Bettie Page veio ao mundo em 22 de abril de 1923 em Nashville. Anos luz à frente do seu tempo, foi uma modelo americana que se tornou famosa na década de 1950 por fotos de temática pin-up e fetichista.
Ela é frequentemente chamada de "Rainha das Pin-ups" e seu visual, cuja marca registrada eram os cabelos pretos lustrosos e uma franja, influenciaram dezenas de artistas. Page foi também uma das primeiras "Playmates do Mês" da Playboy, aparecendo na edição de janeiro de 1955 da revista.
Betty Mae Page foi a segunda de seis filhos de Walter Roy Page e a Edna Mae Pirtle. A família vivia em condições financeiras precárias e não se mantinha por muito tempo em um mesmo lugar. Com a queda da bolsa em 1929 a situação piorou. Os pais se divorciaram em 1932. No ano anterior, Walter (o pai), havia sido preso por alcoolismo e desordem. Edna Pirtle (a mãe), se estabeleceu em dois empregos e enviou Bettie e duas de suas irmãs para um orfanato por um ano. Aos quinze, Bettie fora violentada pelo próprio pai, quando este havia voltado a morar com a família. Em idade tenra, Page conheceu responsabilidades duras e aprendeu a tomar suas próprias decisões. Entre o coro da igreja e o salão de beleza que Edna trabalhava, Bettie ocupava seu tempo com a costura. Ela foi considerada uma estudante excepcional. Mostrou sempre interesse pelo cinema e pela vida de modelo. Coordenou o grupo de arte dramática e se formou Bacharel em Artes no Peabody College em 1943.
No mesmo ano, casou-se com Billy Neal, seu namorado. Mudaram-se para São Francisco, e lá, teve seu primeiro trabalho como modelo. Ainda com Neal, viajou para o Taiti, onde lhe foi revelado um mundo exótico, muito explorado pela arte em volta do ícone Bettie Page, as mulheres morenas de sol. Assim como Luz Del Fuego, Bettie passou tomar banhos de sol nua ou mesmo se exercitar. Com cinco anos de casada, divorciou-se e mudou-se novamente, desta vez para Nova York. Em Coney Island conheceu o policial Jerry Tibbs, por volta de 1950. Tibbs era também fotógrafo amador, ele foi o criador da "pin-up" Bettie. Ele afirmou à época que sua testa era larga demais para usar o cabelo partido ao meio. Bettie, então, eternizou a franja convexa lisa.
Bettie investiu também no mundo da moda: criou seus maiôs e bikinis e a tanga clássica de oncinha. Mas apenas os fotógrafos Irving Klaw e Bunny Yeager imortalizariam a pin-up Bettie Page. Ela há muito havia trocado a careira de secretária pela vida de modelo. Os horários eram independentes, a carga horária menor e o salário maior. Quando resolveu posar para Klaw aceitou o contrato dele, o qual afirmava que o pagamento só seria disponível mediante poses com bondage (prática de saomasoquismo).
O então presidente do senado Carey Estes Kefauver, contrário as fotografias de Irving Klaw, pela apologia ao sadomasoquismo, requisitou a própria modelo a depor. Várias publicações da época como Eyeful, Beauty Parade ou Wink a procuraram. Em janeiro de 1955 foi capa da Playboy e no mesmo ano recebeu das mãos de Hugh Hefner o título de "A Miss Pin-Up Girl do Mundo". Hefner foi um dos maiores benfeitores de Bettie até o final de sua vida. Page casou-se novamente, com Armand Walterson, e em 1958, desapareceu da vida pública sem uma razão definida. Sabe-se que, após seu casamento com Walterson, Bettie tornou-se numa devotada religiosa. Sua última entrevista foi em 1962, focada em aspectos do divórcio com Walterson.
Durante as décadas de 70/80, chegou a ser presa devido a um surto psicótico, ficando cerca de 10 anos presa, e seu paradeiro ficou desconhecido durante todo este período. Nos anos 90, Hugh Hefner arrumou um advogado para Bettie, que a ajudou a ganhar dinheiro com os direitos de sua imagem em diversos produtos e revistas que até aquele momento estava sendo usado indevidamente, fazendo com que ela ganhasse mais dinheiro na velhice do que a época em que era jovem, proporcionando a Bettie uma vida confortável em seus últimos anos.
No início da década de 90, uma história em quadrinhos, Rocketeer, reascendeu o interesse por Page (não, não foi o filme da Disney, ao contrário do que diz a CNN). Ela logo se tornou novamente um símbolo pop/sensual. Em 1992, Ela saiu de um hospital psiquiátrico, diagnosticada como esquizofrênica. Não há fotos recentes de Page. Ela não permitia. Queria (e conseguiu) que sua imagem registrada nos anos 50 se tornasse mítica. Em 2006, a HBO produziu um longa metragem biográfico - A Infame Bettie Page (The Notorious Bettie Page) muito bem escrito e interpretado por Gretchen Mol. Em 11 de novembro de 2008, Bettie Page morreu, vítima de pneumonia. Nove dias antes, havia sofrido um ataque cardíaco e estava inconsciente, desde então. Tinha 85 anos de idade.
Um comentário:
Que linda. Que história e que vida!
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