o tribunal britânico concedeu o divórcio e o pagamento a Heather de 24,3 milhões de libras - bem menos do que ela pedira, mas ainda assim o suficiente para deixá-la rica.
Em 2007, Paul foi visto com uma nova namorada, a morena e magérrima Nancy Shevell, herdeira de uma fortuna no setor de transporte de cargas nos EUA. Como Heather, ela é bem mais nova do que Paul. Mas em outros aspectos se parece com Linda: judia americana, filha de um homem que en¬riqueceu por esforço próprio, formada no Arizona, com casa em Nova York e um filho de uma relação anterior... O casal foi fotografado pela primeira vez numa praia em Hamptons. Passaram juntos as férias da primavera de 2008 e, mais tarde, cruzaram o país de carro, indo da costa leste à oeste - uma viagem que Paul sempre quis fazer. Pelo caminho, encontraram pessoas comuns em postos de gasolina e lanchonetes, e pareciam um casal feliz por estar junto, feliz ao posar para fotos. Hoje, com 69 anos, Paul McCartney ainda faz música e shows. Sua última turnê, On the Run, incluiu apresenta¬ções em Recife e Florianópolis no fim do mês passado. Também nos útlimos dois anos o cantor se apresentou no Brasil e os ingressos foram esgotados em pouquíssimos dias. E em 9 de outubro de 2011, quando seria o 70º aniversário de John Lennon, Paul McCartney fez de Nancy Shevell sua terceira esposa. Várias celebridades compareceram à festa, como Ringo Starr, o outro Beatle que ainda vive. A cerimônia aconteceu no Old Marylebone Town Hall, em Lon¬dres, onde McCartney se casou com Linda Eastman mais de 40 anos atrás.

8 comentários:

Valdir Junior disse...

Valeu Eduuuuuu !!!!
Tinha visto essa revista na banca , fiquei curiosa para ler e graçãs ao Baú consegui !!
Gostei do texto !!
Sem muita novidade , mas legal !!!

Mais uma vez Obrigado Edu !!!

João Carlos disse...

muito bom. O cara quase dissecou as mulheres.Se não fosse no Baú,não teria visto noutro lugar!

Jeniffer disse...

Eu tenho essa Seleções, depois de quase furta-la de um colega de trabalho, ele me deu! kkkkkk
Mas eu só não concordei com o título pois Paul já alcançou o amor em Linda, só que ele é um cara que gosta de amar. Adorei o "dossiê" Heather Mills. E a revista não citou Maggie McGivern, a "amante e namorada" dele no final dos anos 60

João Carlos disse...

Concordo com a Jeniffer em relação à Linda!

EVELIZE VOLPI disse...

Ótima postagem Edu...tenho a seleções guardadinha aqui em casa.
Que o nosso querido Macca continue felizão da vida ao lado da sua Nancy.
Mas que a Linda foi a metade da laranja do Paul haaaaaaa foi com certeza.
Mas oque importa agora é que ele está feliz da vida também com a Nancy.

Lidiane Pessoa disse...

o/ essa eu tenho! rsrsrsrsrs E tambpem concordo com a Jennifer, é fato, Paul já encontrou e viveu o Amor... Mas gostei muito da matéria! Beijo Edu!

pessoa disse...

Ele encontrou o amor , a Linda! Só que ela morreu , mas ele encontrou

Anônimo disse...

Gostei da matéria, fico pensando era pra ser assim.
Eu hoje me considero uma fã dos Beatles mais madura.
Há uns 11, 12 anos quando me tornei fã dos Beatles, eu amava Paul com Jane e quase que odiava Paul com Linda, hoje mais madura consigo compreender que Linda foi o verdadeiro amor de Paul, 30 anos e como diz o padre até que a morte os separe, que foi oq de fato aconteceu, mas a vida é assim.
Eu considero o relacionamento dele com
Heather quase como com a Jane, passaram alguns anos e depois acabou e parece que eles não tem contato até hoje, parecido com Jane quando acabou, Jane não fala mais com Paul, e oNo relacionamento dele parecida com a Linda, e espero que a Nancy fique com ele enquanto ele estiver aqui com a gente.
P.S: Apesar de que a Jane era um amor de pessoa, quando terminou com Paul, parece que não teve contato com ele, apesar de que achar que Paul até tentou ter amizade com ela, mas só comparei com a Heather a forma parecida do relacionamento, apesar de que acho a Jane bem mais legal que a Heather na questão de personalidade, Heather parece legal, mas acho a Jane mais..