quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

THE BEATLES - DOCTOR ROBERT - 1966


Em suas visitas aos EUA, os Beatles ouviram falar de um médico chique de Nova York que dava injeções misteriosas "de vitaminas". Paul conta: "Nós ouvíamos pessoas dizendo 'você pode conseguir qualquer coisa com ele, o remédio que quiser'. Era uma grande pilantragem. A música era uma brincadeira em torno desse sujeito que curava todo mundo com remédios e tranquilizantes. Ele simplesmente mantinha Nova York chapada". O "Doctor Robert" era, possivelmente, o doutor Robert Freymann, um médico de 60 anos nascido na Alemanha com um consultório na Esat 78th Street. (O doutor Charles Roberts citado em alguns livros sobre os Beatles não existia. Era um pseudônimo usado pelo biógrafo Jean Stein para ocultar a identidade de outro "médico de anfetamina"). Conhecido como doutor Robert ou o "Great White Father" (tinha uma mecha de cabelo branco), Freymann era bem relacionado com a vibrante cena de arte da cidade. Ele tinha ajudado, entre outros, Thelhonius Monk e Charlie Parker (cuja certidão de óbito fora assinada por ele em 1955) e tinha a reputação de ser generoso com anfetaminas. "Tenho uma clientela impressionante, de todas as esferas", ele se gabava. "Provavelmente posso dar a você em dez minutos cem nomes de clientes famosos". John, que escreveu "Dr. Robert", estava entre esses nomes famosos, de acordo com a filha de Freymann.
Inicialmente prescritas como antidepressivos, as anfetaminas logo se tornaram uma droga recreativa para os nova-iorquinos modernos. Um antigo paciente do Dr. Freymann, citado no New York Times em 1973, declarou: "Se você quiser ter uma noitada, é só passar no Max (Dr. Max Jacobson), depois no Freymann e depois no Bishop (Dr. John Bishop). Era como ir de bar em bar". O diretor de cinema Joe Shumacher, que fazia uso de anfetaminas nos anos 60, concorda: "E nós achávamos que eram "injeções de vitamina". Ministrar anfetaminas não era ilegal na época, mas havia normas oficiais contra a prescrição de "quantidades excessivas". O Dr. Robert perdeu sua licença por seis meses em 1968 e, em 1975, foi expulso da Medical Society do estado de Nova York por imperícia. Quando o New York Times pediu em março de 1973, que ele defendesse seus atos, a resposta foi: "Os viciados mataram uma droga boa". Ele morreu em 1987.

Aqui, a gente confere o que diz Hunter Davies sobre "Dr. Robert" em seu livro "As Letras dos Beatles":
“A primeira música a falar abertamente sobre drogas. É bastante claro que o Dr. Robert fornecia substâncias numa xícara especial, para levantar o espírito - mas não precisavam ser drogas ilegais. O LSD - ou apenas ácido, como também era chamado - só se tornou ilegal em 1966 e, como as anfetaminas, era prescrito por médicos. Quase todos os especialistas em Beatles identificaram um conhecido médico da sociedade de Nova York chamado Robert Freymann que prescrevia drogas a pacientes famosos. Já eu acho mais provável que John tivesse em mente um jovem dentista londrino na moda. Foi num jantar particular na casa dele que John e George tiveram sua primeira viagem de LSD, em 1965 - depois que foi colocado em seu café escondido no açúcar. A referência à National Health na letra indica um cenário britânico. John mais tarde disse que ele próprio era o Dr. Robert, pois era o beatle que carregava os comprimidos nas turnês, nos primeiros anos. É uma música bem zombeteira sobre médicos da moda que fornecem qualquer coisa - mais um tema bastante incomum para uma canção pop. E é espirituosa. Há um refrão curto -“Well well' well, you’re feeling fine” [Bem, bem, bem, você está se sentindo legal”que eles cantam a várias vozes, soando como um coral natalino e brincando com a palavra well".

2 comentários:

Valdir Junior disse...

Psicodelia em preto e branco.

João Carlos disse...

Mais uma prova de que nessa época bastava um limão pra eles fazerem uma deliciosa limonada.