O Maestro Leonard Bernstein nasceu em Lawrence, Massachusetts em 25 de agosto de 1918 e morreu em Nova Iorque em 14 de outubro de 1990. Foi um dos grandes compositores, e pianistas americanos. Vencedor de vários Emmys, Bernstein foi o primeiro compositor nascido nos Estados Unidos no século XX a receber reconhecimento mundial, ficando famoso pela direção da Filarmônica de Nova York, pelos célebres concertos para jovens na televisão (Young People's Concerts), entre 1954 e 1989, e por suas composições, como West Side Story, Candide, e On the Town. Leonard Bernstein foi uma das figuras mais influentes na história da música clássica americana, patrocinou obras de novos compositores e e foi inspirador das carreiras de toda uma geração de novos músicos. Em 1979, um ano antes do assassinato de Lennon, que era praticamente, seu vizinho, Bernstein foi convocado para escrever o prefácio do livro “THE BEATLES” de Geoffrey Stokes, lançado aqui no Brasil em 1982. Eu ainda tenho o meu!
Certa vez, há mais ou menos um ano (ou terá sido há quatro anos? será que não foi no mês passado? o pessoal da Rolling Stone me pediu para escrever um texto introdutório de umas 5.000 palavras para uma obra definitiva sobre “The Beatles”. Topei na hora; mas isso foi na hora, e agora eis-me aqui arranjando algumas palavras para fazerem o papel, aliás de forma inadequada, do tal texto introdutório. Me apaixonei pela música dos Beatles (e, ao mesmo tempo, por aquelas quatro caras cum persone) junto com meus filhos, duas meninas e um garoto, ao descobrir aquele falsete fabuloso gritado-sussurrado, aquela batida irresistível, a entonação perfeita, as letras completamente novas, a torrente schubertiana de invenção musical e a nonchalance tipo Danem-Se esses Quatro Cavalheiros do Nosso Apocalipse. Jamie tinha doze anos, Alexander, nove, e Nina, dois. Juntos, nós vimos A Visão, em nossas formas inevitavelmente distintas (eu tinha 46 anos!), mas vimos a mesma Visão, e ouvimos o mesmo Pássaro-da-Manhã, Trombeta-do-Elefante. Fanfarra-do-Futuro. Que Futuro? Cá estamos nós. Quinze anos se passaram, aquilo passou. Porém, durante uma década mais ou menos, ou ainda menos, aquilo permaneceu a mesma Visão-Clarim, cada vez mais concludente e irrefutável, mais clara, mais amarga — e melhor.Talvez o mais claro, mais amargo (e quem sabe melhor) foi um disco chamado Revolver. Nesse álbum, a melhor coisa, talvez, era uma musiquinha chamada She Said, She Said; pensar nela, lembrar-se dela traz imediatamente à memória toda a beleza daquelas Veias Varicosas Vietnamitas. As notas cicatrizavam, a letra incomodava; ou talvez fosse vice-versa. Mas alguma coisa incomodava, e alguma coisa cicatrizava, ano após ano, Rigby após Rigby, Paperbak após Norwegian, talvez expressa às últimas consequências na verdade vislumbrante e triste de She's leaving home. Enquanto isso, aparecia um volume fino, de pura genialidade verbal de um autor novo, chamado ]ohn Lennon: In His Own Write. Como se isso não bastasse para a lenda, ainda havia as notas (e a voz de sereia-sílfide) de um tal McCartney. Esses dois formavam uma dupla que incorporou uma criatividade quase nunca igualada naquela década feliz. Ringo — um ator-instrumentista adorável. George — um talento místico irrealizado. Porém, John e Paul, São John e São Paul, eram, e fizeram, e aureolaram, beatificaram e eternizaram o conceito que será sempre conhecido, lembrado e profundamente amado como “The Beatles”. E, se os depois foram simplesmente isso, os quatro foram O Todo. Essa interdependência deixava atônito, chapava, às vezes dava pavor; vamos mesmo precisar disso tudo quando tivermos 64 Anos? Bem, hoje estou beirando os 64, e três compassos de A Day In The Life bastam para me sustentar, rejuvenescer, excitar meus sentidos e sensibilidades.Nina, que tinha dois anos em 64, agora tem dezessete; e ainda na semana passada pegamos aquele livro grosso e infeliz de partituras maltiradas dos Beatles para ficar relembrando no piano. Nós choramos, e demos pulos de alegria com as redescobertas (She's a Woman) — só nós dois, durante horas (Ticket to Ride, A Hard Day's Night, I Saw Her Standing There). Isso foi a semana passada. Os Beatles não existem mais. Mas esta semana ainda estou pulando, chorando, recordando uma época boa, uma década de ouro, bons tempos, bons tempos. LEONARD BERNSTEIN - 9 de outubro de 1979.
3 comentários:
Eita! Também tenho EDU. Comprei pelo "Clube do Livro".Emoção pura. De fato este texto foi inspirado e inspirador.Coisa prá se guardar e reproduzir (como agora) de tempos em tempos.
Esse foi o primeiro texto que li sobre os Beatles no distante ano de 1982 !!!
Texto primoroso é atualíssimo , mas discordo quando ele diz que " Os Beatles não existem mais " , existem sim PARA SEMPRE e SEMPRE !!
Quando ganhei esse livro do meu pai passava horas e horas lendo e admirando as fotos maravilhosas !!!
É um dos meus maiores tesouros !!
Meu primeiro livro dos BEATLES! Bons tempos do Círculo do Livro! Abração Edú!!!
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