segunda-feira, 25 de março de 2019

THE BEATLES - YESTERDAY AND TODAY - O ÁLBUM


Em 3 novembro de 2017, circulou a notícia, que inclusive apareceu aqui, de que uma cópia original raríssima do álbum "Yesterday and Today" dos Beatles e que pertencia a John Lennon e traz três assinaturas dos Beatles, iria a leilão ainda naquele novembro. Na época, o disco seria leiloado pela Heritage Auction com um valor mínimo de $200,000, aproximadamente R$ 650.000. Agora, a notícia é que o mesmo álbum, que foi de Lennon e com os autógrafos, será leiloado em 9 de maio de 2019 num leilão promovido pela Julien's Auctions, a ser realizado no The Beatles Story Museum, em Liverpool e estima-se que o valor possa chegar a £ 136.000, aproximadamente 700 mil reais. O especialista Gary Hein disse que o álbum (que já é raro por si só) com três assinaturas dos Beatles é único em "raridade e inestimável valor".
O disco era propriedade do próprio John Lennon e traz a capa original do álbum: a fotografia dos Beatles vestidos de jalecos brancos, como açougueiros, juntos a pedaços de carne crua e bonecas mutiladas e ensanguentadas, que foi sem dúvida, o trabalho mais célebre do fotógrafo Robert Whitaker. "Yesterday and Today" foi lançado no dia 15 de junho de 1966 (há controvérsias) somente nos Estados Unidos e no outro dia foi tirado de circulação.
A capa do "açougueiro", provocou indignação ao ser lançada nos EUA. Foi sugerido que era um protesto dos Beatles contra a Guerra do Vietnã. Na época, a Capitol produziu uma capa adesiva mais publicamente amigável mostrando os Beatles em pé, ao redor e dentro de um velho baú que foi colada por cima da original.

Poucas cópias escaparam, como esta de John Lennon, que deu o disco de presente ao colecionador Dave Morrell em 1972 junto a uma mensagem escrita a mão: “Para Dave, John Lennon”. Lennon manteve sua cópia pessoal do álbum na parede de seu apartamento no Dakota, até que ele deu para Dave Morrell, um velho fã dos Beatles e colecionador. Os autógrafos de Ringo Starr e Paul McCartney, Morrell obteve mais tarde. Acredita-se ser o único álbum original com a "capa do açouqueiro" com três assinaturas dos Beatles. Hein disse que se trata de uma "importante peça de cultura pop de classe mundial" e que "não há nenhum álbum dos Beatles no mundo que se compare a esse em termos de raridade e valor". Outros itens à venda no evento anual promovido pela Julien's Auctions em 9 de maio incluem uma correia de violão de Lennon, um registro de detenção escolar (também de Lennon), bem como uma bola de beisebol assinada pelos Beatles.

Anos depois, a foto original dos "Beatles açougueiros" com as carnes e as bonecas, apareceu na parte interna do álbum americano "Rarities", lançado em 24 de março de 1980.
Quando foi lançada a coletânea americana "Yesterday and Today", em 1966, muitos tentaram interpretar a capa inusitada: em meio a pedaços de carne e vestindo roupas de açougueiro, os quatro Beatles seguravam bonecas desmembradas. Enquanto uns viram a foto como um protesto contra a Guerra do Vietnã, outros acreditaram se tratar de uma alfinetada na Capitol, pelo fato de a gravadora constantemente “retalhar” os álbuns da banda nos Estados Unidos. A verdade é que a imagem foi apenas a reprodução de um sonho de Robert Whitaker, o fotógrafo, conforme ele mesmo revelou posteriormente. A polêmica foi tanta que forçou a confecção de uma nova capa, fazendo com que a original virasse item de colecionador. Com a exclusividade de sempre, a gente confere somente aqui, no nosso blog preferido, um pequeno trecho do superlivraço "THE BEATLES - 1966 - O Ano Revolucionário", do pesquisador Steve Turner,que ainda pode ser encontrado nas boas casas do ramo. Valeu!
No dia 3 de junho de 1966, o NME publicou um anúncio de “Paperback Writer” e “Rain” na segunda página da edição, com uma cópia em preto e branco da “fotografia do açougue” de Whitaker. Não havia nenhuma pista em relação à conexão — se é que havia - entre a imagem dos Beatles com enormes pedaços de carne e as músicas. A única informação era que o single seria lançado em 10 de junho. No dia 11, o Disc and Music Echo usou na capa uma foto colorida da mesma sessão sob a manchete “Beatles: What a Carve-Up” (“Beatles: Que Fatias”).
Enquanto isso, nos Estados Unidos, a imagem estava sendo usada em Yesterday and Today, o LP tapa-buraco com músicas de Help!, Rubber Soul e as faixas novas, programado para sair no dia 15 de junho. O diretor de arte da Capitol George Osaki gostou da foto do açougue, então as capas foram produzidas com ela: 1 milhão de cópias no formato mono e 200 mil no estéreo. Foram enviadas 60 mil cópias com antecedência para jornais, revistas, estações de rádio, canais de TV e para as equipes pro­mocionais da Capitol Records, que, por sua vez, estavam apresentando o produto para as principais redes de loja. Alan Livingston, presidente da Capitol, empalideceu quando viu pela primeira vez a imagem escolhida e ligou para Brian Epstein, que explicou que os Beatles tinham insistido em usá-la. Mas os lojistas se recusaram a exibi-la. Eles a consideraram violenta e ofensiva, ainda que as manchas de sangue nos casacos dos Beatles ti­vessem sido retiradas com aerógrafo. Livingston entrou em contato de novo com Epstein, que, depois de pressionado, autorizou a Capitol a usar uma foto mais antiga de Whitaker tirada no escritório da NEMS, em que o grupo posava inofensivamente ao redor de um baú. Àquela altura, um monte de capas do disco com a “foto do açougue” tinha sido impresso, e a única maneira de salvar as cópias existentes era manter o vinil, des­truir o papelão e aguardar as novas capas serem impressas. A Operação Reposição - que custaria à Capitol mais de 200 mil dólares - começou no dia 10 de junho com as fábricas de prensagem recolhendo todas as cópias. Funcionários em Nova York passaram uma semana tirando 90 mil discos da capa. A Queens Litho, que fazia as impressões, destruiu 100 mil cópias que não foram usadas. Nas unidades de Scranton e Los Angeles, encontraram um jeito de cortar custos: colaram a imagem que tinha sido aprovada por cima da antiga. No futuro, colecionadores cui­dadosos conseguirIam despregar com vapor a imagem colada naquelas “capas do açougue”, e os discos se tornariam itens valiosos no mercado de memorabilia pop. Ron Tepper, assessor de imprensa da Capitol Records, liberou um release informando os críticos sobre a nova capa e pedindo para descon­siderarem as cópias “do açougue” (e, se possível, devolvê-las). Livingston disse: “A capa original, criada na Inglaterra, tinha a intenção de ser uma sátira ‘pop art’. Entretanto, uma amostragem da opinião pública nos Es­tados Unidos indica que a capa estava sujeita a interpretação equivoca­da. Por essa razão, e para evitar qualquer controvérsia possível ou dano injusto à imagem ou reputação dos Beatles, a Capitol preferiu recolher o LP e trocar a capa por algo mais acessível”.

Um comentário:

Haroldo Clarim disse...

Eu li em algum livro que a capa da mala foi mais uma pista para a suposta morte de Paul, uma vez que ele está dentro da mala, que seria o "caixão".