domingo, 13 de setembro de 2015

A IMAGEM DO SÉCULO - O RETRATO DA VERGONHA

“Imagine que não houvesse países nem fronteiras, nem o paraíso e nem o inferno, e nenhum motivo para matar ou morrer, e nem religião também. Imagine todas as pessoas vivendo a vida em paz”. Em pleno século XXI, o sonho utópico de John Lennon, descrito há quase cinco décadas, se mostra cada vez mais distante, impossível e inalcançável. A imagem que assombrou e emocionou o mundo inteiro nessas últimas semanas, com certeza entrará para a história como a fotografia mais emblemática deste novo século, ainda tão jovem – o retrato da vergonha! É impressionante a forma como em 2015, a humanidade continue teimando em andar para trás, apesar de todas as conquistas científicas e tecnológicas. As imagens de Aylan Kurdi, o menino sírio de três anos de idade que morreu afogado no Mediterrâneo e foi encontrado na costa turca, provocaram reações e emoções intensas nas mídias sociais. O debate político em torno da política de refugiados da Europa mudou após a publicação da fotografia. Aylan Kurdi, o menino refugiado sírio de três anos cujo afogamento causou consternação ao redor do mundo, tinha escapado das atrocidades do grupo autointitulado "Estado Islâmico" na Síria. Ele e sua família eram de Kobane, a cidade que ganhou notoriedade por ter sido palco de violentas batalhas entre militantes extremistas muçulmanos e forças curdas no início do ano. O pai do menino, Abdullah, fugira com a mulher, Rehan, e outro filho, Galip, para tentar chegar ao Canadá, onde vivem parentes da família. Isso mesmo depois autoridades do país norte-americano terem negado um pedido de asilo. Da família, apenas Abdullah sobreviveu à tentativa de travessia de barco entre a Turquia e a Grécia, em que, além dos familiares, morreram pelo menos outras nove pessoas. Aylan e a família estavam em um pequeno bote que carregava 17 pessoas no momento em que virou, nas proximidades do balneário turco de Bodrum. Um outro bote, carregando 16 pessoas, também teria virado. Mas foram as imagens do corpo do menino nas areias da praia que chocaram o mundo e viralizaram na internet.
Várias fotos do corpo de Aylan na praia de Ali Hoca, em Bodrum, sendo observado e depois levado por um policial turco, ganharam manchetes no mundo inteiro e viraram símbolo do drama enfrentado por milhares de refugiados sírios, afegãos e iraquianos que buscam recomeçar suas vidas na Europa. A consternação aumentou com o surgimento, nas mídias sociais, de uma imagem bem diferente das que tornaram Aylan famoso: nela, ele e Galip são vistos sorrindo para a câmera, ao lado de um urso de pelúcia.
Fernando Rossit - DE QUEM É A CULPA? Com certeza, de todos nós! Sim, pois Aylan é mais uma vítima do egoísmo humano, da pretensão que cada um de nós temos de querer impor a “nossa verdade”. Esse pequenino ser foi mais uma vítima no mundo da tão falada intolerância religiosa, do fundamentalismo cego, do fanatismo doentio de pessoas que se dizem escolhidas por “Deus”! O terror promovido pelo Estado Islâmico na Síria tem levado milhares de pessoas, muitas vezes pagando com a própria vida, a tentar escapar de mais essa loucura. Vivemos um momento de intensa intolerância no mundo todo. Em nome de “deus”, condenamos, discriminamos, rotulamos, exterminamos seres humanos, nossos irmãos – que deveríamos amar. No Brasil, também temos ouvido muitas histórias e sabido de muitas vítimas dessa doença chamada intolerância religiosa. Perseguem e agridem homossexuais, invadem e destroem templos de outras religiões, insuflam o ódio e a violência contra tudo e contra todos que pensam ou manifestam sua fé de modo diferente! O mais incrível de tudo isso é que não percebem que estão sendo tão cruéis quanto os outros, esses mesmos responsáveis pelo trágico destino do pequeno Aylan.
A autora da foto e das sequencias, Nilüfer Demir disse: "Quando vi a imagem de Aylan Kurdi, o meu sangue congelou!”. Não podia fazer nada. Estava ali deitado de barriga para baixo, sem vida, com uma camisa vermelha e uma calça azul. Não podia fazer nada por ele. A única coisa que podia fazer era tornar a sua tragédia conhecida. E foi isso que fiz, ao fotografar", explicou a repórter turca que acompanha a crise dos refugiados há mais de 15 anos.

3 comentários:

Edu disse...

Muito triste. Hoje em dia, depois de tudo que já vi, achei que nunca mais nada conseguisse me emocionar ou me sensibilizar tanto como a imagem do pequeno Aylan Kurdi, que se tornou um símbolo. E o que deixa a coisa mais triste ainda, é que, para alguns, até mesmo para um amigo que se diz Hare Krishna, é normal. Normal? Ahhh..., nunca mais vai ter volta! Essa expectativa de um mundo em paz, não existe, definitivamente. E ninguém precisa ser o John Lennon para perceber isso! Sinto vergonha pela parte que me toca. Não espero nada de ninguém. Afinal, quem sou eu? Só mais um Zé-Ninguém, mas que sabe apenas que nunca haverá volta. Se não pode haver paz na sua cabeça, na sua casa, na sua rua, no seu bairro, ou na sua cidade, já era! Na minha opinião, esse planeta e sua gente, atrasados como são, já tiveram mil chances. Tomara que acabe rápido! E isso não depende mais nem do criador. Boa semana para todos! Se o Baú do Edu não for atualizado nos próximos dias, é porque não faz mais sentido continuar. Talvez nunca tenha feito. Só eu é que não via!

Valdir Junior disse...

Infelizmente, essa sera mais uma atrocidade que entra para a grande enciclopédia da imbecilidade da raça humana. Divido com você Edu a descrença dessa utopia de um mundo melhor, e cada dia que passa isso aumenta ainda mais.
Para cada Einstein, Gandhi que existe nesse mundo, existem cem Hitlers,Sadha Hussein e Mussolinis. Realmente tá difícil demais !!

João Carlos disse...

Um horror. Dói saber que coisas assim vão continuar acontecendo aqui e ali.Esse anjo talvez tenha sido escolhido para mais sensibilizar (tentar) a humanidade. E o Baú é um antídoto. Nos faz ver o mundo por outro ângulo.