Paul McCartney está a caminho do Brasil pela oitava vez, agora com a "Freshen Up Tour". Deve ser um grande show, como sempre, e também um show grande - ele tem tocado entre 36 e 40 músicas, em cerca de três horas. Uma delas deve ser "Back in Brazil", inspirada em ritmos nacionais e lançada pelo artista em setembro do ano passado, em seu 18° álbum Egypt Station. "Bem, temos que aprendê-la antes", diz McCartney, 76, acrescentando que ela está na lista para os ensaios. O cantor e compositor vai tocar duas noites em São Paulo, nos dias 26 (esgotado) e 27 de março. No dia 30, ele se apresenta em Curitiba. A turnê chega ao país após um intervalo de shows realizados no Canadá, no Japão e na Europa. Daqui, irá para os Estados Unidos. Pelas canções já tocadas na turnê, o show vai trazer os velhos clássicos, mas também várias "surpresas", ele diz.
Sim. Eu estava fazendo minha última turnê pelo Brasil [outubro de 2017] e aconteceu de ter um dia de folga em São Paulo. Estava no hotel de tarde, nada para fazer, e tinha um piano no quarto. Comecei a tocar num estilo brasileiro e a criar a história de uma garota. Foi realmente inspirada nos ritmos brasileiros.
E você ouve música brasileira em casa?
Ouço ocasionalmente no rádio. Tenho ouvido por muitos anos. Não posso lhe dar detalhes como nomes de artistas, mas, ao longo do tempo, escutei alguns CDs e adoro a música brasileira. É bem especial.
Você escuta CDs? E vinis e streaming?
Todos eles. Às vezes compro música pelo meu telefone. Ah, lembrei, tem um cara que tenho um CD. É Ivan Lins.
Seu último lançamento, no início deste ano, é o single "Get Enough", que parece ter elementos de seu trabalho dos anos 1980. Me lembrou "Temporary Secretary", que usa vozes de robô, no disco "McCartney II". Foi proposital?
Sim, devo dizer que não pensei nisso, mas entendo o que quer dizer. É tipo um som moderno, nas vozes. Eu gosto de experimentar e talvez seja que isso que chamou a sua atenção.
O que podemos esperar de seu próximo show aqui?
Temos várias músicas novas. Trocamos algumas e teremos surpresas para o público. Mas também vamos manter as grandes favoritas. Basicamente nós revigoramos o show. É por isso que a turnê chama "Freshen Up" [revigore-se].
E vão tocar "Back in Brazil", obviamente?
Bem, temos de aprendê-la antes. Vamos começar a ensaiar logo e ela está na lista. Depende de quão rápido eu e a banda aprenderemos a tocá-la ao vivo.
Qual é o seu Beatle favorito?
Haha. Todos eles. São todos meus favoritos, eu amo todos eles. Eu incluído [risos].
E qual é sua musica favorita escrita por John Lennon?
Oh, há tantas. Mas eu amo uma canção que ele escreveu para seu filho Julian, ou melhor, para o Sean. Chama "Beautiful Boy".
E de George Harrison?
De novo, é difícil escolher. Acho que poderia dizer "Something", poderia dizer "Here Comes the Sun", poderia dizer "While My Guitar Gently Weeps". Difícil escolher a favorita.
E a sua?
Entre as minhas é ainda mais difícil escolher. Tenho as grandes favoritas. Eu gosto de "Here, There and Everywhere". Das mais recentes, gosto de "Calico Skies" [1997]. Gosto de "Let It Be" e de "Yesterday".
Há um novo filme, de Danny Boyle, chamado "Yesterday" [estreia no segundo semestre], na qual uma pessoa acorda de um acidente e os Beatles nunca existiram. Mas ele se lembra de todas as canções e se torna um astro mundial. Você ajudou de alguma forma nessa produção?
Não ajudei. O roteiro foi escrito por um amigo meu, Richard Curtis, e ele me contou a ideia há um tempo. Eu pensei: "Não tenho certeza se isso vai funcionar". Disse para ele que a ideia parecia muito maluca. Mas vi o trailer esses dias e pareceu bom. Você viu o trailer?
Sim, pareceu bem divertido. E como seria um mundo sem Beatles, na vida real?
Seria um lugar muito triste.
Você diria que, sem os Beatles, a revolução cultural nos anos 1960 teria sido diferente?
Seria. Acho que sim, mas seria muito diferente porque os Beatles puseram muita gente para pensar nas questões da época, e muita gente que seguiu os Beatles se tornou parte daquela revolução. Mas sem os Beatles ainda teria acontecido, porque a época era a certa para algo acontecer.
Que livro mudou a sua vida?
Eu não sei. Eu gosto de Charles Dickens, e adoro seu livro "Nicholas Nickleby". Não diria que mudou minha vida, mas gosto. E também gosto da ficção científica escrita por Isaac Asimov "Fundação". Esses foram livros bem marcantes para mim.
Você continua vegetariano? Está otimista com a questão do meio ambiente?
Sim, continuo vegetariano, e sim, acho que é preciso estar otimista, mas há coisas que me deixam triste. Tanta gente no mundo quer salvar o planeta, tanta gente sensível, e muita gente jovem, porque é o futuro deles. Então, sim, eu quero salvar o planeta e essa é uma das coisas boas de ser vegetariano, isso ajuda a ecologia. Mas tem gente como Donald Trump, acho loucura o jeito que ele pensa. Acho que os cientistas estão corretos ao dizer que temos de fazer algo e eu tenho esperança que mais pessoas passem a pensar nisso. Em geral, sou otimista porque acho que tem muita gente inteligente no mundo e bem poucos idiotas, e eu acho que os inteligentes vão triunfar sobre os idiotas.
Alguns políticos no poder hoje no Brasil dizem que questões como aquecimento global não passam de invenções de comunistas para subjugar o capitalismo.
Exatamente. Muitos políticos têm dito que não é real, não é um problema. Mas os cientistas entendem mais disso do que políticos. Os políticos fazem isso por razões econômicas. Dizem que é OK fazer isso, OK fazer aquilo porque se eles tomarem decisões sensíveis pode ser mais difícil que eles se elejam. Então, dão apenas as respostas mais simples, mais fáceis, e infelizmente às vezes essas respostas são as erradas. Mas eu acho que as pessoas veem através disso e espero que até os políticos percebam que têm filhos e netos e, por isso, precisam cuidar do futuro deles.
Acha que o rock morreu?
Eu diria que ele está dormindo. Há muita coisa boa na música atual, assim como na antiga. Eu simplesmente gosto de boa música.
Você tem algum artista na sua playlist que mantém em segredo?
Haha, não, não tenho vergonha do que ouço. Não tenho prazeres proibidos escondidos.
O que você anda ouvindo?
Tenho uma jukebox cheia de velho rock’n'roll. Ali ouço Elvis, Little Richard, Chuck Berry e grandes cantores do passado. E ouço muito rádio, o que está tocando, como Rihanna, Foo Fighters e Beck. E também rap, gosto de Kendrick Lamar.
E Bob Dylan?
Sim. Ouço Dylan regularmente. Fui ver um show dele recentemente, em Nova York, com minha mulher. Ele é grande, é clássico.
Quando você faz um novo disco, está compondo para sua geração ou pensa nos jovens de hoje?
Eu não penso nisso. Eu só penso em fazer música para mim. Depois que me algo me satisfaz, penso se meus fãs vão gostar. Basicamente, é levar prazer a pessoas.
4 comentários:
Paul é fantástico mas essa música Back in Brazil é bem fraquinha.
Esse disco não me convenceu.
Gostei da entrevista de Macca.
Também gostei da entrevista
O pior disco da nova fase foi o Driving Rain quanto ao Egypt Station que grande disco! Faixas favoritas primeiro who Cares e segundo Nothing for free!
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