Vocês não fazem ideia de como esses dias têm sido difíceis e as noites tão longas. Em meio a todo esse turbilhão de problemas, ontem fiquei feliz quando o porteiro veio me entregar uma encomenda. Mal fechei a porta e já tratei de abrir logo pois já sabia o que era e de quem era. Nada menos que dois exemplares do livro “Sábado Som – O blog que se fez livro”, do nosso querido amigo João Carlos de Mendonça. Um exemplar para mim, com uma dedicatória e outro pra eu presentear quem eu achar que mereça (e eu já sei até quem é). Um presente fabuloso e generoso que me deixou honrado e orgulhoso.
O “Sábado Som” é uma coluna sensacional escrita pelo nosso querido amigo João Carlos publicada semanalmente e de forma totalmente eclética e imparcial. "Eu falo de música popular em geral. Tem MPB e rock e um pouco de tudo. Até os Beatles", disse brincando, o nosso querido JC. Para se ter uma ideia, pelo “Sábado Som” já passaram entre tantos e tantos outros: Os Rolling Stones, Ennio Morricone, a turma da Tropicália, Genesis, Wings, Michael Jackson, Jorge Ben Jor, Deep Purple, Benny Goodman, Sherryl Crow, George Martin, George Harrison, Jimi Hendrix, Seal, Eric Clapton, Vangelis, Jim Gordon, Cássia Eller e uma lista que não caberia aqui e nem no livro, senão seria um calhamaço de 500 páginas. Por isso, muita gente acabou não entrando, o que já dá material para um volume II. E a concretização da publicação do livro tornou tudo mais físico e real. O que a gente vai conferir agora é o capítulo “O Tenebroso caso do White Album”. Espero que gostem como eu gostei!
Pouco antes de seguirem para um retiro na Índia, os Beatles lançaram um single que já prenunciava que a fase psicodélica,ao menos musicalmente, já tinha ficado prá trás e iriam pegar outra estrada.Mais uma vez, quando todo mundo embarcava numa onda, eles tomavam outros rumos. “LADY MADONNA”, um rock com base no piano, balanço e canto no estilo Fats Domino, coro tipo "music hall", tinha George numa pegada de guitarra arrepiante, dobrando com um saxofone. No Lado B vinha “THE INNER LIGHT”, uma bela canção de Harrison cuja indumentária indiana alicerçava uma linda e terna melodia ocidental. Deixaram as pistas.
Prá variar, o ÁLBUM BRANCO surpreendeu. A capa era uma guinada total, imaculadamente "branca", frente e verso, apenas com o nome do grupo em relevo. Nada poderia ser tão oposto à superprodução das inovadoras capas do Pepper e do Magical Mystery Tour. O artista plástico inglês Richard Hamilton teve a ideia, criando no entanto, um “poster” com fotos dos quatro e mais as letras impressas no verso (ou você pendurava o poster ou lia as letras) e mais 4 fotografias avulsas, uma de cada fera.
O repertório quase todo composto no “ashram” do Maharishi era tremendamente variado, contemplando diversos estilos. Rock, blues, canções acústicas, country, música vitoriana, vaudeville, baladas e até uma colagem de efeitos sonoros, totalizando 30 canções e muita coisa ficou de fora. Como aperitivo lançaram, durante os trabalhos, o single “HEY JUDE/REVOLUTION”. Lennon mais tarde diria que o disco era quase um trabalho solo de cada um (tava ressentido), mas, no lançamento, em entrevistas, não disfarçava seu orgulho. Ora, tem as demos feitas na casa de Harrison em Esher e várias gravações dos ensaios que nos mostram a banda lá, junta, tocando e cantando. Naturalmente, em razão do tempo, eventualmente eles estavam ocupados cada um numa sala diferente gravando "overdubs" (orquestra, metais ou acrescentando instrumentos). O disco duplo tornou-se clássico graças as canções como “WHILE MY GUITAR GENTLY WIPS”, “JULIA”, “SEXY SADIE”, “BIRTHDAY”, “BACK IN THE U.S.S.R.”, “DEAR PRUDENCE”, “OB-LA-DI OB-LA-DA”, “HAPPINESS IS A WARM GUN”, “I WILL”, “LONG LONG LONG”, “HONEY PIE” e as que serão mencionadas adiante.
O fato mais marcante relacionado ao “White Album” e que deu uma publicidade extraordinária ao disco, aconteceu completamente fora do âmbito da banda e de seus mais inventivos divulgadores. É que um maluco psicopata americano, chamado CHARLES MANSON, e seus seguidores, invadiram a residência do cineasta Roman Polanski (que estava na França) e assassinaram sua esposa, a atriz Sharon Tate (grávida) e uns amigos do casal que estavam lá, com requintes macabros e perversos. Violência irracional. Com o sangue das vítimas, picharam a casa com “PIGGIES”, “BLACKBIRD”, “HELTER SKELTER” (títulos das canções do álbum). O disco foi ouvido na íntegra no tribunal. Manson, que alegava ser Jesus, acreditava que os Beatles eram mesmo os 4 Cavaleiros do Apocalipse e que o WHITE ALBUM continha mensagens sub-reptícias a ele dirigidas, autorizando-o a começar a Nova Era (ou coisa parecida). Charles Manson e sua gangue continuam até hoje enjaulados e recentemente foi lançado um filme sobre este absurdo, chamado “Helter Skelter”, bastante esclarecedor. Ele ouvia o disco e ficava mostrando aos outros, "as mensagens". Até passagens bíblicas ele relacionava ao disco e a si mesmo. Um horror!
PS:
- Passei a vista (escondidinho) no aeroporto em um livro com os 100 discos mais vendidos dos anos 60 nos EUA. O primeiríssimo lugar é do ÁLBUM BRANCO.
- George Martin queria lançar um disco simples. Achava que tinha excesso de músicas e que por isso, as vendas cairiam.
-“HEY JUDE”/”REVOLUTION” é o compacto mais vendido da história do rock. - Recentemente um grupo de "blueseiros" americanos regravou o "álbum" completo (sem Revolution 9, claro!).
- “OB-LA-DI OB-LA-DA” é um ska (derivação do reggae) inspirado por um percussonista africano amigo de Paul que usava sempre esse jargão. Macca ficou sabendo que era "iorubá" e significava "life goes on" (a vida segue).
- Paul conta que ao ouvir “WHILE MY GUITAR GENTLY WIPS” ficou maravilhado e Lennon autenticamente emocionado. Eles queriam que George a registrasse ao violão com Paul no órgão e as cordas de George Martin, mas Harrison interpretou a ideia erroneamente como "má vontade" e terminou trazendo Eric Clapton para o estúdio, obrigando os outros a se comportarem direitinho e o arranjo com a banda completa entrou no disco. Tornou-se o clássico que conhecemos.
- No dia 13/2/11 Paul McCartney ganhou o Grammy de “Melhor Execução AO VIVO” pela gravação de HELTER SKELTER.
- O contrabaixo da balada “I WILL” foi gravado com a boca!
- Para o músico LOBÃO, o ÁLBUM BRANCO deveria ser matéria obrigatória do currículo escolar!
- Na época do lançamento do ÁLBUM BRANCO, o poeta CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE traduziu 6 letras do disco para uma reportagem da revista REALIDADE.
PS:
- Passei a vista (escondidinho) no aeroporto em um livro com os 100 discos mais vendidos dos anos 60 nos EUA. O primeiríssimo lugar é do ÁLBUM BRANCO.
- George Martin queria lançar um disco simples. Achava que tinha excesso de músicas e que por isso, as vendas cairiam.
-“HEY JUDE”/”REVOLUTION” é o compacto mais vendido da história do rock. - Recentemente um grupo de "blueseiros" americanos regravou o "álbum" completo (sem Revolution 9, claro!).
- “OB-LA-DI OB-LA-DA” é um ska (derivação do reggae) inspirado por um percussonista africano amigo de Paul que usava sempre esse jargão. Macca ficou sabendo que era "iorubá" e significava "life goes on" (a vida segue).
- Paul conta que ao ouvir “WHILE MY GUITAR GENTLY WIPS” ficou maravilhado e Lennon autenticamente emocionado. Eles queriam que George a registrasse ao violão com Paul no órgão e as cordas de George Martin, mas Harrison interpretou a ideia erroneamente como "má vontade" e terminou trazendo Eric Clapton para o estúdio, obrigando os outros a se comportarem direitinho e o arranjo com a banda completa entrou no disco. Tornou-se o clássico que conhecemos.
- No dia 13/2/11 Paul McCartney ganhou o Grammy de “Melhor Execução AO VIVO” pela gravação de HELTER SKELTER.
- O contrabaixo da balada “I WILL” foi gravado com a boca!
- Para o músico LOBÃO, o ÁLBUM BRANCO deveria ser matéria obrigatória do currículo escolar!
- Na época do lançamento do ÁLBUM BRANCO, o poeta CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE traduziu 6 letras do disco para uma reportagem da revista REALIDADE.
Quem gostou e se interessou, pode comprar o livro do Sábado Som, pelo site, mas tem que correr que já restam poucas unidades! Abração JC e novamente parabéns, você merece!
https://docs.google.com/forms/d/1duXeCVYt6r4ADNWPZfXRBwXMc7CBQbuRZCqV0_5MXRY/viewform?c=0&w=1&usp=mail_form_link
11 comentários:
bacana essa troca entre mestres. Parabéns pessoal!
Obrigado pelo carinho, Murilo. Me sinto honrado e feliz por participar desse círculo. Mas os únicos méritos aqui são para o maestro.
Muito legal, Edu. Parabéns João Carlos! Vou atrás do meu agora!
Edu, faltou falar o preço do livro!
O livro, editado, ficou show! E a capa é simplesmente espetacular! 10! Da primeira à última página. Mas atenção, negada: não é um livro sobre os Beatles ou análise de sua obra. Os Beatles aparecem sim, mas com tantos MPBs na cola. Como eu disse é um livro eclético sobre tudo que o autor acha relevante. IT'S BEEN A HARD DAYS NIGHT!
Quem é vivo sempre aparece. É 35 pilas, Carlos Alexandre Barroso. Parece salgado, mas juro que vale cada página, cada versículo!
Hey, Val! O seu é meu! Mando segunda, junto com o discão triplo do Ringo pro Matheus. Ok?
Muito bom gostei muito João Carlos, e parabéns pelo lançamento do livro !! Que venha o volume 2,3,...10 !!
Material e assunto é que não falta !!
E Edu meu amigo, vc sabe o quanto vc é demais de bom !!!
Abração JC...Abração Edu !!
Muito legal, vou garantir o meu! =D
Eita Edu! Agora peguei ar! Obrigado mestre!
Parabéns João Carlos!
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