No dia do trabalhador, nada melhor que rever a postagem sobre o álbum mais político de John Lennon.
Some Time in New York City é o terceiro álbum de John Lennon após a separação dos Beatles. É o quinto álbum gravado junto com sua mulher Yoko Ono e foi lançado em 12 de junho de 1972. Ainda em 1971, o presidente americano Richard Nixon, mandou que o FBI abrisse um inquérito para investigar a vida de John Lennon com a intenção de achar meios para deportá-lo dos Estados Unidos.As gravações do álbum começaram em junho de 1972, o casal Lennon chamou o produtor Phil Spector para ajudá-los. Foram adicionadas ao álbum músicas que John e Yoko gravaram ao vivo. "Cold Turkey" e "Don't Worry Kyoko (Mummy's Only Looking for a Hand in the Snow)" foram gravadas no Lyceum Ballroom em London em 15 de dezembro de 1969, de um show ao vivo para a UNICEF com Eric Clapton, George Harrison e Keith Moon, entre outros. Porém as músicas gravadas junto a Frank Zappa and The Mothers of Invention em Fillmore East em junho de 1971 adiconadas no LP foram deixadas de lado na reedição em cd.
O álbum é o mais politizado de John. A música de abertura é "Woman Is the Nigger of the World" foi o carro-chefe do disco. Mas trouxe uma certa polêmica e foi banida em alguns lugares pelo uso da palavra nigger (negro em português), embora a palavra não tenha um sentido de se referir aos negros afro-americanos. Até hoje, essa música é hino das feministas. Na música “New York City”, John Lennon parece ter soltado todos os seus bichos. Ninguém escapa das farpadas agudas da sua língua ferina e mordaz! Nem o Papa (na época Paulo VI) foi poupado. Lennon afirma que ele fumava maconha todo dia! Esse álbum, traria ainda muito problemas para Lennon. Que já estava encrencado.
“Attica State” é uma clara crítica ao regime penitenciário daquela prisão contra uma rebelião dos prisioneiros onde 39 foram mortos. “We all mates in Attica State!”A música "John Sinclair" era um apelo pela libertação do poeta (?) John Sinclair (na verdade, um grande picareta!) após ser condenado a dez anos de prisão por ter dado dois cigarros de maconha a dois oficiais da polícia. "Sunday Bloody Sunday" e "The Luck of the Irish" eram referentes à Irlanda do Norte. No dia 30 de janeiro de 1972, a polícia matou treze pessoas que participavam de uma passeata católica contra o governo daquele país. O fato ficou conhecido como Domingo Sangrento (Bloody Sunday). Anos mais tarde o grupo U2 faria também uma música com mesmo nome em referência ao fato. "Angela" em referência a Angela Davis, afro-americana, comunista que fez parte do Partido dos Panteras Negras, foi acusada e condenada por participar do sequestro e assassinato do juiz Harold Haley. É impressionante como eles só se metiam com gente barra-pesada! As músicas de Yoko também traziam temas diversos. "Sisters O Sisters" com tema feminista, "Born in a Prison" tratava da falta de um sistema educacional, "We're All Water" para celebrar a cultura. Na verdade, este álbum é visto como o início da autoria de músicas por parte de Yoko Ono. Durante seu lançamento, o disco já foi bombardeado de críticas a cerca do experimentalismo “fraco” e sujo, tanto que chegou a figurar a posição de número 42 na Billboard. Mas ficou claro o fracasso comercial do álbum, e John Lennon ficaria sem gravar qualquer música por quase um ano inteiro. Apesar de todas as críticas, este é um dos meus discos preferidos de John. Destaco os rockões “NEW YORK CITY” e “ATTICA STATE”.Pouco tempo após o lançamento do álbum, John e Yoko fizeram dois shows na cidade de Nova York no Madison Square Garden, o que posteriormente seria lançado em álbum chamado Live in New York City. E é desse show no Garden que você confere o velho guerrilheiro, a mulher e um bando de malucos com a polêmica “COLD TURKEY”. Abração!
2 comentários:
Na minha opinião, e podem me malhar, esse é o disco mais Rock and Roll do John !!!
Até as musicas da Yoko não são tão difíceis de ouvir. Um disco para ser redescoberto.
Gosto muito deste álbum.
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