A resposta dependerá muito de até onde você quer chegar. Se for até as primeiras gravações reconhecidas como sendo "legítimas" canções de rock'n'roll, pode-se dizer que tudo teve início em meados da década de 1950, porém, mesmo assim há divergências. A maioria dos pesquisadores atribui tal honra a Bill Haley and His Comets, com “Rock Around the Clock”, lançada em 1955 e gravada no ano anterior. No entanto, o próprio Bill Haley já fizera sucesso, em 1953, com “Crazy Man, Crazy”, por muitos considerado como o primeiro rock'n'roll a chegar ao primeiro lugar nas paradas musicais.
Além disso, é impossível ignorar “Rocket 88”, uma canção gravada por Ike Turner and His Rhythm Kings em 1951 e lançada como sendo de "Jackie Brenston and His Delta Cats". Brenston, na verdade, era o saxofonista da banda e cantou apenas nessa gravação, mesmo assim o produtor Sam Phillips (o mesmo que alguns anos depois "descobriría" Elvis Presley) decidiu usar esse nome na capa do disco. Um ano antes, porém, Fats Domino já havia lançado com a batida que caracterizaria o novo ritmo. Mas não para por aí: em 1948, Wynonie Harris com seu dançante “Good Rockin Tonight”, Paul Bascomb e sua “Rock and Roll” (sim, era esse o nome!) e "Wild" Bill Moore com “We're Gonna Roll” eram exemplos de canções tão "rockers" quanto qualquer outra que Elvis, Bill Haley e tantos outros cantariam seis ou sete anos depois, isso sem contar que durante toda a década de 1940 o rhythm and blues (R&B) de artistas como Muddy Waters,The Dominoes, Jimmy Preston e "Big" Joe Turner, entre outros, já antecipava os acordes básicos do que seria chamado rock'n'roll na década seguinte. Não por acaso, os compositores favoritos de Joe Turner eram Jerry Leiber e Mike Stoller, que contribuíram para a história do rock com clássicos como Hound Dog, Stand by Me e Jailhouse Rock.
Os termos "rock" e "roll", usados no início do século pelos negros americanos para se referirem ao sexo (algo como o "rala e rola" de hoje) aparecem pela primeira vez em uma música gravada, com a cantora de blues Trixie Smith, Man Rocks Me One steady Roll), de 1922!
E os ingleses ainda poderíam
reivindicar o pioneirismo, se não do ritmo, pelo menos da rebeldia do rock,
através de Lonnie Donegan e dos grupos de skiffle, um estilo de jazz tocado com instrumentos
improvisados que dominava as ruas de Londres, Liverpool e Manchester no final
da década de 40 e meados dos 50. Um desses grupos, o The Quarrymen, tinha um
tal de John Lennon em sua formação. Mas essa já é uma versão mais difícil de
sustentar, assim como a de Chuck Berry, que reivindica para si a invenção do
rock'n'roll enquanto tentava compor uma música country, por volta de 1952.
Mas se você quer ir até as raízes mais profundas, pode chegar às lavouras de
algodão dos Estados Unidos, no século 19, onde escravos entoavam seus cânticos
de tristeza divididos em três sequências de quatro compassos, mais tarde
denominados "blues" e que deram origem ao jazz já nas primeiras
décadas do século 20. Daí até as pioneiras canções reconhecidas como
rock'n'roll, o caminho foi longo e tortuoso, mas, indiscutivelmente, recheado
de heróis anônimos. Historiadores que se embrenham nesse roteiro acabam por
encontrar novas versões para o mesmo fato: o de que ninguém criou o
rock'n'roll, ele se desenvolveu espontaneamente na jornada que fez cruzar as
estradas do blues e do jazz. Eventualmente, a country music pode der dado sua
contribuição, mas ela se embrenhou em um caminho próprio durante esse percurso. Junte a esse fervente caldeirão musical as condições sociais conflituosas do
pós-guerra. Jovens desempregados, americanos e ingleses, muitos vindos de
famílias desestruturadas e filhos de pais ainda abalados pela Segunda Grande
Guerra, viam nessa música uma válvula de escape para suas agonias. Mas o som
que embalaria essa moçada não era blues, nem jazz, nem country, e sim uma
versão acelerada que misturava esses ritmos, criando algo novo e fascinante. A
nova onda musical foi chamada de rockabilly e, depois, rock'n'roll.
A reação de horror e repulsa dos adultos ante às danças escandalosas e àquela música barulhenta foi um impulso extra para que adolescentes e jovens adultos rebeldes amassem ainda mais o rock'n'roll. É claro que a origem negra do ritmo (o racismo nos EUA não pode ser posto de lado nessa história) contribuiu para que muitas distorções fossem perpetuadas, inclusive a de que o rock tivesse sido inventado por Elvis ou Bill Haley. Ambos talentosos, sem dúvida, mas nem de longe os criadores do ritmo. Na verdade o R&B dos anos de 1940 era a mesma música, o problema é que não era feita de brancos... .
A partir da metade da década de 1950 o número de grupos e artistas que se autodenominavam como rockers passou a se multiplicar, bem como estilo ficar cada vez mais característico e diferenciado de suas matrizes. Não demorou para que o rock'n'roll dominasse as rádios e as paradas musicais. De 1955 a 1959, a participação do rock no mercado musical deu um salto da casa dos 15% para mais de 40%. No entanto, na virada da década, começou a perder força, muito por conta das gravadoras que preferiam artistas menos polêmicos e mais românticos (e mais vendedores, claro). A rebeldia perdia lugar para canções adocicadas. As jaquetas de couro eram trocadas por ternos e os topetes ficavam mais curtos. Até que, por volta de 1961 e 62, uma nova onda surgiria, com novos nomes e comportamentos, praticamente sepultando a primeira grande era do rock, mas não as influências. Fonte: Almanaque do Rock – alto astral editora.
2 comentários:
Eita...Rock and Roll na cabeça.
É mesmo controverso. A certeza mesmo é que veio do blues. Sempre aparece algo mais antigo. Andei pesquisando e achei o 1º single do Nat Kin Cole e mais atrás da Sister Tharpe.
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