Diante da proximidade dos 70 anos de vida, tentaram de tudo para convencer Mick Jagger a escrever uma autobiografia. Quando o colega de Rolling Stones Keith Richards lançou a sua, em 2010, o retorno financeiro e midiático foi colossal. Mas Jagger nem levou isso em consideração. Disse apenas que não. Alegou que seu público, talvez, não tivesse tanto interesse em um livro de memórias. É que, a despeito da trajetória repleta de detalhes picantes e controversos, o líder e vocalista dos Stones conserva certa discrição quando o assunto é ele próprio. Bem "diferente do personagem incendiário e despudorado que tomou para si nos últimos 50 anos, tempo em que a banda está na ativa.
Jagger completa sete décadas hoje e, mesmo que se recuse a botar lenha nos rumores sobre a vida pessoal, o roqueiro nunca conseguiu se esconder. Ao procurar notícias sobre ele na internet, é fácil ler sobre uma antiga obsessão pela atriz Angelina Jolie, uma mecha de seu cabelo que será leiloada e que, para manter a notável boa forma, ele prefere sair para dançar a frequentar academias. Além disso, são inúmeras as biografias sobre os Stones, algumas centradas apenas no vocalista. É o caso da não autorizada Mick Jagger (Companhia das Letras, 624 páginas), escrita pelo inglês Philip Norman e publicada ano passado. Em uma passagem do livro, o autor lembra que, quando a banda iniciante mandou uma demo com covers de rhythm & blues para a gravadora Decca, ouviu como resposta que eram bons, mas que, com aquele cantor, não chegariam a lugar nenhum. Erraram. Até porque Jagger reinventou o conceito de cantor, moldando o que viria a ser o protótipo do rockstar.
Mick Jagger resolveu antecipar as comemorações pelo aniversário em quase duas semanas. No sábado, 13 de julho, o astro reuniu alguns amigos em um clube Londrino. A namorada, a estilista americana L’Wren Scott, 24 anos mais jovem, estava Lá, é claro. 0 colega de banda Ron Wood e alguns dos sete fihos também. Para um roqueiro do porte dele, a festa até que acabou cedo, por volta de lh30 do dia seguinte. Há um detalhe, porém: naquela mesma noite, os Stones haviam tocado no Hyde Park.
Agraciado como "sir" pela coroa em 2001, pelos serviços prestados à música, Jagger tem hoje um património estimado em 200 milhões de libras (valor próximo a R$ 700 milhões). Mês passado, disse em entrevista que ser roqueiro era algo "que lhe exigia pouco intelectualmente" e que poderia ter se dedicado a ser professor ou jornalista. Não rolou. O rock agradece. Os fãs também.
Os motivos que levaram o ro¬queiro ao topo há algumas décadas, e fizeram com que ele se mantivesse lá, esbarram todos em um conceito-chave: atitude. Se os Rolling Stones são uma fábrica de ganhar dinheiro, boa parte da culpa é do vocalista. Letrista de canções que se tornaram hinos do século 20 e dono de vozeirão que recorre à tradição negra norte-americana, Mick Jagger sempre exibiu no palco uma performance repleta de energia e lascívia. O rebolado fez escola. Os trejeitos e o visual contribuíram para que, no início, sua banda exibisse certa aura marginal. Keith Richards, amigo de Jagger desde 1961, definiu o colega como "insuportável". No livro Life, confidenciou que não entrava no camarim dele havia 20 anos.
“Sem querer parecer convencido, mas eu canto todas as músicas no mesmo tom em que elas foram feitas. Meus agudos ainda estão lá, talvez melhores do que antes, porque eu não fumo mais nem bebo tanto". "Eu não quero ser um rockstar para sempre, tocando em Las Vegas para velhinhas".
Disse jagger nos anos 1970. Ainda jovem, comentou também que preferiria "morrer a estar tocando Satisfaction aos 45 anos". O futuro chegou para ele e, ao que parece, tem sido bem mais generoso do que previa o jovem Jagger. No festival de Glastonbury, no último mês, os Stones reafirmaram o motivo de estar há 50 anos no topo. O Daily Mirror registrou que, mesmo após duas horas de show e um infinidade de clássicos incontestáveis, Jagger estava "pronto para mais". Os Stones estão oficialmente de férias. Não há, no site da banda, nenhuma data de show marcada para breve. Contudo, desde o começo do ano, há rumores de que eles podem inaugurar, em dezembro, o novo estádio do Palmeiras, em São Paulo. Surgiu, depois, um indício de que Brasília poderia ser o próximo destino dos britânicos. No fim de maio, uma ima¬gem da banda apareceu nos telões do estádio Mané Garrincha seguida de um "aguardem".
Sendo um dos membros fundadores dos Rolling Stones, Mick Jagger esteve presente em toda a discografia da banda inglesa, iniciada em 1964, com o lançamento de The Rolling Stones (em abril, na Inglaterra) e England’s new hit makers (no mês seguinte, nos EUA). Somando todos os trabalhos oficiais (sem contar álbuns ao vivo e coletâneas), são 24 álbuns nos EUA e 22 na Inglaterra. Já os trabalhos de Jagger sem Keith Richards, Ron Wood e Charlie Watts apresentam soma bem menor. Foram apenas quatro álbuns solo. Dois deles, She's the boss (1985) e Primitive cool (1987), feitos durante a turbulenta década de 1980, época na qual os Stones enfrentavam um declínio criativo e eram assediados pela sonoridade new wave. Jagger, inclusive, recusou-se a fazer tumê com a banda após o lançamento do fraco Dirty work (1986), e concentrou-se em seu segundo disco próprio. Os álbuns são retratos fiéis da música pop daquele tempo, com participações de luxo (os guitarristas Jeff Beck e Pete Townshend, o pianista Herbie Hancock e o baterista Ornar Hakim). Em 1993, é lançado Wandering spirit, com a coprodução de Rick Rubin (já era um dos mais respeitados produtores do mundo) e participação de Flea (Red HotChiliPeppers), Lenny Kravitz e do tecladista Billy Preston. O resultado também não empolga, mas mostra um artista limpo da "ressaca da década de 1980", com arranjos mais modernos e sintonizados com o pop/rock do início dos anos 1990 (mas alheio aos movimentos grunge e britpop, que já eclodiam). Oito anos depois, Goddess in the doorway foi o maior investimento em sua carreira, mas, ironicamente, com o menor retorno comercial, contando com participações de luxo, como Bono (U2), Lenny Kravitz, Rob Thomas (MatchboxTwenty), Wyclef Jean, Joe Perry (Aerosmith) e Pete Townshend. Gravado após a exaustiva turnê dos Stones do álbum Bridges to babylon (1997), o álbum apresenta bons momentos, como Godgave me everything, Joy e Visions ofparadise. Em 2004, Jagger e Dave Stewart (Eurythmics) foram os responsáveis pela trilha sonora do filme Alfie. A faixa Old habits die hard levou o Globo de Ouro de melhor canção. Contando novamente com Dave Stewart, e ainda Joss Stone, Damian Marley e A.R. Rahman, Jagger liderou o grupo Super Heavy, flertando com o pop e vários ritmos jamaicanos. O tra¬balho teve fria recepção da crítica e vendas modestas. Os destaques são Miracle worker, SuperHeavy e OneDay Ovenight.
A fama de galanteador assumido, reafirmada ao longo de toda a vida por Mick Jagger, não combina muito com a imagem de "pai de família". Mesmo assim, nos bastidores, o roqueiro construiu uma família numerosa. São sete filhos, frutos de quatro relacionamentos diferentes. Admirador de belas mulheres e par constante de modelos e atrizes, Mick namora há pouco mais de uma década a designer americana L'Wren Scott, 24 anos mais nova que ele. Apesar do compromisso longo, os dois não devem se casar. É que Mick, que já disse "sim" oficialmente duas vezes, declarou que casamento não é pra ele.
Ainda casado com Bianca, o intrépido artista já saía com a atriz e modelo Jerry Hall. Após o nascimento de Elizabeth Scartlett Jagger (em 1984) e James Leroy Augustin Jagger (em 1985), o casal se une oficialmente em 1990. Após o casamento, a dupla teve mais dois herdeiros: Georgia May Ayeesha Jagger (era 1992) e Gabriel Luke Bauregard Jagger (em 1997).
O duradouro relacionamento de Jagger e Hall desmoronou quando ela descobriu que o roqueiro havia tido um filho com a modelo brasileira Luciana Gimenez. Lucas Maurice Morad Jagger comemorou, há pouco, 14 anos de idade e é o caçula do clã. Agora, o rolling stone tem que se acostumar a outro papel, aquele que revela que a idade realmente chegou: o de vovó. Sir Mick Jagger é avô de quatro netos.
Uma passagem controversa da biografia do astro dá conta de que o vocalista também seduziu alguns homens. O caso mais conhecido é o cantor e compositor David Bowie. De acordo com o livro Mick - The wild life and mad genius of Jagger, lançado em 2012, o cantor admite que teve um romance com Bowie, pois a relação entre ambos era de admiração total, e que um era "sexualmente obcecado pelo outro". Angela Bowie (esposa de David Bowie até 1980) afirmou ter flagrado o marido e Jagger dormindo nus na mesma cama no início da década de 1970. Rumores afirmam que a música, Angie, lançada pelos Stones em 1973, seria para ela. O fato, entretanto, não é confirma¬do por ambos. (Gabriel de Sá e Tomaz de Alvarenga).
OS HERDEIROS
Karis Jagger Hunt, 42 anos, filha da atriz e cantora Marsha Hurt, a primogênita teria sido renegada pelo pai ao nascer, mas se aproximaram pouco depois. Casada e mãe de dois filhos, ela é assistente de produção de cinema.
Jade Jagger, 41 anos, modelo e designer de jóias, é a única filha do casamento entre Jagger e Bianca. Também deu duas netas ao roqueiro.
Elizabeth Scarlet Jagger, 27 anos Primeira de quatro filhos do casamento com Jerry Hall e conhecida como Lizzie, é modelo de sucesso.
James Leroy Augustin Jagger, 27 anos, seguindo a tradição artística da família, o primeiro homem da prole tornou-se modelo e ator.
Georgia May Ayeesha Jagger, 21 anos, é mais uma modelo carregando o sobrenome célebre, Georgia é bastante requisitada para campanhas de nomes importantes.
Gabriel Luke Bauregard Jagger, 15 anos, é o filho mais novo de Jagger com Jerry Hall.
Lucas Maurice Morad Jagger, 14 anos, filho de Luciana Gimenez e morando no Brasil, o garoto costuma passar as férias com o pai. Os dois são sempre flagrados juntos pelos paparazzi.
10 comentários:
Esse não é o bau dos beatles? Então porque ele está aquI?
Luís, pelo o que vi no baú, esse baú é das Lendas! Mick Jagger é uma delas.
Ora, é simples: porque é dos BEATLES e da CULTURA POP! Então não há ninguém mais pop do que ele e sua linguona e bocona. Só perde para John Lennon. Mesmo morto. É assim que é. Também está longe de McCartney. Mas está entre os 10! Obrigado pelo comment. Anônimo: não seja burro! Assine e participe da promoção!
Sem dúvida é um ícone.Logo após os Beatles é a principal imagem do nosso tempo.Ótimo texto.
Edu,Mick simplesmente é um ícone do Rock, pois sem ele o mesmo talvez fosse um pouco diferente ,suas performances no palco sao incríveis,os Rollings Stones deixaram definitivamente sua historia no rock com musicas memoraveis,sou fã dos Beatles mais tambem gosto deles,feilz aniversario Mick,o rock agradece
melhor postagem que li sobre o Mick 70... Beijo Edu! Edu já teve postagem sobre o exile on main street?
Belo post Edu !!
Faz jus ao Mick !!!
Edu, mais uma vez, texto muito bem feito e esclarecedor sobre o vocalista da "Segunda Melhor Banda da História". Abração!
Muito bom Edu! :P
Mick Jagger (e os Stones)são sensacionais. Claro que não se comparam aos Beatles. A rivalidade entre as duas bandas foi mais uma jogada de marketing para promover os Stones na época, colocando-os como "bad boys" em contraponto aos "bons rapazes" Beatles.
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