Nos anos 1970, a americana Angela Davis, ativista dos direitos dos negros, dividia o mundo entre aqueles que a idolatravam e os que a odiavam. Entre os que queriam vê-la longe dos Estados Unidos, estava o então presidente americano, Richard Nixon (1913-1994), que não aceitava uma mulher negra, afiliada ao Partido Comunista, fazendo oposição veemente à Guerra do Vietnã. Do outro lado, entre os que a amavam, estavam músicos como John Lennon (1940-1980) e Mick Jagger, que cantaram músicas em sua homenagem. O primeiro gravou Angela e o segundo, com os Rolling Stones, cantou Sweet Black Angel (Doce Anjo Negro), composição de Jagger e Keith Richards. “Ela está contando os minutos/ Ela está contando os dias/ Ela é um doce anjo negro”, cantou Mick Jagger no disco Exile on Main Street, de 1972, gravado enquanto Angela ainda estava presa. Ela era acusada de participar do assassinato de um juiz de direito, mas depois acabou sendo inocentada. Apesar de hoje não despertar mais tantas paixões como no passado, Angela, agora aos 73 anos, continua atraindo as atenções por onde passa. Na semana passada, em Cachoeira, foi uma das conferencistas em um curso sobre feminismo negro, onde estudantes estrangeiros pagaram mil dólares para participar do evento entre os dias 17 e 21. Os bolsistas brasileiros tiveram acesso gratuito. Ontem (25) foi a vez de Salvador recebê-la, na Reitoria da Ufba, no Canela, com entrada gratuita, onde realizou a palestra Atravessando o Tempo e Construindo o Futuro da Luta Contra o Racismo, para 400 pessoas. A vinda de Angela Davis a Salvador é uma iniciativa do movimento #julhodaspretas, organizada em parceria entre o Instituto Odara, Coletivo Angela Davis, Núcleo de Estudos Interdisciplinar da Mulher (NEIM), a UFRB e a Ufba. “Ela tem papel essencial na luta contra o racismo nos Estados Unidos, onde discutiu o encarceramento da população negra e levantou importantes críticas ao sistema prisional americano. Lá, como no Brasil, os negros são alvo preferencial da ação do Estado através da polícia”, diz Valdecir Nascimento, coordenadora do Odara. Por Roberto Midlej
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