Aos 76 anos Paul McCartney, uma das últimas e mais emblemáticas lendas vivas do rock/pop, está longe de uma aposentadoria cômoda e aprazível: hoje, sexta-feira, ele lança “Egypt Station”, seu 17º álbum solo. Nele, aos 76 anos, Macca reforça o otimismo e a importância do pacifismo em suas músicas e mostra uma confiança absoluta no som que o define há décadas, mas também uma clara disposição a se renovar. “I used to drink so much / Forgot to come home / I lied to my doctor / But these days I don’t / ‘Cause I’m happy with you / I got lots of good things to do” (“Eu costumava beber tanto / Me esquecia de voltar para casa / Mentia para meu médico / Mas agora não faço isso / Porque estou feliz com você / Tenho muitas coisas boas para fazer”), canta McCartney, que foi casado três vezes, em “Happy with you”, uma das 16 faixas do álbum. Seu otimismo se estende para além de sua vida. “Despite Repeated Warnings” é uma parábola de sete minutos e quatro melodias diferentes sobre a luta contra a mudanças climáticas e seus detratores, como Donald Trump. “The engine’s going to blow and we’re going to be left down below” (“O motor vai explodir e vão nos abandonar ali embaixo”), adverte o cantor britânico, antes de que se ouçam repetidos gritos de “Yes, we can do it” (“Sim, nós podemos fazer isso”). Alguma coisa em“Egypt station” pode se apoiar no legado dos Beatles, talvez “Do It Now”, “Fuh You” ou “Hunt You Down Naked Clink”, mas o álbum não deixa entrever uma ponta de nostalgia. Isso porque a música toma direções inesperadas: McCartney brama como um expoente do hard rock em “Caesar Rock”. E o mais surpreendente, recorre a assovios, gritos e efeitos da voz eletrônica típicos do pop-rock dos Millennials em “Fuh You”. Esta contém, além disso, uma das letras mais banais do álbum: “Want a love that’s so proud and real / You make me want to go out and steal” (“Quero um amor orgulhoso e real / Você me faz querer sair e roubar”). A canção foi produzida por Ryan Tedder, o cantor de OneRepublic, enquanto a maior parte do álbum foi supervisionada por Greg Kurstin, conhecido sobretudo por ter coescrito a célebre balada de Adele “Hello”. “Egypt Station” é o primeiro álbum em cinco anos de McCartney, que regressa à arena internacional com um vigor renovado e uma turnê prevista para 2019. Seu trabalho não tem nenhuma conexão explícita com o Egito apesar do título, escolhido como uma metáfora de uma viagem exótica e distante. Paul McCartney, mais conhecido por sua fascinação pela Índia, explicou que considera seu álbum como um diário de viagem, não só geográfico, mas também metafísico. O álbum começa com um som de trem antes do “I don’t know”, a faixa favorita do cantor, uma balada sobre as dúvidas que surgem em uma relação. “Back in Brazil”, uma das apostas do álbum, é um tributo sutil à música do país. Em “People Want Peace”, McCartney insiste na mensagem pacifista herdada dos Beatles, mas com uma produção do século XXI, com baterias ressoantes. “The message is simple / It’s straight from my heart / And I know that you’ve heard it before” (A mensagem é simples / Vem direto do meu coração / E eu sei que você já a ouviu antes”), afirma na canção, acrescentando: “I’m not quitting while people are crying for more” (“Não vou desistir enquanto as pessoas estejam pedindo mais”). Por AFP.
Faltando uma semana para o lançamento de seu novo álbum “Egypt Station”, Paul McCartney divulgou vídeos, em seu canal do YouTube, comentando todas as faixas do novo trabalho. Fonte: Pop Cultura.
“Quando decidimos que iríamos chamar o álbum de ‘Egypt Station’, eu gostei da ideia de fazer uma montagem de sons que soasse como uma estação. Então, encontramos uma estação e depois adicionamos outra à ela. E aí começamos a inventar alguns barulhos para fazer soar como um local imaginário. Então, essa é a ideia, como uma localização dos sonhos, de onde toda essa música iria emanar”.
“Eu escrevi essa canção após enfrentar um momento difícil, como todas as pessoas têm. Nada completamente sério ou algo assim, mas só um daqueles dias em que você pensa ‘meu Deus, o que estou fazendo errado aqui?’ e, às vezes, essa é uma boa maneira de escrever uma música, porque está vindo da sua alma. E nós costumávamos dizer que escrever uma música é como conversar com um psiquiatra ou um terapeuta, porque você está falando sobre isso em uma canção, em vez de falar em uma sala para um especialista. Então, foi isso. Pensar sobre esse problema e colocá-lo em uma canção”.
“Come On To Me” é o tipo de música de paquera. Eu imagino a mim mesmo, provavelmente nos anos 60, indo a uma festa, vendo alguém e pensando ‘ok, como eu posso chegar nessa pessoa?’. Então, é uma canção imaginária, fantasiosa sobre um cara vendo alguém e pensando ‘nós devíamos encontrar um lugar para ficarmos sozinhos aqui, e talvez trocar informações e coisas assim. E, ei, você parece ter sorrido e dito para mim que queria muito mais do que uma conversa casual. Então, eu vou até você, ou você vem até mim?'”.
“Eu estava de férias apenas brincando com o meu violão, pensando sobre os dias em que tinha muito tempo livre e costumava ficar deitado, basicamente, sem fazer nada o dia todo, ficando um pouco chapado e, na verdade, fazendo nada. Muito ocupado sem fazer nada. E aí consegui esse riff no violão e as palavras vieram a mim: ‘I used to lie around all day / I used to get stoned / I used to like to get wasted / But these days I don’t’. Então, é uma música sobre crescer. Tem um período em sua vida, e na vida de algumas pessoas, em que elas não estão sendo tão produtivas ou disciplinadas quanto serão um dia”.
“Em ‘Who Cares’, eu estava pensando sobre uma música na qual você realmente está falando com as pessoas que devem ouvi-la e, no meu caso, estava imaginando os jovens fãs, todas as pessoas jovens, em geral, que irão ouvir isso e que talvez estejam com algum tipo de problema que os façam ser provocados por outras pessoas. E, nesses dias, pode ser bullying na internet, trolls e tudo isso. Nos meus dias de escola, seriam apenas os valentões e pessoas provocados umas as outras, então eu sei que isso acontece ao redor do mundo todo, com milhões de pessoas. Então, minha ideia foi tentar ajudar, dando algum tipo de conselho. A música fala sobre você já estar farto de pessoas intimidando você, sobre ter sido chamado de nomes e, afinal, quem liga? Mas há uma virada no fim do refrão: eu ligo”.
“Algumas canções você escreve antes das sessões de gravações, enquanto outras você inventa no estúdio e pensa em ideias conforme você vai trabalhando. Com ‘Fuh You’, eu estava no estúdio com Ryan Tedder, enquanto o resto do álbum foi feito com Greg Kurstin. Mas, para essa faixa, estávamos apenas pensando em ideias e pequenas peças de melodia e acordes, e a música acabou se formando, parte a parte. Então, eu tentei fazer com que a história tivesse sentido, com o ‘Come on baby now, fale sobre você e conte a verdade, deixe-me conhecer você, quero saber como você se sente’. Basicamente, partiu daí. É como uma música de amor, mas atrevida”.
“Com a música ‘Confidante’, eu estava em casa olhando para o canto em que meu velho violão Martin estava apoiado. Normalmente, eu o deixo lá caso tenha vontade de tocar violão ou escrever uma música, ou qualquer outra coisa. E eu pensei comigo mesmo que não estava tendo tempo, ultimamente, de tocar violão. E isso me lembrou de quando nós compramos nossos primeiros violões, anos e anos atrás, que eles seriam como amigos, como um confidente. Você iria até um canto e escreveria uma música e contaria todos os seus problemas para o seu violão. É uma música de amor ao violão. Sobre como ele era meu confidente e eu contava todos os meus segredos. Aliás, diferente de meus, até então amigos da época, o violão ficou do meu lado enquanto eu lutava, então isso virou um símbolo de um companheiro, um amigo, um confidente.”
“Nós fizemos um show em Israel, alguns anos atrás, e eu queria ia à Palestina antes de ir paralá, porque eu estava bastante ciente de toda a situação política do local. Eu não queria que parecesse que eu estava apenas ignorando a Palestina, tocando apenas em Israel. Então, eu dei um jeito de ir à Palestina, atravessando a fronteira, para ir a uma escola de música e apertar a mão das crianças e ouvi-las tocando música, para mostrar solidariedade com o povo palestino. Depois, quando voltei a Israel, me encontrei com pessoas muito legais de um grupo político chamado ‘One Voice’, e nós acabamos vestindo o emblema do grupo no show, em Tel Aviv. Toda a ideia foi uma missão de paz, na verdade, porque essas pessoas eram ótimas, e eu perguntei o que elas queriam e elas disseram: ‘tudo o que queremos fazer é viver em paz, criar nossas famílias e poder continuar com nossas vidas’. Então, isso se juntou com algo que eu perguntava a meu pai, quando era criança, porque estávamos vendo várias coisas sobre a guerra nos jornais e TV: ‘o que é isso? As pessoas querem paz ou apenas gostam de lutar?’. E ele olhou para mim e disse: ‘não, algumas pessoas querem paz. São os políticos e os líderes que entram em guerras, não as pessoas’. Então, isso sempre me marcou como uma ótima frase”.
“Às vezes as músicas apenas vêm a você tarde da noite e eu tenho um piano em casa. E acontece que esse piano costumava ser do meu pai, então é especial para mim. E eu estava sentado nele em uma noite e comecei a encontrar esses acordes, que formam o começo de ‘Hand in Hand’. É basicamente uma música de amor e, enquanto eu escrevia, estava imaginando eu e Nancy prestes a viver nossas vidas de mãos dadas. Foi no começo de nosso relacionamento. E aí eu comecei a pensar que há milhares de pessoas nessa situação, que encontraram alguém que elas amam e querem viver a vida de mãos dadas e criar uma parceria. E foi ótimo, quando nós gravamos tivemos duas mulheres tocando violoncelo, é tudo o que há na música além da banda, e foi ótimo porque nós gostamos do que elas fizeram, agradecemos e uma delas disse: ‘sabe, eu vou me casar pela segunda vez e estou um pouco nervosa, mas essa música me fez pensar que tudo dará certo’. Então, é isso. Essa é a razão logo ali para ter escrito essa música”.
“Uma das coisas interessantes sobre músicas é que elas geralmente vêm de algo que aconteceu na sua vida e a sua canção é a reação a isso. Pode ser algo bem pequeno, você pode ter tido uma discussão com alguém e você pode sair e pensar em tocar violão por um tempo. E essa faixa começou assim. É uma música sobre como as coisas estão realmente bem, mas elas nem sempre parecem bem. E aí lembrei dessa imagem de dominós, quando as pessoas alinham milhares de dominós e eles derrubam o primeiro e todos caem em sequência. Eu imagino isso como sendo simbólico da vida, quando uma pequena ação pode ter um grande efeito nessa grande fila de dominós. E quando eu gravei, quis fazer algo bem pessoal. Mesmo quando todos esses dominós caem, a vida continua e, na verdade, no fim está tudo bem”.
“Eu estava em turnê no Brasil em um daqueles bons dias em que não há nada planejado. Havia um piano no quarto do hotel e eu criei esse riff com a ideia de estar de volta ao Brasil, e havia uma garota que sonha com o futuro e um mundo muito melhor. Ela conhece um homem e se encaixa nos planos dele. Então, é uma história sobre um casal, provocações e sofrimentos. Ela planeja um encontro, mas ele não pode comparecer porque está trabalhando até tarde. Apenas uma história imaginária de dois jovens brasileiros. A música é dançante, então quis colocar um ritmo brasileiro nela e ter o sabor”.
“‘Do It Now’ é uma expressão que meu pai costumava usar. É engraçado, conforme você envelhece, você lembra de coisas que seus pais ou seus professores, ou amigos, diziam, e se tinham um bordão. E um dos maiores bordões do meu pai, era ‘Do It Now’ [faça isso agora]. Você dizia que faria depois e ele falava ‘faça agora’. E ele costumava dizer D.I.N. E eu sempre pensava que esse era um ótimo nome para um selo de gravação. Isso sempre esteve na minha cabeça, então procurei uma ideia para escrever uma música sobre isso. Comecei com a ideia de estar em uma jornada e ser convidado a algum lugar, então estou indo a algum lugar na minha imaginação e a ideia é: se eu não fizer isso agora, eu talvez nunca chegue a esse lugar. É uma jornada imaginária sugerida pelo fato de que meu pai teria dito: ‘vá nessa jornada agora, não deixe para que fique muito tarde’.”
“Às vezes quando eu chego no meu estúdio com meu engenheiro de som Steve, nós inventamos algumas coisas. Nós não temos ideia do que fazer, mas nós tocamos coisas que estamos interessados. Eu talvez comece a fazer algo com a bateria eletrônica, depois coloque um pouco de piano e baixo, talvez cante algumas ideias. E teve um dia em que começamos a fazer essa música. Eu estava tocando no auto-tune algo que eu estava familiarizado por ter trabalhado com o Kanye. De certa maneira, é um sacrilégio, mas pensei que as pessoas ouvem algumas gravações dos Beatles, como ‘Tomorrew Never Knows’, e há vários barulhos. Então, começamos com ‘She is a Rock’, mas acabou virando ‘Caesar Rock’ porque estávamos nos divertindo. Então, gosto bastante dessa música porque é um pouco excêntrica. Nós juntamos um grupo no estúdio e fizemos o refrão. E uma das coisas que mais gosto é que, mesmo no final dessa canção, eu continuo sem saber como aconteceu, mas deve ter sido eu que gritei ‘She’s got matching teeth’ [Ela tem dentes combinados]. Eu gostei muito de ‘Matching Teeth’ e até trabalhei com a ideia de ser o nome de um álbum. Nos divertimos muito com ‘Caesar Rock'”.
“Eu estava no Japão, lendo o jornal Tokyo Times ou Japan Times, acho, e havia algo sobre mudança climática e aquela típica coisa de que as pessoas não estão realmente fazendo nada sobre o assunto, que tudo ficará bem e não é necessária preocupação, etc. Claro, esses icebergs derretendo não têm importância, não estão derretendo em Londres, então não há importância. E a frase que estava na matéria era ‘Despite Repeated Warnings’ [Apesar dos avisos repetidos]. Eu gostei dessa frase e achei que resumia muito o que as pessoas pensavam. E aí quis fazer uma música na qual eu usasse simbolismo e a pessoa seria simbólica de certos políticos e pessoas que discutem que a mudança climática é um boato. Conhecemos algumas pessoas assim. E aí pensei em um capitão e ele está dirigindo um barco e decide ir em direção aos icebergs. Ele foi avisado, mas decide seguir em frente porque acredita que está certo e acha que estão se preocupando demais com isso. É uma história, como o Titanic se tivessem sido avisados que eles afundariam por conta de um iceberg e o capitão não se importasse e achasse que eles ficariam bem. É uma música como ‘Band On The Run’ ou ‘Live And Let Die’, de certa forma episódica, com uma produção épica. Espero que lembre as pessoas que a mudança climática não é um boato e que nós devemos evitar ter um capitão louco nos dirigindo aos icebergs”.
“‘Station II’ é a continuação da abertura do álbum, que nos leva de volta à estação imaginária. Eu gosto da ideia de que é uma estação de trem ou estação de rádio. É apenas um lugar imaginário, então nos divertimos criando uma paisagem sonora. E, no fim, nós achamos uma boa ideia que, vagamente nesta grande estação, alguém plugasse o violão, como se fosse um artista de rua, vindo tocar algumas músicas para conseguir algum dinheiro. Então, ele toca um riff que é o começo de uma das nossas músicas, chamada ‘Hunt You Down’, ficando cada vez mais alta, até que seja, realmente, a música".
“Essa é uma música de três partes, que vai dessa mais roqueira, ‘Hunt You Down’, que tem a letra ‘I can’t find my love / No matter how hard I try’, de um modo meio blues de reclamar. E aí ela liga à outra música, chamada ‘Naked’, que acontece com uma mudança no tempo no fim de ‘Hunt You Down’, que vai de 4/4 para 3/4, e é muito simples, basicamente gravada por mim sozinho, sobre eu estar pelado desde que eu nasci. Que isso o que enfrentamos é a vida, e todos enfrentam isso. E, na vida, há diversas situações em que você se encontra meio pelado, de certa forma. Socialmente, você pode se sentir pelado, e eu não sei lidar com isso. Então essa é uma música sobre isso. Eu mesmo toquei e cantei no estúdio. E ela leva à outra música, chamada C-Link, no fim, que sou eu totalmente me entregando em querer tocar guitarra, e o take original teve cerca de 11 minutos, acho. Mas sou eu apenas gostando muito de tocar guitarra. As pessoas perguntam para mim: ‘Por que você ainda faz isso?’. E a resposta é porque eu amo isso e ainda estou animado em ter o privilégio de ligar o amplificador, plugar minha guitarra e tocar muito alto. Havia algumas frases um pouco mais melódicas do que as outras, então nós orquestramos algumas das frases e criamos algo como uma composição. Essa é uma ideia que tem me acompanhado há muitos anos, que é ter alguém, desta vez fui eu, para tocar uma guitarra meio blues em contraponto com uma orquestra segurando um acorde. Nesse caso, foi um C [Dó], e depois Cm [Dó Menor]. Então tem a orquestra segurando esses acordes eternamente, enquanto a guitarra está tocando. E isso encerra o álbum. E no fim dessa sessão eu estava me divertindo tanto que é possível ouvir um pequeno ‘Uhul!'”.
“Quando decidimos que iríamos chamar o álbum de ‘Egypt Station’, eu gostei da ideia de fazer uma montagem de sons que soasse como uma estação. Então, encontramos uma estação e depois adicionamos outra à ela. E aí começamos a inventar alguns barulhos para fazer soar como um local imaginário. Então, essa é a ideia, como uma localização dos sonhos, de onde toda essa música iria emanar”.
“Eu escrevi essa canção após enfrentar um momento difícil, como todas as pessoas têm. Nada completamente sério ou algo assim, mas só um daqueles dias em que você pensa ‘meu Deus, o que estou fazendo errado aqui?’ e, às vezes, essa é uma boa maneira de escrever uma música, porque está vindo da sua alma. E nós costumávamos dizer que escrever uma música é como conversar com um psiquiatra ou um terapeuta, porque você está falando sobre isso em uma canção, em vez de falar em uma sala para um especialista. Então, foi isso. Pensar sobre esse problema e colocá-lo em uma canção”.
“Come On To Me” é o tipo de música de paquera. Eu imagino a mim mesmo, provavelmente nos anos 60, indo a uma festa, vendo alguém e pensando ‘ok, como eu posso chegar nessa pessoa?’. Então, é uma canção imaginária, fantasiosa sobre um cara vendo alguém e pensando ‘nós devíamos encontrar um lugar para ficarmos sozinhos aqui, e talvez trocar informações e coisas assim. E, ei, você parece ter sorrido e dito para mim que queria muito mais do que uma conversa casual. Então, eu vou até você, ou você vem até mim?'”.
“Eu estava de férias apenas brincando com o meu violão, pensando sobre os dias em que tinha muito tempo livre e costumava ficar deitado, basicamente, sem fazer nada o dia todo, ficando um pouco chapado e, na verdade, fazendo nada. Muito ocupado sem fazer nada. E aí consegui esse riff no violão e as palavras vieram a mim: ‘I used to lie around all day / I used to get stoned / I used to like to get wasted / But these days I don’t’. Então, é uma música sobre crescer. Tem um período em sua vida, e na vida de algumas pessoas, em que elas não estão sendo tão produtivas ou disciplinadas quanto serão um dia”.
“Em ‘Who Cares’, eu estava pensando sobre uma música na qual você realmente está falando com as pessoas que devem ouvi-la e, no meu caso, estava imaginando os jovens fãs, todas as pessoas jovens, em geral, que irão ouvir isso e que talvez estejam com algum tipo de problema que os façam ser provocados por outras pessoas. E, nesses dias, pode ser bullying na internet, trolls e tudo isso. Nos meus dias de escola, seriam apenas os valentões e pessoas provocados umas as outras, então eu sei que isso acontece ao redor do mundo todo, com milhões de pessoas. Então, minha ideia foi tentar ajudar, dando algum tipo de conselho. A música fala sobre você já estar farto de pessoas intimidando você, sobre ter sido chamado de nomes e, afinal, quem liga? Mas há uma virada no fim do refrão: eu ligo”.
“Algumas canções você escreve antes das sessões de gravações, enquanto outras você inventa no estúdio e pensa em ideias conforme você vai trabalhando. Com ‘Fuh You’, eu estava no estúdio com Ryan Tedder, enquanto o resto do álbum foi feito com Greg Kurstin. Mas, para essa faixa, estávamos apenas pensando em ideias e pequenas peças de melodia e acordes, e a música acabou se formando, parte a parte. Então, eu tentei fazer com que a história tivesse sentido, com o ‘Come on baby now, fale sobre você e conte a verdade, deixe-me conhecer você, quero saber como você se sente’. Basicamente, partiu daí. É como uma música de amor, mas atrevida”.
“Com a música ‘Confidante’, eu estava em casa olhando para o canto em que meu velho violão Martin estava apoiado. Normalmente, eu o deixo lá caso tenha vontade de tocar violão ou escrever uma música, ou qualquer outra coisa. E eu pensei comigo mesmo que não estava tendo tempo, ultimamente, de tocar violão. E isso me lembrou de quando nós compramos nossos primeiros violões, anos e anos atrás, que eles seriam como amigos, como um confidente. Você iria até um canto e escreveria uma música e contaria todos os seus problemas para o seu violão. É uma música de amor ao violão. Sobre como ele era meu confidente e eu contava todos os meus segredos. Aliás, diferente de meus, até então amigos da época, o violão ficou do meu lado enquanto eu lutava, então isso virou um símbolo de um companheiro, um amigo, um confidente.”
“Nós fizemos um show em Israel, alguns anos atrás, e eu queria ia à Palestina antes de ir paralá, porque eu estava bastante ciente de toda a situação política do local. Eu não queria que parecesse que eu estava apenas ignorando a Palestina, tocando apenas em Israel. Então, eu dei um jeito de ir à Palestina, atravessando a fronteira, para ir a uma escola de música e apertar a mão das crianças e ouvi-las tocando música, para mostrar solidariedade com o povo palestino. Depois, quando voltei a Israel, me encontrei com pessoas muito legais de um grupo político chamado ‘One Voice’, e nós acabamos vestindo o emblema do grupo no show, em Tel Aviv. Toda a ideia foi uma missão de paz, na verdade, porque essas pessoas eram ótimas, e eu perguntei o que elas queriam e elas disseram: ‘tudo o que queremos fazer é viver em paz, criar nossas famílias e poder continuar com nossas vidas’. Então, isso se juntou com algo que eu perguntava a meu pai, quando era criança, porque estávamos vendo várias coisas sobre a guerra nos jornais e TV: ‘o que é isso? As pessoas querem paz ou apenas gostam de lutar?’. E ele olhou para mim e disse: ‘não, algumas pessoas querem paz. São os políticos e os líderes que entram em guerras, não as pessoas’. Então, isso sempre me marcou como uma ótima frase”.
“Às vezes as músicas apenas vêm a você tarde da noite e eu tenho um piano em casa. E acontece que esse piano costumava ser do meu pai, então é especial para mim. E eu estava sentado nele em uma noite e comecei a encontrar esses acordes, que formam o começo de ‘Hand in Hand’. É basicamente uma música de amor e, enquanto eu escrevia, estava imaginando eu e Nancy prestes a viver nossas vidas de mãos dadas. Foi no começo de nosso relacionamento. E aí eu comecei a pensar que há milhares de pessoas nessa situação, que encontraram alguém que elas amam e querem viver a vida de mãos dadas e criar uma parceria. E foi ótimo, quando nós gravamos tivemos duas mulheres tocando violoncelo, é tudo o que há na música além da banda, e foi ótimo porque nós gostamos do que elas fizeram, agradecemos e uma delas disse: ‘sabe, eu vou me casar pela segunda vez e estou um pouco nervosa, mas essa música me fez pensar que tudo dará certo’. Então, é isso. Essa é a razão logo ali para ter escrito essa música”.
“Uma das coisas interessantes sobre músicas é que elas geralmente vêm de algo que aconteceu na sua vida e a sua canção é a reação a isso. Pode ser algo bem pequeno, você pode ter tido uma discussão com alguém e você pode sair e pensar em tocar violão por um tempo. E essa faixa começou assim. É uma música sobre como as coisas estão realmente bem, mas elas nem sempre parecem bem. E aí lembrei dessa imagem de dominós, quando as pessoas alinham milhares de dominós e eles derrubam o primeiro e todos caem em sequência. Eu imagino isso como sendo simbólico da vida, quando uma pequena ação pode ter um grande efeito nessa grande fila de dominós. E quando eu gravei, quis fazer algo bem pessoal. Mesmo quando todos esses dominós caem, a vida continua e, na verdade, no fim está tudo bem”.
“Eu estava em turnê no Brasil em um daqueles bons dias em que não há nada planejado. Havia um piano no quarto do hotel e eu criei esse riff com a ideia de estar de volta ao Brasil, e havia uma garota que sonha com o futuro e um mundo muito melhor. Ela conhece um homem e se encaixa nos planos dele. Então, é uma história sobre um casal, provocações e sofrimentos. Ela planeja um encontro, mas ele não pode comparecer porque está trabalhando até tarde. Apenas uma história imaginária de dois jovens brasileiros. A música é dançante, então quis colocar um ritmo brasileiro nela e ter o sabor”.
“‘Do It Now’ é uma expressão que meu pai costumava usar. É engraçado, conforme você envelhece, você lembra de coisas que seus pais ou seus professores, ou amigos, diziam, e se tinham um bordão. E um dos maiores bordões do meu pai, era ‘Do It Now’ [faça isso agora]. Você dizia que faria depois e ele falava ‘faça agora’. E ele costumava dizer D.I.N. E eu sempre pensava que esse era um ótimo nome para um selo de gravação. Isso sempre esteve na minha cabeça, então procurei uma ideia para escrever uma música sobre isso. Comecei com a ideia de estar em uma jornada e ser convidado a algum lugar, então estou indo a algum lugar na minha imaginação e a ideia é: se eu não fizer isso agora, eu talvez nunca chegue a esse lugar. É uma jornada imaginária sugerida pelo fato de que meu pai teria dito: ‘vá nessa jornada agora, não deixe para que fique muito tarde’.”
“Às vezes quando eu chego no meu estúdio com meu engenheiro de som Steve, nós inventamos algumas coisas. Nós não temos ideia do que fazer, mas nós tocamos coisas que estamos interessados. Eu talvez comece a fazer algo com a bateria eletrônica, depois coloque um pouco de piano e baixo, talvez cante algumas ideias. E teve um dia em que começamos a fazer essa música. Eu estava tocando no auto-tune algo que eu estava familiarizado por ter trabalhado com o Kanye. De certa maneira, é um sacrilégio, mas pensei que as pessoas ouvem algumas gravações dos Beatles, como ‘Tomorrew Never Knows’, e há vários barulhos. Então, começamos com ‘She is a Rock’, mas acabou virando ‘Caesar Rock’ porque estávamos nos divertindo. Então, gosto bastante dessa música porque é um pouco excêntrica. Nós juntamos um grupo no estúdio e fizemos o refrão. E uma das coisas que mais gosto é que, mesmo no final dessa canção, eu continuo sem saber como aconteceu, mas deve ter sido eu que gritei ‘She’s got matching teeth’ [Ela tem dentes combinados]. Eu gostei muito de ‘Matching Teeth’ e até trabalhei com a ideia de ser o nome de um álbum. Nos divertimos muito com ‘Caesar Rock'”.
“Eu estava no Japão, lendo o jornal Tokyo Times ou Japan Times, acho, e havia algo sobre mudança climática e aquela típica coisa de que as pessoas não estão realmente fazendo nada sobre o assunto, que tudo ficará bem e não é necessária preocupação, etc. Claro, esses icebergs derretendo não têm importância, não estão derretendo em Londres, então não há importância. E a frase que estava na matéria era ‘Despite Repeated Warnings’ [Apesar dos avisos repetidos]. Eu gostei dessa frase e achei que resumia muito o que as pessoas pensavam. E aí quis fazer uma música na qual eu usasse simbolismo e a pessoa seria simbólica de certos políticos e pessoas que discutem que a mudança climática é um boato. Conhecemos algumas pessoas assim. E aí pensei em um capitão e ele está dirigindo um barco e decide ir em direção aos icebergs. Ele foi avisado, mas decide seguir em frente porque acredita que está certo e acha que estão se preocupando demais com isso. É uma história, como o Titanic se tivessem sido avisados que eles afundariam por conta de um iceberg e o capitão não se importasse e achasse que eles ficariam bem. É uma música como ‘Band On The Run’ ou ‘Live And Let Die’, de certa forma episódica, com uma produção épica. Espero que lembre as pessoas que a mudança climática não é um boato e que nós devemos evitar ter um capitão louco nos dirigindo aos icebergs”.
“‘Station II’ é a continuação da abertura do álbum, que nos leva de volta à estação imaginária. Eu gosto da ideia de que é uma estação de trem ou estação de rádio. É apenas um lugar imaginário, então nos divertimos criando uma paisagem sonora. E, no fim, nós achamos uma boa ideia que, vagamente nesta grande estação, alguém plugasse o violão, como se fosse um artista de rua, vindo tocar algumas músicas para conseguir algum dinheiro. Então, ele toca um riff que é o começo de uma das nossas músicas, chamada ‘Hunt You Down’, ficando cada vez mais alta, até que seja, realmente, a música".
“Essa é uma música de três partes, que vai dessa mais roqueira, ‘Hunt You Down’, que tem a letra ‘I can’t find my love / No matter how hard I try’, de um modo meio blues de reclamar. E aí ela liga à outra música, chamada ‘Naked’, que acontece com uma mudança no tempo no fim de ‘Hunt You Down’, que vai de 4/4 para 3/4, e é muito simples, basicamente gravada por mim sozinho, sobre eu estar pelado desde que eu nasci. Que isso o que enfrentamos é a vida, e todos enfrentam isso. E, na vida, há diversas situações em que você se encontra meio pelado, de certa forma. Socialmente, você pode se sentir pelado, e eu não sei lidar com isso. Então essa é uma música sobre isso. Eu mesmo toquei e cantei no estúdio. E ela leva à outra música, chamada C-Link, no fim, que sou eu totalmente me entregando em querer tocar guitarra, e o take original teve cerca de 11 minutos, acho. Mas sou eu apenas gostando muito de tocar guitarra. As pessoas perguntam para mim: ‘Por que você ainda faz isso?’. E a resposta é porque eu amo isso e ainda estou animado em ter o privilégio de ligar o amplificador, plugar minha guitarra e tocar muito alto. Havia algumas frases um pouco mais melódicas do que as outras, então nós orquestramos algumas das frases e criamos algo como uma composição. Essa é uma ideia que tem me acompanhado há muitos anos, que é ter alguém, desta vez fui eu, para tocar uma guitarra meio blues em contraponto com uma orquestra segurando um acorde. Nesse caso, foi um C [Dó], e depois Cm [Dó Menor]. Então tem a orquestra segurando esses acordes eternamente, enquanto a guitarra está tocando. E isso encerra o álbum. E no fim dessa sessão eu estava me divertindo tanto que é possível ouvir um pequeno ‘Uhul!'”.
3 comentários:
Sensacional! Não me surpreendeu porque eu sabia que seria demais, só não pensei que seria TÃO bom em overdose! Obrigado Paul McCartney, arrasou!
Nossa, que maravilha!! Ja era de se esperar, né 🎵🎵🎵
Simplesmente espetacular!
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