Paul McCartney já havia feito sua estreia sem o acompanhamento dos outros três em 1966, com a trilha sonora do filme “The Family Way” (já comentado aqui no site), feito em parceria com George Martin. Dois anos depois foi a vez de George Harrison se lançar em um trabalho solo, sem qualquer vínculo com os Beatles. O álbum, assim como o de Paul, era uma trilha sonora e o filme em questão é “Wonderwall”, dirigido por Joe Massot, que convidou George para fazer a trilha, afirmando que usaria o que quer que ele fizesse. Nessas condições, Harrison aceitou o trabalho. O disco foi lançado no dia 1º de novembro de 1968 no Reino Unido e em 2 de dezembro nos Estados Unidos. Foi o primeiro LP a sair pela Apple Records, gravadora recém fundada dos Beatles, que lançaria outros nomes como Billy Preston, James Taylor, Badfinger e Mary Hopkin. O disco foi relançado em 1992, em CD. Quando Joe Massot chamou George para fazer a trilha, ele respondeu que nunca havia feito algo do tipo e que não sabia como funcionaria. Com a condição de Massot de que este aceitaria o que Harrison fizesse, o convite foi imediatamente aceito. Em novembro de 1967, eles foram para os estúdios de Twickenham, onde foram feitas as demos para a trilha sonora, a partir de uma versão não-acabada do filme, exibida pelo próprio Massot. George queria fazer o disco como uma espécie de “antologia da música indiana”, despertando assim o interesse do público pela cultura hindu. Com esse objetivo em mente, ele resolveu ir gravar em Bombaim, na Índia, no estúdio da EMI. As gravações de “Wonderwall Music” começaram em dezembro de 1967, em Londres, no De Lane Lea Studios, onde foram gravadas 8 das 19 músicas do álbum (“Red Lady Too”, “Drilling a Home”, “Ski-ing”, “Dream Scene”, “Party Seacombe”, “Cowboy Music”, “Glass Box” e “Wonderwall to Be Here”). O restante foi gravado a partir do dia 9 de janeiro de 1968, nos estúdios da EMI em Bombaim, na Índia. Um fato curioso acerca das gravações é que, apesar de ser um disco de George, o Beatle não participa como músico em nenhuma das canções. Ele é creditado na ficha técnica apenas como produtor, arranjador e compositor. Sobre as sessões em Bombaim, George lembrou mais tarde: “Foi realmente fantástico. O estúdio era no topo dos escritórios [da EMI], mas não havia isolamento de som. Então se você ouvir atentamente algumas das faixas indianas do LP, pode ouvir alguns táxis passando. Toda vez que os escritórios encerravam às 5:30, nós tínhamos de parar a gravação, por que se podia simplesmente ouvir todo mundo descendo as escadas.” Nessas sessões, após finalizar o trabalho com “Wonderwall Music”, George gravou alguns “ragas” e outros temas hidus. Foi nesse período que nasceu a base de “The Inner Light”, que seria lançada em 15 de março de 1968, como lado B de “Lady Madonna”. George voltou de Bombaim no dia 18 de janeiro e chegando em Londres, foi dar os últimos retoques nas gravações, em Abbey Road, trabalho que se estendeu até o dia 30 daquele mês. Entre os músicos que participaram das sessões em Londres, estavam os integrantes do Remo Four, banda de Liverpool contemporânea aos Beatles. Além disso, segundo dizem, Eric Clapton, Peter Tork (dos Monkees) e Ringo Starr teriam participado sem que fosse creditado (alguns afirmam que Clapton e Ringo usaram os pseudônimos de Eddie Clayton e Richie Snare, respectivamente, mas na capa do disco não consta nenhum dos dois nomes). Texto - Vítor Franke / Fonte: beatlescollege.wordpress.com
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