O primeiro álbum “oficialmente” lançado por John Lennon depois do fim dos Beatles, “John Lennon/Plastic Ono Band” é sua criação mais impressionante em termos de carreira-solo e cada vez, que ouvido com mais atenção, um dos melhores, senão o melhor de todos. Melhor ainda que “Imagine” que viria depois, todo arranjado, todo produzido e comercial. "Plastic Ono Band” era a decretação de Lennon de sua ruptura com o passado, os Beatles, ou o que quer que fosse, e o clímax do álbum (depois de tantas bombas) é a última, “God”, uma de suas mais verdadeiras reflexões sobre seu passado, presente e possível futuro. Na época, John e Yoko participavam da terapia do grito primal do Dr. Arthur Janov em Los Angeles. Através da terapia, Lennon tentou lidar com seus traumas da infância (abandono, isolamento e morte). De volta a Inglaterra, John chamou o produtor Phil Spector e começou as gravações do álbum. Participaram somente o ex-beatle Ringo Starr, além de Billy Preston, Klaus Voorman e Alan White. John Lennon fala do abandono da mãe e do pai na canção "Mother" e em "God", na primeira parte, diz que Deus é um conceito pelo qual medimos nossa dor, na segunda, lista algumas personalidades e conceitos religiosos nos quais não acredita: mágica, I-ching, Bíblia, tarô, Hitler, Jesus, Kennedy, Buda, Mantra, Gita, Ioga, Reis, Elvis, Zimmerman (Dylan) e nem nos Beatles. Só nele e em Yoko Ono. Na última parte, Lennon fala do que mudou nele após o fim dos Beatles. Afirma que não é mais o "sonhador" (Dreamweaver) ou "a morsa" (citada na canção I Am the Walrus), mas apenas "John". Ao final, decreta: "o sonho acabou" ("The dream is over"). "God", junto a declarações polêmicas do ex-Beatle sobre religião, do tipo "somos mais populares que Jesus", renderam-lhe a fama de ateu. Entretanto, Lennon nunca confirmou esse suposto ateísmo, declarando-se, em uma entrevista, agnóstico. Da gravação de "God" participaram apenas John Lennon – voz; Billy Preston – piano; Ringo Starr – bateria e Klaus Voormann – baixo.
No livro "A Balada de John & Yoko", lançado no Brasil em 1982 pelos editores da Rolling Stone, durante uma entrevista em 1970, o repórter pergunta a Lennon: "Você acredita em Deus?", ao que John Lennon responde: "Sim, eu acredito que Deus é como uma usina de força, como as que geram eletricidade, uma espécie de usina elétrica. E que ele é um poder supremo, que não é nem bom nem ruim, nem de esquerda nem de direita, nem negro nem branco. Ele simplesmente é. E é possível ter acesso a essa fonte de força para um fim desejado. Assim como a eletricidade pode matar gente numa cadeira ou iluminar uma sala. Eu acho que Deus é!". É isso aí, VIVA JOHN LENNON!
2 comentários:
A canção God é excepcional, maravilhosa, completa.
Também acho! Valeu Pedro Marcos.
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