terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

THE BEATLES - A CONQUISTA DO OESTE - PARTE 1




O dia 7 de fevereiro de 1964 é um dia histórico na carreira dos Beatles e da cultura pop! Embora a banda experimentasse uma popularidade enorme nas paradas britânicas no início de 1963, a gravadora norte-americana Capitol Records, subsidiária da EMI (em que o grupo estava contratado), negou produzir os compactos "Please Please Me" e "From Me to You", primeiro sucesso do grupo que alcançou primeiro lugar no Reino Unido. Se a produção acontecesse de primeiro momento, o grupo inglês arriscaria, na mesma época, sucesso nos EUA. A Vee-Jay Records, uma pequena gravadora de Chicago, lançou esses singles como parte de um negócio para os direitos de outro intérprete. Art Roberts, diretor musical da estação de rádio World's Largest Store (WLS) de Chicago, incluiu "Please Please Me" na rádio em fevereiro de 1963, provavelmente a primeira vez que foi ouvida uma canção dos Beatles no território americano, embora isso seja discutido; os direitos da Vee-Jay aos Beatles foram cancelados mais tarde por não pagamento de royaltys.
Em agosto de 1963, a Swan Records lançou "She Loves You", que também não foi executada nas rádios. Em 3 de janeiro de 1964, Jack Paar mostrou em seu programa uma apresentação de "She Loves You" gravada ao vivo na Inglaterra: foi a primeira aparição dos Beatles na televisão americana. Embora tivessem feito sucesso rapidamente na Inglaterra e sido igualmente bem sucedidos em alguns países europeus, os Beatles ainda não tinham conquistado o mercado norte-americano. Pensando em conquistar os Estados Unidos, Brian Epstein, no começo de novembro de 1963, procurou o presidente da gravadora Capitol Records para lançar um single com a canção "I Want To Hold Your Hand", e conseguiu firmar um contrato com um popular apresentador de televisão americano, Ed Sullivan, para que os Beatles fossem até lá se apresentarem em seu programa. Antes da Capitol, como já foi citado, algumas gravadoras já haviam lançado discos dos Beatles naquele país, como a Vee-Jay e a Swan, mas nenhum sucesso tinha sido obtido. Embora não houvesse grandes expectativas pela Capitol em relação aos Beatles, a CBS (canal de televisão americano) apresentou um documentário de cinco minutos sobre o fenômeno da beatlemania na Inglaterra, no programa CBS Evening News. A primeira demonstração desse pequeno documentário seria mostrada de manhã no CBS Morning News em 22 de novembro e uma reprise passaria na tarde do mesmo dia no CBS Evening News, mas a transmissão foi cancelada por conta do assassinato de John F. Kennedy naquele dia.
Diversas estações de rádio nova-iorquinas já começavam a tocar "I Want to Hold Your Hand" na sua programação. A resposta positiva para a gravação que havia começado em Washington duplicou em Nova Iorque e rapidamente se espalhou a outros mercados. A gravação vendeu um milhão de cópias em apenas dez dias, e a revista Cashbox certificou-a como número um. Era o momento dos Beatles irem aos Estados Unidos.
No começo de 1964, a Capitol decidiu fazer valer a pena os direitos que detinha do grupo nos Estados Unidos para coincidir com a primeira excursão da banda à América. Brian Epstein foi um dos grandes responsáveis pela data marcante. Indo a Nova Iorque, elaborou com a Capitol uma mídia enorme: foram colocados seis milhões de cartazes pelas ruas dos EUA com mensagens do tipo "Os Beatles Vem Aí"; todos os discotecários das rádios receberam discos dos Beatles; e foram distribuídos um milhão de jornais com quatro páginas contando a carreira do grupo. Essa elaboração de expectativa de que um grande grupo estaria vindo em direção foi a mais importante viagem na carreira dos quatro integrantes.
Em 7 de fevereiro de 1964, uma multidão de quatro mil fãs ingleses no Aeroporto Heathrow acenou para os "garotos de Liverpool", que partiam pela primeira vez aos Estados Unidos como um grupo. Estavam acompanhados por fotógrafos, jornalistas (incluindo Maureen Cleave, que realizou entrevistas com diversas personalidades famosas), e pelo produtor musical Phil Spector, que se tinha registrado no mesmo voo. Quando o voo 101 da PanAm tocou o solo do recém-nomeado Aeroporto JFK em Nova York, às 13h20 da tarde do dia 7 de fevereiro de 1964, uma grande multidão de pessoas se aglomeraram no local. Os Beatles foram saudados por cerca de três mil pessoas (estima-se que o aeroporto nunca tenha experimentado tal número). Após uma coletiva de imprensa, os Beatles partiram em limusines para a Nova Iorque. No caminho, McCartney ouviu o seguinte comentário corrente numa rádio local: "Eles [The Beatles] acabaram de deixar o aeroporto e estão próximos de Nova Iorque…" Quando alcançaram o Plaza Hotel, foram recepcionados por diversos fãs – a maioria garotas – e repórteres. Harrison teve uma febre de 39 ℃ no dia seguinte e teve que permanecer em repouso, de modo que Neil Aspinall o substituiu no primeiro ensaio da banda para a aparição deles no The Ed Sullivan Show. A persuasão de Epstein havia dado certo.
Os Beatles fariam sua primeira aparição ao vivo na televisão americana no The Ed Sullivan Show, em 9 de fevereiro de 1964. Aproximadamente 74 milhões de telespectadores – cerca da metade da população americana – assistiu o grupo tocar no programa.
Essa primeira visita dos Beatles aos Estados Unidos é um dos momentos fundamentais da história da banda e, mais amplamente, do rock mundial. A importância dessa visita é analisada por diversos ângulos através de muitos fatores, como, por exemplo, o fato de que, desde a década de 1960, os Estados Unidos já eram o maior mercado consumidor de discos do mundo; para Epstein e para o grupo, seria um prestígio começar a ser conhecido e bem vendido por lá, como era e ainda é natural nos dias de hoje.
A FAMOSA ENTREVISTA NO AEROPORTO
Fotógrafos a postos. Fãs histéricos. Jornalistas à beira de um ataque de nervos. Seguranças perdidos diante de uma multidão ensandecida. Assim foi a primeira entrevista dos Beatles em solo americano, no último dia 7. A banda já é número 1 na América. A coletiva de imprensa, realizada numa sala do Aeroporto John Fitzgerald Kennedy, em Nova York, já pode ser considerada um marco. Na chegada, John, Paul, George e Ringo foram ciceroneados pelo disc jockey Murray the K. O DJ estreitou laços com o grupo na Europa, alguns meses atrás, quando empresariou bandas que dividiam o palco com os próprios Beatles. Numa mistura de ingenuidade, bom humor e franqueza, os quatro garotos de Liverpool driblaram as mais diversas questões com a sempre afiada ironia inglesa.
O que vocês acham de Beethoven?
Ringo: Muito bom. Especialmente seus poemas (risos).

Murray the K: Tem uma pergunta aqui na frente.
Repórter: (gritando sobre a multidão) Vocês poderiam dizer a Murray the K para parar com essa frescura?
Beatles: (gritando e rindo ao mesmo tempo). Pare com essa frescura, Murray!
Paul: E aí, Murray? (risos)

Repórter: Isto é uma pergunta?
Murray the K: (tentando organizar a bagunça): Vocês ficariam quietos, por favor?!
Repórter: Em Detroit, existem pessoas carregando adesivos nos carros com os dizeres "Mandem os Beatles pra casa".
Paul: É verdade! Nós trouxemos um adesivo "Mande Detroit pra casa" (barulho da platéia na sala cresce).
Repórter: O que vocês têm a dizer sobre a campanha "Mandem os Beatles pra casa"?
John: O que temos a dizer?
Ringo: Qual o tamanho desses adesivos?
Repórter: E os comentários de que vocês não são nada além de uns Elvis do Reino Unido?
John: A pessoa que falou isso deve ser cega.
Ringo: (rebolando igual a Elvis) Isso não é verdade! Isso não é verdade!
John: (imita Elvis dançando) (riso geral)
Fã que invadiu a coletiva: Vocês cantariam alguma coisa, por favor?
Beatles: Não! (risos)
Ringo: Desculpe.
Murray the K: Próxima questão.
Repórter: Existem dúvidas se vocês são mesmo capazes de cantar.
John: Não, queremos o dinheiro primeiro (risos).
Repórter: Todo esse cabelo ajuda vocês na hora de cantar?
John: Claro que sim. Com certeza.
Repórter: Vocês se sentem como Sansões? Se perderem o cabelo, não conseguirão tocar?
John: Não sei.
Paul: Eu também não sei.
Murray the K: Tem uma questão aqui.
Repórter: Quantos de vocês são carecas? Vocês usam peruca?
Ringo: Todos nós somos.
Paul: Eu sou careca.
Repórter: De verdade?
John: Sim.
Paul: Só prometa que não vai contar a ninguém, por favor.
John: Carecas, surdos e burros também (risos).
Murray the K: Silêncio, por favor.
Repórter: Vocês são de verdade?
Paul: Somos sim.
John: Venha até aqui sentir (risos).
Repórter: Vocês irão cortar o cabelo no período em que passarem aqui?
Beatles: Não!
Ringo: Nem a pau.
Paul: Não, obrigado.
George: Eu cortei o meu ontem (risos).
Ringo: É verdade. Ele não está mentindo.
Paul: É a pura verdade.
Repórter: Pensei que o cabelo dele tinha caído.
George: Não perdi cabelo nenhum.
Ringo: Você deveria ter visto ele ontem.
Repórter: O que vocês acham que a música de vocês causa nestas pessoas (se referindo às fãs enlouquecidas no hall do aeroporto)?
Ringo: Eu não sei. Acho que ela as deixa alegres. Bom, deve ser isso mesmo, afinal elas estão comprando nossos discos.
Repórter: Por que elas ficam tão excitadas?
Paul: Não sabemos. De verdade.
John: Se soubéssemos, forjaríamos uma outra banda e seríamos seus empresários (risos).

O texto que a gente confere a seguir, é do livro "O Diário dos Beatles" de Barry Miles.
No dia 7 de fevereiro de 1964, os Beatles partiram no voo 101 da PanAm para Nova York, onde 5 mil fãs os esperavam no aeroporto JFK. A trupe era formada por Paul. Ringo, George, John e Cynthia, Neil Aspinall, Mal Evans, o relações-públicas Brian Sommerville, Brian Epstein, e o produtor musical Phil Spector que, aquela altura não tinha nada ainda com os Beatles. Os rapazes estavam, particularmente, calados. Ringo desabafou com George Harrison: "Eles já têm TUDO o que querem, será que vão NOS querer também?".
Dois dias antes, a primeira cópia da versão alemã das canções foi prensada. Não havia motivo para preocupação. Ed Sullivan já recebera 50 mil pedidos de ingressos para seu show, que só tinha 728 lugares disponíveis e vários fãs já os esperavam no aeroporto JFK desde a tarde anterior. O Boeing 707, que trazia os Beatles, aterrissou às 13h20 em um cenário jamais visto: um céu limpo de inverno, 5 mil fãs, na sua maioria colegiais que faltaram à escola, dispostas em quatro fileiras que lotavam o topo do terminal de desembarque, acenavam com faixas e cartazes com os dizeres "WE LOVE YOU BEATLES" e “BEATLES 4 EVER!”.
"Nunca presenciamos uma recepção como esta. Nunca!.. Nem mesmo para reis e rainhas." - Funcionário do aeroporto JFK.
Além das adolescentes histéricas, 200 repórteres e fotógrafos da rádio, da televisão, das revistas e dos jornais os esperavam. Os Beatles, primeiramente, pensaram que o avião do presidente estava prestes a pousar e, de repente, perceberam que na verdade todos esperavam por eles. Durante dias, as estações de rádio vinham incitando as fãs ao frenesi, até que Murray the K, da rádio 1010 WINS, divulgou os supostos detalhes sigilosos da companhia aérea: a hora de chegada e o número do voo. Informações que foram rapidamente transmitidas pelas concorrentes WABC e WMCA. Mais de 100 jornalistas, todos berrando ao mesmo tempo, os esperavam na saída do setor de imigração e os flashes eram tantos que os cegavam, "Então isto é a América... Todos aqui parecem completamente loucos", disse Ringo. - O cenário no Plaza, o mais luxuoso hotel de Nova York, era caótico: um cordão de policiais, junto com 20 guardas da polícia montada, continham centenas de fãs que cantavam continuamente, como uma espécie de mantra: "Nós os amamos Beatles, amamooooos sim! NÓS os amamos Beatles, até fim!"

Durante o ensaio para o show de Ed Sullivan, em Nova York, Neil Aspinall substituiu George, que estava de cama por causa de uma dor de garganta. intercalado com gritos de "WE WANT THE BEATLES!”. Naquela noite, vários convidados visitaram os rapazes na suíte presidencial, incluindo as Ronettes, o DJ Murray the K e a irmã de George, Louise, que morava em Illinois, mas fora até Nova York para vê-lo. Os Beatles deram uma entrevista por telefone a Brian Matthew, da BBC de Londres, que iria ao ar no dia seguinte, no Saturday Club. Em seguida, leram algumas das mensagens de suas fãs: 100 mil cartas os esperavam quando chegaram a Nova York.
DO AEROPORTO AO HOTEL PLAZA
Tom Wolfe escreveu sobre a chegada dos Beatles no New York Herald Tribune, em seu estilo característico, atento aos detalhes do evento:
"Os Beatles e sua comitiva, deixaram o aeroporto em quatro limusines cadillac, cada uma delas, rumo ao Plaza Hotel, em Manhattan. Logo, um grupo de cinco garotos em um Ford azul-claro pôs-se a segui-los na autoestrada e, conforme ultrapassavam cada um dos Beatles, um dos rapazes, debruçado na janela de trás, acenava com um cobertor vermelho. Em seguida, foi a vez de um conversível branco com a palavra BEETLES escrita na poeira, em ambos os lados do carro. Um carro de polícia, com a sirene tocando e as luzes de alerta ligadas, os seguia, mas os jovens, uma garota na direção e dois rapazes no banco traseiro, acenaram para cada um dos Beatles antes de saírem da estrada, enquanto os policiais gesticulavam. Mas o terceiro carro conseguiu acompanhar a banda por todo o caminho. Uma bela morena, que dizia chamar-se Caroline Reynolds, estudante do Wellesley College, em Connecticut, pagou uma fortuna a um motorista de táxi para seguir os Beatles até o centro da cidade. Ela passou por cada um dos Beatles, com um sorriso maroto, até que alcançou a 'limo' de George Harrison em um semáforo no cruzamento da Third Avenue com a 63rd Street. 'Como se faz para conhecer um Beatle?', perguntou a garota pela janela. 'Você diz 'oi", respondeu Harrison, também, pela janela. 'Oi!', disse ela, 'Oito estudantes de Wellesley estão vindo para cá'. Então, o semáforo abriu e os Beatles foram embora".
ENTREVISTA: BRIAN EPSTEIN - Fevereiro de 1964
O empresário dos Beatles conta como descobriu a banda e explica qual foi a transformação a que submeteu os rapazes para transformá-los em astros internacionais: 'Eles são muito inteligentes'. O empresário por trás do fenômeno: 'Trouxe elegância, habilidade organizacional e dinheiro para eles', diz Brian Epstein.
Epstein era o gerente da loja de discos North End Music Store (NEMS), em Whitechapel, Liverpool, quando um rapaz entrou e pediu um disco dos Beatles, em outubro de 1961. Ele não conhecia a banda, mas aquele nome ficou guardado em sua cabeça. Duas semanas depois, estava no Cavern, um pub sujo e apertado, para assistir a um show dos Beatles em plena hora do almoço. Brian ficou apaixonado pelo carisma dos rapazes e, então, tornou-se o empresário do grupo. Foi graças a ele que os Beatles começaram a se profissionalizar. Mudaram antigos hábitos, como o de comer e fumar no palco, e passaram a usar ternos – tudo com o dedo e a visão de Brian. Foi ele também o principal articulador da bem sucedida viagem dos Beatles aos Estados Unidos. Dos bastidores dos estúdios da CBS, rede de TV americana onde os Beatles se apresentaram, ele concedeu a seguinte entrevista:
Quando o senhor conheceu os Beatles?
Epstein – Foi em 1961. Era um sábado qualquer, no fim de outubro. Um garoto veio à minha loja e pediu um disco de um grupo chamado The Beatles. Sempre foi a nossa política considerar todo e qualquer pedido. Escrevi num bloco de anotações: "My Bonnie. The Beatles. Verificar na segunda-feira". Nunca tinha dado bola para nenhum grupo beat de Liverpool, na época tão populares nos clubes. Não faziam parte da minha vida, porque eu estava além da faixa etária do grupo, e também por estar sempre muito ocupado. O nome "Beatles" não significava nada para mim, se bem que eu lembrasse vagamente de tê-lo visto num cartaz de publicidade anunciando uma noite dançante no New Brighton Tower, e tinha achado a grafia esquisita e despropositada.
E depois disso, o que aconteceu?
Epstein – Na segunda-feira, antes mesmo de eu ter tempo de checar o pedido, duas garotas entraram na loja e pediram o mesmo disco. Muito se especulou sobre isso até agora, mas este foi o número total de pedidos do disco nessa época em Liverpool: três.
Foi o suficiente para o senhor se interessar pela banda?
Epstein – Para mim foi o bastante. Eu achei que era significativo: três pedidos de um disco desconhecido em dois dias. Havia alguma coisa aí. Na época, eu estava interessado no panorama musical de Liverpool. Cheguei até a escrever um artigo sobre isso para o Mersey Beat, um jornal quinzenal de música popular, fundado por Bill Harry, um estudante da escola de arte e amigo dos Beatles. Acho até que eles já tinham ouvido falar de mim.
E o que o senhor fez então?
Epstein – Fiz contatos e descobri o que não tinha percebido ainda: que os Beatles eram um grupo de Liverpool, que acabara de retornar do extremo quente, úmido e sujo de Hamburgo, onde haviam tocado em clubes barra-pesada. Aí uma garota que eu conhecia me disse: "Os Beatles? São o máximo. Estão no Cavern esta semana". Então fui lá conferir.
E como foi o encontro?
Epstein – Foi estranho no começo. Fui até o camarim improvisado e cumprimentei os rapazes. Eles foram educados, mas pouco receptivos. Acho que já sabiam do meu interesse em empresariá-los, mas não quiseram demonstrar que estavam interessados também. Ficaram na defensiva, mas eu sabia que eles estavam empolgados com a ideia.
O senhor então se tornou o empresário dos Beatles, e decidiu mudar a postura da banda. Como foi essa transformação?
Epstein – Acho que os tornei mais profissionais. Os Beatles são muito inteligentes, sagazes, mas não eram requintados. Trouxe isso para eles: elegância, habilidade organizacional e dinheiro. Primeiro, estimulei-os a tirar as jaquetas de couro e, então, proibi que aparecessem de jeans. Depois disso, fiz com que usassem suéteres no palco e, por fim, com muita relutância, ternos. Não tenho certeza, mas acho que o primeiro terno foi usado para uma transmissão ao vivo da BBC. Ah, e proibi que eles fumassem e bebessem no palco também, hábitos pouco condizentes para uma banda que busca o sucesso.
Como surgiu o seu interesse pela música beat?
Epstein – Meus pais eram proprietários de uma grande cadeia de lojas de móveis sediada em Liverpool. Portanto, desde criança, fui criado para administrar o negócio deles. Eu estudei na Academia Real de Arte Dramática e sabia que tinha que trabalhar em algo ligado ao meio artístico. Tornei-me gerente da NEMS e acabei transformando a rede de lojas de discos em uma das maiores do norte da Inglaterra. Há uns dois anos, mais ou menos, notei que houve um aumento muito grande na procura pela música beat, típica das bandas de Liverpool. Achei então que empresariar os Beatles seria um projeto interessante.
O senhor foi o principal responsável pela vinda dos Beatles aos EUA. Por que achava que ela seria tão importante assim?
Epstein – Sabia que os Estados Unidos podiam nos promover ou acabar conosco. Então, tivemos que montar uma grande estratégia para tornar os Beatles conhecidos na América, antes mesmo de eles chegarem. Fizemos uma campanha publicitária forte, nas lojas de discos e nas rádios dos EUA, puxada por um disco que acabou conquistando o gosto dos americanos. No fim das contas, acho que nossa vida vai mudar daqui para frente.
O senhor e John Lennon viajaram juntos para Espanha recentemente. Alguns jornais fizeram insinuações sobre algum envolvimento amoroso entre os dois. O que o senhor tem a dizer sobre isso?
Epstein – Nada. Não falo sobre esse assunto.
Para encerrar esta  parte 1, a gente fica exatamente com a primeira parte do documentário The First U.S. Visit (legendado). Espero que tenham gostado. Dia 9, não deixem de conferir a parte 2. Imperdível! Abração a todos!

19 comentários:

Edu disse...

Êita, canseira! Vou no bar tomar uma gelada em homenagem aos Beatles! Vamos?

henrique disse...

Tenho esse documentário. muito bom! Além de tudo ainda trás as antológicas apresentações no Ed Sullivan. Fico vendo essas imagens dos Beatles deslumbrados e deslumbrando a América,cara de meninos... e quem imaginava o que eles iriam cometer anos depois (sgt. Pepper, Abbey Road, Revolver etc...)??? Talvez nem eles mesmos.

Valdir Junior disse...

O Que falar depois desse post fundamental para entender muitos dos " Por Que " que existem até hoje !!
Parabéns Edu !!!Matou a Pau !!
Pode tomar essa gelada por minha conta !!!

Edu disse...

Thanks, doc! A casa agradece!

Fr.PE.. Domingos Felipe Santos - Teresópolis-RJ disse...

Essa primeira visita dos Beatles aos Estados Unidos é um dos momentos fundamentais da história do mundo e, mais amplamente, do rock mundial. A importância dessa ida aos EUA, foi analisada por diversos ângulos através de muitos fatores, como, por exemplo, o fato de que, desde a década de 1960, os Estados Unidos já eram o maior mercado consumidor de discos do mundo; para Epstein e para o grupo, seria um prestígio começar a ser conhecidos e bem vendidos por lá, como era e ainda é natural até os dias de hoje. Meus Parabéns! Vou me cadastrar e virar seguidor. Os Beatles só perdem para Jesus!

Bárbara Mesquita disse...

Quando abri o blog de manhãzinha e vi que não tinha post ainda, sabia que seria algo grandioso .. e realmente foi!! Parabéns Edu, seu blog é SENSACIONAL!!

Edu disse...

UAU!!! Bom demais! Bárbaro!

João Carlos disse...

Isso que se chama "matéria de fôlego. Estou lendo em doses!KKKK. Devagar prá não perder a linha!

Blog do Desembargador do Futuro disse...

Edu,é você mesmo que faz aqueles efeitos visuais nas fotos de abertura dos posts? Muito bacana, além da excelente consistência nas matérias. Muito bacana mesmo,parabéns,todos nós agradecemos pelos tópicos e acompanhamos com regularidade teu amor por esses caras que também é o mesmo amor que nós sentimos.

Edu disse...

Obrigado. É sim, desembargador do futuro. Dá uma trabalheira danada, mas no final, vale à pena. Né?

Leonardo Polaro disse...

Nota 10 !

Blog do Desembargador do Futuro disse...

Pô,com certeza!

Rita Azevedo disse...

Muito bom! Caro Edu, tenho uma curiosidade: quantos shows os Beatles fizeram pela america em toda sua carreira? Valeu!

Evelize Volpi disse...

Adoro ler sobre esse efeito dominó provocado pelos Beatles!Excelente postagem Edu!Adorei...e ler a entrevista então, também tenho em vídeo mais gosto muito da descontração, sarcasmo e carisma dos garotos de Liverppol.

Edu disse...

Thank you very much, folks! Isso é muito legal... depois de um trabalhão desses, saber que gostaram. Não deixem de conferir, amanhã 9/02, a 2ª parte do especial "THE BEATLES - A CONQUISTA DO OESTE". Absolutamente imperdível! Só não vou prometer a hora. Valeu!
Evelize: finalmente recebi meu pagamentinho somente hoje. Se tudo der certo, amanhã mesmo deixo nos Correios uma caixa amarela que dentro tem a caixinha com os EPs, uma camiseta do Baú (M) de quando completou 1 ano, um jogo de cartões postais com as melhores "capas" dos dois primeiros anos e um exemplar de "OS BARBUDÃO" - livrinho em quadrinhos que escrevi, desenhei, editei e publiquei em 2007. Ok? Abração!

Marco disse...

Valeu, Edu. Produção intensa e de qualidade. Isso é que é amor de verdade. Obrigado pela aula Beatles e parabéns.

Anônimo disse...

Oi Edu !
Mais uma vez, vc arrebentou !
Estou divulgando para minha filha e para uma amiga novinha, que também adora os Beatles !
Abraços,

Eduardo Sales
Barbacena-MG

Anônimo disse...

Edu, só mais uma observação: impressionante como os americanos, sempre metidos a besta, se curvaram aos Beatles ! Mesmo assim tentam sustentar até hoje, essa mentira de que o Elvis Presley vendeu mais discos que os " Fab Four " !
Abraços,

Eduardo Sales
Barbacena/MG

Lidiane Pessoa disse...

Oi Edu, tenho esse documentário, FIRST US VISIT, mas nele a entrevista não está completa como aparece aqui no começo do post. Esse texto foi de livro ou de algum vídeo? gostaria de saber... Beijo!