quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

JOHN LENNON - THE BEATLES - YER BLUES


"Yer Blues" é uma canção composta por John Lennon e lançada no álbum duplo “The Beatles”, o "Álbum Branco" de 1968. Lennon disse em uma das centenas de entrevistas à Rolling Stone, que usou o título sem nexo com a letra, como um mecanismo de defesa, assim se alguem criticasse a música ele poderia descrevê-la como uma paródia. Apesar disso, a letra é extremamente suicida e tem como referência a música “Ballad of a Thin Man” de Bob Dylan, que documenta batalhas psicológicas. Os trabalhos posteriores de Lennon como "Cold Turkey", mostram o aprendizado com gravações de voz que John adquiriu ao longo dos anos com Geoff Emmerick e George Martin. No "Anthology", Lennon declara “que a coisa mais engraçada sobre o retiro espiritual de Maharishi Mahesh Yogi, era que apesar de ser um lugar muito bonito e de meditar 8 horas por dia, eu estava escrevendo as coisas mais ordinárias e miseráveis do mundo. Em “Yer Blues” quando escrevi, ‘Estou tão sozinho e quero morrer’, era como me sentia”. Na letra ele lamenta que se sente só e quer morrer, que se sente igual ao “Mr. Jones” da canção de Bob Dylan e que nem o seu próprio “Rock and roll” lhe satisfaz mais. A maior causa dessa angústia era Yoko Ono, que apesar de ainda não ter tido uma relação com ele na época, regularmente escrevia da Inglaterra para a Índia.

Os Beatles gravaram uma versão acústica de “Yer Blues” em maio de 1968, na casa de George Harrison em Esher. Tirando a versão explosiva do estúdio, musicalmente a construção permaneceu igual. Os Beatles gravaram a canção numa saleta próxima ao Estúdio 2 do Abbey Road Studios por causa de um comentário sarcástico do engenheiro de som, Ken Scottt:“George veio com a idéia de gravar na sala de controle com o retorno estourando, para ter uma idéia de uma gravação ao vivo... Eu lembro que Lennon veio e queria fazer algo também, então eu disse: ‘Que diabos, do jeito que vocês vão indo, desistimos do estúdio e gravamos na salinha ao lado!’ A sala do lado era minúscula e não tinha nenhum tipo de isolamento acústico nas paredes. “Essa é uma ótima idéia!”, disse Lennon.

“Yer Blues” foi gravada nessa saleta com todos os Beatles e seus instrumentos e funcionou muito bem. As gravações começaram em 13 de agosto e eles fizeram 14 takes da base rítmica – bateria, baixo, guitarras e o vocal principal de Lennon. Após isso eles reduziram alguns takes para caber na mesa de 4 canais. Pela primeira vez numa sessão dos Beatles, a faixa foi editada diretamente, normalmente uma cópia da mixagem era editada e o original era guardado para eventuais problemas. O começo do take 17 foi colado no fim do take 16. Esse corte abrupto pode ser ouvido na marca de 3:16, e também é possível ouvir a voz guia de John cantando ao fundo. Por causa do estilo de gravação, é possível ouvir outros sons durante a música, como guias vocais, e um solo descartado durante a pausa instrumental. Em 14 de agosto, John gravou o vocal principal e em 20 de agosto, Ringo Starr teve a honra de gravar a contagem inicial. Ringo disse no Anthology:“...Éramos nós quatro dentro de uma caixa, uma sala minúscula e sem separações. Era aquele grupo juntos, como numa garagem, como um grunge dos anos 60, um grunge blues”. O estilo de gravação contribuiu para as idéias do projeto “Get Back,” que veio a se tornar mais tarde, “Let It Be”. O solo de guitarra é dividido em duas partes, a primeira de Lennon e a segunda de Harrison. Aqui, a gente confere “Yer Blues”, esse bluesão da pesada em três momentos: numa demo quase pronta com os Beatles, com “The Dirty Mac” no Rock And Roll Circus e a versão mais pesadíssima ainda no festival de Toronto. Mas é sempre bom lembrar: nenhuma supera a gravação original dos Beatles que foi para o álbum. A
bração!

2 comentários:

Valdir Junior disse...

Fundamental. Blues estridente e histérico. Não tem como não gostar. Até mesmo a versão acústica é de arrebentar o balão.

João Carlos disse...

Demais.