quarta-feira, 17 de janeiro de 2024

GEORGE HARRISON - GEORGE HARRISON 1979 ⭐⭐⭐⭐⭐⭐⭐⭐⭐⭐⭐⭐⭐⭐⭐⭐⭐⭐⭐⭐


A beleza de “George Harrison” não está apenas nas lindas fotos da capa e contra-capa feitas por Mike Salisbury nos jardins de Friar Park, mas em cada uma de suas apenas dez faixas. “George Harrison” foi antecipado pelo single "Blow Away", lançado em 16 de fevereiro de 1979 no Reino Unido e três dias depois nos Estados UnidosGeorge Harrison foi oficialmente lançado pela Dark Horse Records em 20 de fevereiro nos EUA e no Reino Unido em 23 de fevereiro. Pouco antes de seu lançamento, George, Olivia Arias e o fiel amigo Gary Wright compareceram ao Grande Prêmio do Brasil em São PauloComo o primeiro Beatle a visitar o Brasil, Harrison foi alvo de considerável atenção da mídia. Ele corrigiu a suposição de um jornalista de que todo o LP era sobre automobilismo, dizendo que apenas "Faster" era, embora tenha acrescentado que a letra era adequadamente "abstrata" e "poderia ser sobre qualquer pessoa... não apenas sobre carros e motores" (Nossa, como foram burros os jornalistas brasileiros...)O single “Blow Away” / “Soft Hearted Hana”, alcançou o número 51 nas paradas do Reino Unido, e 16 e 7, nos EUA e Canadá, respectivamente. George Harrison foi o oitavo álbum de estúdio de Harrison. Escrito e gravado durante grande parte de 1978, um período de contentamento doméstico para o ex-Beatle, durante o qual ele se casou com Olivia Arias e se tornou pai pela primeira vez do filho DhaniHarrison escreveu várias das músicas enquanto estava no Havaí, em 1978. Por ocasião do 40º aniversário de “George Harrison” em 2019, a Billboard descreveu-o como o "álbum mais pacífico" de Harrison, com canções que o mostravam "mais feliz do que nunca em anos", e onde a tranquilidade interior e esplendor exterior foram um e o mesmo.

O álbum também inclui os singles "Blow Away" e "Not Guilty", que Harrison gravou originalmente com os Beatles em 1968. Além de revisitar "Not Guilty", Harrison escreveu "Here Comes the Moon" como um sucessor lírico de sua composição de Abbey Road de 1969, "Here Comes the Sun". Tal como acontece com "Here Comes the Moon", sua inspiração para a letra de "Soft-Hearted Hana" foi uma experiência psicodélica com cogumelos que ele teve em Maui. O título da música faz referência ao padrão Tin Pan Alley "Hard Hearted Hannah" e à cidade de Hana em Maui. "Soft Touch" foi uma música que Harrison começou a escrever em março de 1976, enquanto estava de férias com Arias nas Ilhas Virgens. Harrison disse que a melodia se originou quando ele tocou a linha de trompas da faixa "Run of the Mill" de All Things Must Pass no violão, após o que ele procurou transmitir a atmosfera ao seu redor: "o vento, a brisa fresca soprando , as palmeiras, a lua nova nascendo". Mas havia muito mais em George Harrison 1979 como o sucesso "Love Comes to Everyone", as belíssimas "Dark Sweet Lady" e "Your Love Is Forever", e a animada "If You Believe", composta em parceria com Gary Wright.
No início de fevereiro de 1979, George Harrison foi o primeiro ex-Beatle a visitar o Brasil. Fã do automobilismo, tinha o costume de acompanhar corridas nos autódromos e era amigo de pilotos como James Hunt e Jackie Stewart. Mas ele tinha mesmo uma grande amizade com Emerson Fittipaldi, que o convidou para passar uns dias em sua casa de praia, no Guarujá, além de assistir à corrida em Interlagos, sétimo GP do Brasil de Fórmula 1. Durante sua pequena permanência no Brasil, Harrison deu várias e várias entrevistas. Este artigo que a gente confere agora, foi publicado na revista SOM TRÊS de setembro de 1979. É uma resenha do disco, assinada por Ana Maria Bahiana, absolutamente imperdível!
Nove anos de música na vida do jardineiro George
Há jardins na casa de George Harrison e de All Thing Must Pass. E nove anos separando um do outro. Na recente e curtíssima passagem pelo Brasil, George não falou em nenhum dos dois – embora, teoricamente, tenha vindo divulgar o segundo – mas do tempo dos jardins e dos Beatles. Havia uma sensação estranha em olhar aquele homem muito velho para seus 36 anos, muito sereno para quem viveu tudo que viveu: a sensação de que todos ali – jornalistas, fotógrafos, ele mesmo – estavam vivendo uma fantasia, uma trip, uma irrealidade, que estávamos todos representando uma entrevista com frieza e profissionalismo, porque não podia ser verdade. Não é mesmo, George Harrison realmente não existe, é uma imagem de celulóide, uma impressão numa folha de jornal, uma voz sem corpo numa caixa acústica.
Em algum ponto da entrevista você percebe que ele sabe disso. Que olha a si mesmo de fora, e sabe que não tem, na verdade, carreira nenhuma a manter, imagem nenhuma a cultivar, que já tinha provado tudo que precisava provar e deixado a si mesmo lá atrás, lá longe, como a casca de uma cigarra. E, no entanto, ele faz discos. Talvez porque tenha passado os últimos seis anos - espaço que separa seu derradeiro bom álbum. Living in the Material World, deste último George Harrison – caminhando para longe de si mesmo, do personagem que foi, ele tem feito em sua maioria discos ruins, monótonos, desleixados. E talvez porque tenha chegado ao ponto em que realmente, o que foi não importa, ele faz agora, um álbum magnífico em sua simplicidade, repleto de hits certeiros, como “Blow Away”, “Love Comes to Everyone”, “Here Comes The Moon”( a antítese de “Here Comes The Sun”) e canções belíssimas, continuadoras de uma linhagem inaugurada com “Something”, “Dark Sweet Lady”, “Your Love is Forever”, “Soft Touch”. Música comercial de primeira linha, como em síntese, os Beatles sempre fizeram. Executada com maestria de alguém que conhece todas as intimidades do estúdio, esse velho amigo. Há um ciclo se fechando entre Harrison e All Things Must Pass, o álbum triplo que está sendo relançado no Brasil. All Things é o primeiro passo fora, e por isso é raivoso, abundante, majestoso, jorrando como uma hemorragia – ou como uma dor de barriga, como, candidamente, o próprio George o comparou. É seu melhor disco, e um dos melhores discos feitos nos anos 70. Está repleto de clássicos – “If Not For You”, “Beware of Darkness”, “I’d Have You Anytime”, “Isn’t It a Pity”, “My Sweet Lord” – e com uma dinâmica diabólica em cada faixa – “What Is Life”, para citar o exemplo máximo. A guitarra não é genial, mas tem estilo, bom gosto, leveza. A voz é bruxulenta, mas George sabe como gravá-la e fazer dela a sua assinatura. George é, acima de tudo, inventor de melodias – e assim sobreviverá a si mesmo e será encontrado em plena forma, nove anos depois. Aí já é o fim de uma estrada, o começo de outra. Sentado sobre uma pedra, olhando para trás, pacificamente, e não mais no meio daquele descampado, os quatro anõezinhos caídos no chão, aquele olhar de “viram o que aconteceu?”. Todas as coisas devem passar. E George veio, George foi, George falou e parecia que não era ele, e talvez não fosse, mas isso já não faz diferença. George não tem nenhum motivo para fazer música, nem boa nem má, nem para ganhar dinheiro. Mas faz. Nada mau para um jardineiro. Ana Maria Bahiana.
Legal, né? Aqui a gente confere os vídeos dos sucessos "Blow Away" e "Faster". Por último, o álbum completo. Viva a Internet, Viva George Harrison. Hare Krishna.

3 comentários:

Edu disse...

All I got to do is to, to love you
All I got to be is be happy
All it's got to take is some warmth to make it
Blow away, blow away, blow away

All I got to do is to, to love you
All I got to be is be happy
All it's got to take is some warmth to make it
Blow away, blow away, blow away

Edu disse...

Como eu fiquei feliz com esse disco... putz! Talvez mais feliz do que quando saiu Cloud Nine!

Dani disse...

É um álbum bem bonitinho. Gosto muito. Eu lembro de ouvir muito em casa, relaxando, na companhia do meu saudoso amigo, Jimmy meu gato 🐱 ❤️❤️❤️❤️❤️